domingo, 28 de agosto de 2011

Que dehors c'est la guerre.


Alguém tem que fazer alguma coisa em relação à Lua, aquela bola branca esburacada. Essa mania que ela tem de aparecer quando quer me irrita de um tanto, que só ela me sabe.  Me sabe pouco e me enche o olho. Quando muito aparece provocante com fitas coloridas. De vez em quando traz um segredo que é só seu. Alguém, por favor, avisa pra Lua que ela não merece tanta atenção assim. Diz pra ela que meu coração não é de papel, muito menos feito da mesma matéria fria do seu corpo.... como ela é fria, tão distante, tão cheia de si, tão tudo, tão céu. Se ninguém disser nada pra ela, digo eu. 

ter alguém que te sabe











via L2 norte, pôr do sol.





terça-feira, 23 de agosto de 2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Repito sete vezes para dar sorte: 
que seja doce 
que seja doce 
que seja doce 
e assim por diante.

ando assim sozinha em Brasília
ando inundada de Brasília
ando com Brasília
no bolso
nos olhos
no rosto
nas mãos
no corpo
nos pés
no coração insolado
e por fim
adoro a estranheza que Brasília causa nas pessoas
adoro a riqueza que Brasília causa nas pessoas
em mim

eu te amo Brasília











A função da arte
Eduardo Galeano


Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.  Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. 
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. 
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: 

- Me ajuda a olhar!

Dando voltas e voltas e voltas


REVOLUTION from Bill Newsinger on Vimeo.

Silêncio, por favor. Posso ter sua atenção?

sábado, 13 de agosto de 2011

Eu Não Tenho Um Barco, disse a árvore


Deixa pra depois
O que já não precisa esperar
E tudo que não deu pra consertar
Por culpa do depois
Não tem jeito não
A gente sempre espera piorar
a gente sempre deixa de cuidar
do que já tem na mão
Mas é sem querer
Sem querer
Então, taí
nosso refrão
Taí
Deixa pra depois
O que já não precisa mais deixar
Mudando as mesmas coisas de lugar
A certa coisa certa a se fazer
E diz que só queria descansar
De quem a gente mesmo escolheu ser
sem querer
É sempre sem querer
Então, taí
nosso refrão
Taí
Sem graça
Então, taí
Pois então
Taí

sexta-feira, 12 de agosto de 2011


É uma vergonha o transporte público em Brasília, eu tenho VERGONHA. Quem mais tem vergonha? Parece que o governo não tem. Eu preciso ter vergonha? Eu acho uma perda tempo passar quatro cinco horas da minha vida dentro de um ônibus enquanto eu poderia tá fazendo algo produtivo. Acordo todos os dias exceto final de semana 4:30 da madrugada pra tentar conseguir chegar no Plano Piloto ás 8:00 da manhã. Hoje eu queria tanto ter chegado cedo à aula de dança, mas não deu. Não parava nenhum ônibus na minha parada. Todos que passavam estavam estúpidos de corpos amarrotados. Quando conseguir pegar um me aparece uma minhoca velha em desuso ENTUPIDA DE GENTE DE MEU DEUS. A minhoca não agüentou a subida do colorado e quebrou deixando umas duzentas pessoas na mão, justo hoje que era a aula da Sabrina. Queria morrer só de pensar em chegar atrasada... e cheguei. Não morri, mas queria quebrar um ônibus... Outro sufoco pra pegar outro ônibus e pego outra minhoca lenta. Assim que cheguei a Rodô eu corri tanto mais corri tanto que cheguei bufando na aula. PUTA QUE PARIU je deteste atrasos, ônibus sucateados, amarrotados, descaso.  Enfim, tenho vergonha de pegar ônibus em Brasília, vou ter vergonha quando a copa do mundo chegar no Brasil. Do jeito que tá não dá. 

