Não quero ser a que ri mais alto
Ou a que nunca quer ficar só
Não quero ser a última a saber
Pois sou a única que nunca está em casa
O sol está me cegando
Virei a noite de novo
Estou segura
aqui em cima
Mas por que sinto que o carnaval acabou?
Não sinto dor
Aqui dentro
Não quero ser aquela que vai preencher o silêncio...
O silêncio me assusta porque diz a verdade.
A noite está chamando
E ela me pede baixinho pra brincar com ela
Estou caindo
E se eu me entregar, serei a única culpada
Descendo, descendo, descendo...
Girando, girando, girando...
Procuro por mim mesma estando
sóbria!
Já me ouvi chorar, dizendo "nunca mais"
Angustiada, tentando encontrar a saída...
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Consciência
E de tal modo nesta semana já havia acontecido o que quer que fosse, e de tal modo se haviam ligado aos elos invisíveis que, ao fim de sete dias, sucedera essa coisa de que inesperadamente se toma consciência: um passado.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Amarelo ipê
Brasília anda seca e os ipês amarelos florescem. É sol que queima a alma da mais profunda raiz. Seca a boca queima a pele. Sede. Umidade. Planalto. A cidade dos monumentos anda craquelada com sons do cerrado. Hoje, vi uma barriguda formosa com olhos grandes, caules imensos e folhas secas, rainha da quadra 410 norte.
Descobri que nessa quadra uma velhinha anda botando veneno nas paineiras. O que se passa nessa alma anciã? Cadê a sabedoria da idade? Matar as paineiras que fazem um falso inverno em mim. Ela acorda às seis da manhã pra botar veneno nas paineiras. A vizinhança indignada está na espreita da Cruela Devil da quadra 410 norte acordando mais cedo pra pega-la na boca da botija.
Brasília é um lugar curioso. Dizem que é uma cidade do distanciamento e da solidão. Feita de concreto, idealizada, arquitetada, planejada. Seus flamboyants, ipês, paineiras, cagaitas não são feitAs de concreto e distanciamento. Basta ver um ipê amarelo pro mais duro dos corações se encantar com a formosura do cerrado. Falando em cerrado dia 11 de setembro foi dia dele. Saudemos com louvor a nossa savana, saudemos também Ary Pára-Raios defensor do cerrado, do teatro de rua.
Chega o fim do dia minha pele tá mais seca que ontem, minha boca arde feito pimenta malagueta. Na lembrança do dia guardo na memória o ipê amarelo no eixão, a barriguda rainha e história bizarra na 410 norte. A seca que Brasília produz é amarelo ipê. Mesmo detestando o sol de rachar a pele fico feliz por poder ver tanta vida nessa seca doida. Meus olhos agradecem o amarelo que me faz esquecer a seca.
sábado, 11 de setembro de 2010
Nubes de sal y de hastío
Eu simplesmente não sei o que fazer. Não sei onde lançar pedras. Parece que o mês de Agosto incrustou na minha pele. Ah, que preguiça “dus” infernos. Sai já daqui. Não tenho achado mais sentido pra coisas que faço. Talvez a solução seja não querer sempre achar um sentido pra tudo. Qual a graça? Não quero parecer dramática nem esquizofrênica, mas tô me cansando. Particularmente, de tudo, incluindo pessoas e suas complicações. Se existe uma coisa que me cansa são pessoas. Não que eu queira me livrar delas, mas conviver com elas é uma tarefa arriscada. Até das pessoas que amo tô me desanimando. O que eu penso na verdade é que perdi minha coragem ou ela está de férias em El salvador. Isso é triste eu sei.
Pode ser contraditório, mas necessito de um amor. Mesmo fugindo de pessoas eu quero ser amada por elas. Meu coração é duro como uma pedra. Quando é lançado com força na parede ele se espatifa e fica vulnerável. Quero que um desconhecido chegue em minha vida repentinamente e me desatine, desembarace meu coração, o faça pulsar. Não. Faça-o pular como pipoca quente. Isso deve ser ego. Agora pouco tinha dito que tava desanimando de humanos e em menos de dois minutos já quero um amor.
