segunda-feira, 29 de novembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
Sobre a solidão (a minha)
A solidão anda de mãos dadas comigo.
E foi com ela que caminhei nessa tarde de domingo... O vento trouxe a certeza que ela é parte do que sou, solidão.
Qual é o seu mistério? Porque você insiste em bater na minha porta? Porque não cria asas?
Rurururururururururu (me diz você senhora coruja, quem é mais solitária, eu ou você?)
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Lembrar-se
"Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de "memória", como se eu nunca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva."
C. Lispector no livro de crônicas "Para não Esquecer". Rocco. p. 24
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
É com uma escola de samba batucando dentro do peito
Dançar é quando sua perna recebe um milhão de choques. Ontem, dancei, pulei, me diverti apenas dançando, ás vezes sozinha, outras acompanhada pela multidão. Isso me faz lembrar o quanto gosto de dançar. É um momento em que o coração se faz de liquidificador e a perna treme. Percebi que mais danço do que falo... Falar é quando as palavras não cabem mais no estômago.
Fiz a prova do IFB pra dança, vamos ver se eu consigo passar, mesmo não sabendo nada de dança. A prova não tava difícil, mas como não estudo questões de vestibular desde que passei na UNB, muitas coisas eu tinha esquecido. Pra quê quero saber de logaratimos se posso dançar? kkkk
Reencontrei uma abelhinha ainda mais linda e distante. Distância é quando o corpo precisa ou não de tempo, não necessariamente essa definição pra esse caso... Bobo que sou, apenas disse: Oi, tudo bem? É. Duas frases curtas. Então, dancei pra não ficar com vergonha do que eu tinha feito a três ou duas semanas atrás.
Eita, final de semana bom da peste...
sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Ela achava o mundo do lado de fora era um pouquinho complicado. Então tentava simplificar o mundo dentro da sua cabeça.
- Você é rei?
- É.
- Então, você é rei e resolve tudo?
- É.
- Então, você resolve esse negócio solidão?
- Ela quer saber se você afasta toda a solidão que existe.
- Eu tenho um escudo anti-solidão que afasta toda tristeza. É bastante grande pra todo mundo.
- Uau.
- Como é que é isso?
- Eu faço isso com a solidão.
- Eu sabia, eu soube na hora que te vi. Porque que vocês nunca me escutam, hein? Ele é rei que afasta toda a tristeza.
- Eu não entendo? Ele não parece ser rei. Se ele pode ser rei eu posso ser...
- Shiu! Fica quieta.
- Você era rei lá de onde veio?
- É, por 100 anos.
- Incrível.
- Uau, parece que achamos um novo rei. Você não é o nosso rei?
- É... é eu sou.
- Ai, tô tão aliviada que você vai afastar toda a solidão.
- É.
- Então, você é rei e resolve tudo?
- É.
- Então, você resolve esse negócio solidão?
- Ela quer saber se você afasta toda a solidão que existe.
- Eu tenho um escudo anti-solidão que afasta toda tristeza. É bastante grande pra todo mundo.
- Uau.
- Como é que é isso?
- Eu faço isso com a solidão.
- Eu sabia, eu soube na hora que te vi. Porque que vocês nunca me escutam, hein? Ele é rei que afasta toda a tristeza.
- Eu não entendo? Ele não parece ser rei. Se ele pode ser rei eu posso ser...
- Shiu! Fica quieta.
- Você era rei lá de onde veio?
- É, por 100 anos.
- Incrível.
- Uau, parece que achamos um novo rei. Você não é o nosso rei?
- É... é eu sou.
- Ai, tô tão aliviada que você vai afastar toda a solidão.
Solidão é uma ilha com saudade de barco...
Ela se espanta. Ela dorme com o barulho do vento que bate na janela do seu quarto. Ela sonha...
- Deixa eu te ninar?
domingo, 14 de novembro de 2010
Clarice-me
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.
