Olho cada rosto que passa por mim, cada cheiro que se aproxima antes mesmo de um alguém. Está tão frio. A chuva é tão serena e essa goteira do meu lado que insiste em cair cada vez mais. Parece um relógio marcando o tempo. Tempo que não sei. Tempo que chega a mim cada vez mais devagar. Passos apressados, sapatos, sandálias, pessoas baixas, altas num vai e vem. Muitas delas passaram por mim hoje e deixou um pouquinho do seu jeito de andar, o jeito de esperar bem ali perto do vagão. Uns tranqüilos, uns com um sorriso, outros batem os pés se remexem com descontrole que me pergunto por que tanta presa se aqui é um lugar de espera. Uns simplesmente dormem em cima de malas, em cima do ombro amigo como aquele que esta bem ali provavelmente sonhando. Gosto de esperar. Gosto de ficar aqui e observar, as coisas, as pessoas, seus olhares de alegria, de tédio, de ódio de esperar. Fico feliz que não estou parada no lugar errado. Estou parada agora no lugar certo de esperar. Eu deixo que as coisas simplesmente aconteçam. Até mesmo essa moça que passa por mim agora carregando esse pão doce. Parece ser tão bom daqui de longe. O cheiro é agradável. Procuro, espero, pergunto e não consigo encontrar um pão doce igual da mulher que passou por mim... Olha só que pés bonitos. Me chama atenção esse andar pra lá e pra cá quase que frenético. Eu acho que ele esta procurando algo. Que beleza peculiar. É porque seu nariz grande me chama a atenção. Não que eu ache feio, mas cabe tão bem com o formato quadrado de seu rosto. É bom olhar para ele, apesar da sua procura frenética. Mas, vai ser agora. Vou perguntar agora. – Você sabe que horas são? – Não tenho horas, mas você viu uma moça de vestido azul passar por aqui? – Não, eu não vi. (sai sem ouvir a resposta).
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