Minhas inquietações internas não são nadas lineares. Sou uma estrada cheia de curvas imperfeitas, sou uma estranha no mundo, sou um bicho do mato, sou sozinha querendo um amor de verdade, sou fotografia velha, sou um fusca amarelo, sou, sou... Sou uma crise por dia. São elas que me fazem melhor. Chega a ser engraçado necessitar de uma crise por dia pra poder refletir melhor sobre mim e o sobre o mundo. Que coisa doida, hein. Sou estranha também. Sempre achei isso e não me constranjo. Gosto da minha estranheza. Isso me faz diferente das outras pessoas. Não no sentido de melhor, não é isso. É porque acredito que não existe ninguém igual a mim ou qualquer outra pessoa por ai afora, se bem que isso não é mistério alguma pra ninguém. Ah, nem sei o que eu tava pensando quando comecei isso. Apenas segui o fluxo de pensamentos desconexos e deu no que deu. Palavras ao vento.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
La môme
- A mais bela lembrança como mulher?
- O primeiro beijo.
- Ama a noite?
- Sim, com muitas luzes.
- E a madrugada?
- Com um piano e amigos.
- A noite?
- É que, para nós, é a madrugada.
- Se fosse dar um conselho a uma mulher... qual seria?
- Ame.
- A uma jovem?
- Ame.
- A uma criança?
- Ame.
- Pra quem faz tricô?
- Para quem quiser usar meu pulôver.
Não, eu não lamento nada (Non, Je Ne Regrette Rien, de Charles Dumont e Michel Vaucaire na voz de Edith Piaf)
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é indiferente.
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Está pago, varrido, esquecido
Dane-se o passado.
Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles.
Varri os amores
Com todos os seus tremores
Varridos para sempre
Vou recomeçar do zero.
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é indiferente.
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Pois minha vida, minhas alegrias hoje
Isso tudo começa com você.
- O primeiro beijo.
- Ama a noite?
- Sim, com muitas luzes.
- E a madrugada?
- Com um piano e amigos.
- A noite?
- É que, para nós, é a madrugada.
- Se fosse dar um conselho a uma mulher... qual seria?
- Ame.
- A uma jovem?
- Ame.
- A uma criança?
- Ame.
- Pra quem faz tricô?
- Para quem quiser usar meu pulôver.
Não, eu não lamento nada (Non, Je Ne Regrette Rien, de Charles Dumont e Michel Vaucaire na voz de Edith Piaf)
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é indiferente.
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Está pago, varrido, esquecido
Dane-se o passado.
Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles.
Varri os amores
Com todos os seus tremores
Varridos para sempre
Vou recomeçar do zero.
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é indiferente.
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Pois minha vida, minhas alegrias hoje
Isso tudo começa com você.
Marcadores:
Charles Dumont,
Edith Piaf,
Je Ne Regrette Rien,
La môme,
La vie en rose,
Marion Cotillard,
Michel Vaucaire,
Non,
Piaf Um hino ao amor
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Arvo Pärt, Spiegel im Spiegel
Smoke, Part 3/3: choreographed by Mats Ek, performed in 1995 by Sylvie Guillem and Niklas Ek. Music: Spiegel im Spiegel by Arvo Pärt.
Sou Alice e como cenouras vermelhas
Eu vejo olhares curiosos... Uma outra de mim nasceu ou despertou. Venho descobrindo outras em mim... tantas que me divirto com as possibilidades do eu que posso ser. Eu sou isso sou aquilo que meu querer quer. Então, eu quero fazer estrelinhas no corredor, vou lá e faço. Quero arrotar na roda, vou lá e faço, peço desculpa depois se preciso for... Como é bom fluir. Ter asas pra voar.
domingo, 5 de setembro de 2010
Não soltar os cavalos
Como em tudo, no escrever também tenho uma espécie de receio de ir longe demais. Que será isso? Por quê? Retenho-me, como se retivesse as rédeas de um cavalo que poderia galopar e me levar Deus sabe onde. Eu me guardo. Por que e para quê? para o que estou eu me poupando? Eu já tive clara consciência disso quando uma vez escrevi: "é preciso não ter medo de criar". Por que o medo? Medo de conhecer os limites de minha capacidade? ou medo do aprendiz de feiticeiro que não sabia como parar? Quem sabe, assim como uma mulher que se guarda intocada para dar-se um dia ao amor, talvez eu queira morrer toda inteira para que Deus me tenha toda.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
...