Caio-me
Caio Fernando Abreu
Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Da janela
Te procurei tanto, e me perdi tantas vezes no caminho. Tive medo quando menino. Naquele tempo, você era brincadeira de domingo. Disse que queria fugir de tudo, de todos; queria que ninguém mais visse, que ninguém mais olhasse para você. Deixe, então, que eu passeio no seu jardim, como antes? De noite. Preciso ver as estrelas. Preciso ver seus olhos de menina. Posso ir com você! Ainda agora, eu me lembrei das estrelas que existem ou existiram. Há muito tempo que não pensava nelas. Eram lindas, não eram? Se eu a visse agora, não me esqueceria nunca mais. A ausência já me dá náuseas, já me enjoa o estômago. Se você soubesse a saudade que eu sinto do seu rosto. Poderia ficar te olhando, até me fartar; e acho que não me fartaria nunca. Não posso viver mais sem você, não quero. Sem você que não vejo há muito tempo, que é tão desconhecida... as estrelas fugiram...
domingo, 7 de novembro de 2010
No elevador do filho de Deus
De Elisa Lucinda
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas
Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento
Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!
Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas
Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento
Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!
Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Perereca não é éca
Pequei no sono Uma perereca pulou no meu baú Saltei feito atleta Gritei de medo A luz denunciou à invasora Mexi remexi o baú Encontrei uma caixa velha Com ninho de coisas Lesmas brancas Cupins estão assaltando meu baú A dona perereca salvou minhas memórias
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Das coisas desimportantes
Penso que quando criança fui uma arteira,
fui outras tantas travessuras.
Era cagaita solta no cerrado, buriti amarelo.
Fui dada a recreios, piqueniques com formigas
caranguejeiras, saúvas.
Era filha do vento. Ele me entregava as suas
correntes. Era comprometida com árvores de
longo porte. Aquelas mais vistosas de galhos fortes.
Sempre de mãos dadas com tempo,
fazia dele meu amigo do não passa o tempo.
Qualquer momento era hora pra fazer coisas e etceteras.
Coisas, tipo: bolinhas de meleca do nariz na parede.
Minha parede era colorida de orvalho seco.
Penso que quando criança fui dada ao tempo
das coisas desimportantes.
O poço
Entregar-se. Carne e alma. Saltam aos olhos o quente, o vermelho, o sangue. Meu peito arde. Minhas costas ardem. Minha boca, coxa. Meu desejo grita. Reverbera. Pede. Implora. Suplica. Sacrifica. Medo. Tenho medo de mim. Tenho um desejo cravado na carne. Pecado. Provoco sensações perigosas. Vergonha. Nudez da carne. Entrega. Piedade? O que é isso? Isso que grita e come a pele. Já não tenho mais nada a oferecer além do meu pó. És misericordioso?
...
...
...
Não é nada fácil fazer isso. Expor minha carne em um prato. Sinto que a qualquer momento o desejo vai saltar pra fora. É isso que tenho medo... do que é escondido, silenciado na carne. Meu peito queima. Aqui. Bem aqui. Ás vezes sinto que vou explodir. Tenho medo do que está aqui dentro. Tenho medo do silêncio que grita. Tenho vergonha.
Tira isso de mim. Tira isso de mim. Tira isso de mim. Tira isso de mim. Tira isso de mim.
Caixa Vazia
De repente esse lugar é só nosso. As paredes denunciam nossa presença. Olha quanta coisa nossa envelhecida pelo tempo. Nossa roupa de carnaval não cabe mais em nossos corpos. Não reconheço mais seu corpo, suas mãos já não são mais quentes. Coloca uma música? Essa mesmo. Não aumente o volume! Que mania de querer preencher o silêncio. Abaixa! É só pra eu e você escutar... Lembra do nosso primeiro carnaval? Esse foi o melhor carnaval das nossas vidas... Abaixa tá auto demais! Cuidado com essa radiola você vai quebrar a agulha. Volta àquela música. Não aumenta... Os remédios acabaram. São apenas caixas vazias... Senta comigo? É pequeno o sofá... Aonde você vai? Me lembrei que nunca gostei de carnaval. É felicidade forjada. De repente todo mundo é feliz no carnaval... Que barulho é esse? Pára. Pára com esse barulho. Pára.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
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