saudade de tu
da tua geleia
da tua nutela

eu enquanto me aproprio de Camila
eu enquanto nada sei
eu enquanto não faço escolhas
eu enquanto dureza, pedra lascada
eu enquanto ouço a mesma música repetitivamente
eu enquanto espero, espero, espero o ônibus lotado do Arapongas
eu enquanto acordo cedo pra pegar novamente um ônibus lotado
eu enquanto amo cantora brasileiras
eu enquanto queria me casar com Pina Baush, Clarice Lispector, 
Cibelle, Adriana Calcanhotto, Thiago Pethi, Cícero...
eu enquanto queria me casar com Maria Bethânia, Chico Buarque
eu enquanto amo a lua, os ipês amarelos, rosas, brancos
eu enquanto quero sumir daqui
eu enquanto escrota
eu enquanto Clarice Lispector
eu enquanto perco meu tempo com coisas desimportantes
eu enquanto cretina
eu enquanto tenho um coração de manteiga
eu enquanto falo em fazer e não faço
eu enquanto me apaixono
eu enquanto não demonstro amor
eu enquanto grossa
eu enquanto amor
eu enquanto solidão
eu enquanto tristeza
eu enquanto capricorniana
eu enquanto não namoro ninguém
eu enquanto fico pra titia
eu enquanto me encorajo
eu enquanto tenho medo
eu enquanto atriz
eu enquanto me arrisco a dançar
eu enquanto queria tacar um foda-se em tudo e todos
eu enquanto queria ser escritora
eu enquanto não posso ser o que se espera
eu enquanto expectativas
eu enquanto conheci Nicolas Behr pela Camila
eu enquanto fico puta com a Camila
eu enquanto amo a Camila
eu enquanto não me dou bem com minha família
eu enquanto quero fugir de mim
eu enquanto não posso fugir de mim
eu enquanto não me movo de mim
eu enquanto vazio, silêncio, escarcéu
eu enquanto finjo não te querer mais
eu enquanto queria ser natureza
eu enquanto tenho medo do bicho homem
eu enquanto virgem
eu enquanto não me toco
eu enquanto tenho medo do futuro
eu enquanto não quero fazer nada
eu enquanto quero matar um
eu enquanto quero ser ácida como Hilda Hilist
eu enquanto socrática, existencialista, sonhadora, nada
eu enquanto quero ter dinheiro
eu enquanto quero dá uma vida melhor pra minha família
eu enquanto não tenho quarto, cama, sofá, luz
eu enquanto não quero nada dizer
eu enquanto não sei parar com isso
eu enquanto quero um amor de verdade
eu enquanto queria ter uma câmera fotográfica
eu enquanto vergonha
eu enquanto não acredito em mim
eu enquanto não acredito que tô fazendo isso
eu enquanto escrevo palavras tortas
eu enquanto erro conjugações, verbos, concordâncias
eu enquanto morro todos os dias um pouco
eu enquanto assimilo o mundo
eu enquanto tenho saudade
eu enquanto mãe da minha irmã
eu enquanto pago minhas contas
eu enquanto compro presentes
eu enquanto morro na praia
eu enquanto sou saudade de ilha
eu enquanto sou outras tantas em mim
eu enquanto não me reconheço e era isso que eu queria
eu enquanto tenho um desejo cravado na carne
eu enquanto sexo, seios, mulheres, homens, menstruações
eu enquanto quero fazer sexo
eu enquanto amo a alma e não o sexo
eu enquanto não tenho paciência
eu enquanto, enquanto ainda não tenho fim
eu enquanto piauiense, planaltinense, brasiliense, brasileira fudida, calanga do cerrado
eu enquanto faço longas viagens em pensamento
eu enquanto durmo no ônibus
eu enquanto punk da periferia, latina Americana Lusa em pó
eu enquanto filha, irmã, amiga, nada, bucólica
eu enquanto vadia
eu enquanto filha da mãe
eu enquanto filha da puta
eu enquanto tenho que dormir agora
eu enquando soy clandestina
eu enquanto vertigem, versos rasgados, promessa
eu enquanto pedaço
eu enquanto escrevo de noite
eu enquanto quero beijar
eu enquanto só quero beijar
eu enquanto chovo
eu enquanto avesso, transverso, gordura trans
eu enquanto poesia, música, teatro, cinema, arte de meandrar, efêmera
eu enquanto como gelo
eu enquanto não aguento mais
eu enquanto me reconstruo
eu enquanto, enquanto espero amor
eu enquanto itinerante, dormentes
eu enquanto vago
eu enquanto, enquanto
eu enquanto por enquanto  

segunda-feira, 1 de agosto de 2011