Eu espero... Espero Miguel chegar. Ele vai chegar com o próximo trem, mais precisamente daqui a cinco minutos se não acontecer nenhum imprevisto com sua chegada. Você me permite falar um pouco de Miguel? Por favor, prometo ser breve. Mas, aviso que o farei com palavras as quais não me são familiares. Por isso serão precárias.
Amo tanto Miguel que não posso ser uma simples espectadora de sua vida, mas parte dela. Por isso, talvez exagere o que há de positivo em sua personalidade singular, tentando minimizar o que possa magoá-lo, ainda que remotamente.
Miguel é um menino grande, imenso, de rosto bondoso e olhar meio tristonho, cabelos quase que castanhos escuros puxando para um caramelo queimado, tão finos e delicados que parecem flutuar no ar. Seus olhos saltados, escuros, grandes e muito inteligentes, são como um mar profundo. Parecem olhos de sapo, mais separados entre si do que outros... Só muito raramente um sorriso irônico e doce, floração de sua imagem, desaparece de sua boca de lábios grossos. Sua pele é clara como algodão doce. Apenas seus pés e mãos são mais escuros, porque dourados pelo sol.
Seus ombros largos, arredondados, transformam-se em braços femininos, sem angulações, por fim chegando a mãos maravilhosas, pequenas e desenhadas. Elas são sensíveis e sutis.
Quanto a seu peito, eu diria que, é fortaleza de um guerreiro, mas ainda assim, possui uma delicadeza em seu busto. Sua virilidade estranha e peculiar também o torna desejável, para meu desgosto, confesso.
Sua barriga, macia e suave, é como uma esfera apoiada sobre suas pernas fortes e belas, semelhantes a pilastras. Estas terminam em pés grandes, que se abrem para fora num ângulo obtuso.
Ele dorme em posição fetal e, durante o dia, desloca-se com lentidão elegante, como se vivesse num meio líquido. Para a sensibilidade que se expressa em seus movimentos, é como se o ar fosse mais denso do que a água.
A forma de Miguel é de um monstro amado. Eu gostaria de tê-lo sempre em meus braços, como um bebê recém-nascido: eu, a sua substancia necessária.
Não descreverei a personalidade fantástica de Miguel, a quem respeito profundamente, dizendo tolices sobre sua vida. Ao contrario, gostaria de expressar o que ele realmente é. A personalidade singular de Miguel é tão vasta e complexa, que minhas observações talvez não sejam suficientes. Porém, há três direções ou linhas que considero básicas em seu perfil primeiro, ele é inabalável, dinâmico, extraordinariamente sensível e vital, com um conhecimento equiparável ao de poucos homens; é um fantástico entusiasta da vida e, ao mesmo tempo, esta sempre infeliz por não ter podido aprender mais. Segundo, ele é curioso. E terceiro, tem uma absoluta falta de preconceito.
Miguel é eternamente curioso e, ao mesmo tempo, um eterno conversador. Fala e discute tudo, absolutamente tudo. Sua conversa é sempre interessante. Ele diz frases que surpreendem- ás vezes magoam, outras, comovem. Suas palavras podem me deixar tremendamente embaraçada, porque são vivas e verdadeiras.
De minha atitude neste retrato de Miguel podem-se inferir muitas coisas, dependendo de quem as infira; mas minha verdade, a única que posso dar a respeito de Miguel, foram ditas nestas breves palavras... Cabe-me ainda, dizer que Euteamo Miguel como nunca amei. Euteamo quantas vezes for sentido e só nesse motivo é que te amarei. Mas, isso vou dizer a ele assim que ele cruzar o meu olhar, precisamente daqui cinco a minutos de acordo com meus cálculos, claro, contando com os possíveis atrasos do trem.
Assinar:
Postagens (Atom)