sábado, 13 de março de 2010

Silêncio

Vivo machucando-me em carne viva, exposta aos meus olhos, secreções escorrem lentamente, lentamente em minha pele enrugada, amarga, acabada... Dores já não fazem o mesmo efeito como no tempo em que parecia que eu iria morrer a qualquer momento. Agora são bem vindas, festejadas... aclamadas com ironia. Pode parecer que sou amarga, tempestuosa, mas não sou de todo mau só quando quero espantar meus temores pra bem longe do meu convívio. Até posso ser generosa... eu me suporto porque sou meu próprio fardo. Não se assustem com que vou dizer, mas não temo o fim que se aproxima a cada piscadela. Dizem que sou assim porque sofri muito, não fui amada por ninguém, não fui desejada, não aprendi amar e de fato nada disso me aconteceu. Não aconteceu porque não permiti sentir tais sentimentos humanos. Não gosto de ser humana... cometemos atrocidades... Agora apenas por um instante peço silêncio a vocês. Silêncio. Mas, não existe silêncio... Silêncio!...- Sua mente continua martelando, gritando? A minha também. Não existe silêncio...

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