terça-feira, 31 de maio de 2011

Eis a Marcha da Liberdade



Eis a Marcha da Liberdade. Para todas as pessoas que não calam e que ainda acreditam na liberdade de expressão. Para todos os movimentos sociais, por moradia, por terra e por uma vida melhor. Contra o racismo, contra a homofobia. Para todas associações de bairros, partidos, anarcos, usuários, oprimidos em geral. Ligas, correntes, grupos de teatro, dança, vagabundos, grafiteiros, operários, feministas, coletivos sonoros, vítimas de enchentes, corjas de maltrapilhos e outros afins.

Para todos aqueles que condenam a brutalidade. Todas organizações, coletivos, blocos, bandos bandas que não calam diante da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza.

Todos e todas que não suportam mais violência policial repressiva. Que não aguentam mais a caretice proibicionista que proíbe atos, festas e boemias. Que constrói rampas anti-mendingos. Que patrocina uma polícia assassina e violenta.

Que tenta calar a marcha da maconha e não coíbe os skinheads, nazistas de continuarem a agredir LGBTs, nordestinos, pretos e outras maiorias.

Que reprime trabalhadores e professores. Que aumenta o valor do transporte público. Contra a ditadura demotucana, democratizadora da infelicidade e do caos. Vinte anos no poder, sessenta anos de cacetete e bala. Basta!

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." - Cecília Meireles

FAÇA VALER SUA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Devo me atirar, definitivamente.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Domingo cinzento de uma data sem importância. Fevereiro parecia um clarão em sua memória. Ela sabia o porquê de tamanha inquietação. Fevereiro lhe causa uma saudade jamais sentida.
Como de costume acordou cedo. Ouviu suas canções favoritas como se fosse um disco arranhado. Arrumou com detalhes sua cama velha. Olhou-se no espelho e viu o que uma vida podia causar em uma pessoa. Não quis pensar muito, enfiou seu rosto na pia cheia d’água. Queria por instante não pensar em nada que lhe causasse desconforto matinal.
Em detalhes pequenos ela tinha olhos pretos como jabuticabas. Um sorriso largo com lábios tão vermelhos que parecia passar batom todos os dias. Seu cabelo curto lhe causa uma estranha beleza. Falo de uma estranha beleza que aos meus olhos é mais bonito do que uma beleza comum. Suas mãos eram pequenas e desajeitadas. Não tinha domínio do que segurava em suas pequenas mãos. Nos seu lábio inferior podia se avistar uma pequena pinta. Só podia ser vista de perto.   
Morava numa casa pequena a sombra de uma árvore grande. Sua casa era um labirinto onde escondia seus mistérios.  Ela gostava de uma solidão de ilha. Nas suas noites, sempre em companhia de uma música, comia o silêncio e escrevi uns versos. Quando criança sonhava em ser escritora. Mas todos os versos soltos que escrevi rasgava com nenhum sentimento de culpa. Ela era ao oposto do que se espera. Habitava um mundo paralelo.  
Antes de continua essa história, se é que isso vai se tornar uma, advirto que não levarei a serio essa escrita absurda. Falo porque não estou levando isso com uma responsabilidade digna. Não me responsabilizo pelo risco do que está sendo escrito aqui.  Pensei em começar contando sobre uma personagem, como fiz, mas estou achando um saco e muito precário. Inventar uma história do nada, um texto que talvez seja batido. Não sei se vou continuar inventando essa menina de lábios vermelhos. Talvez nas próximas linhas eu mude na tentativa de lhe dar uma vida mais agitada ou outra coisa mais interessante. Tudo aqui é precário e sem intenção. Um ensaio monótono. Dado essas notas, ainda advirto, que as próximas linhas que se seguirão, desse surto, não serão de modo algum arquitetado, planejado. Se algum dia alguém ler isso a culpa não será minha.
Pensando nessa menina não quero que ela se chame (...). Ainda não sei se quero esse nome, por motivo que não preciso escrever aqui, e que não terá a mínima relevância nesse momento. Vou começar de novo.
Seus dias de trabalho eram como uma morte diária – talvez ela seja funcionária pública de merda, vou pensar nessa possibilidade...
Ler era sua urgência diária. No trem lotado lia seus livros. Bebia Clarice Lispector em viagens metropolitanas. Não sentia vertigem, com o tempo adquiriu uma técnica de leitura para metros, ônibus, até para carros. Ganhava experiência em eixos. 
Foi no metro que conheceu Virginia Woolf. Umas das suas escritoras preferidas. Nos intervalos do almoço do trabalho ela comia contos, versos, poemas de Vinicius de Moraes.
Sinto informar que não sou uma escritora. Isso é absurdo. Não estou aqui para desenvolver nada. Não tenho compromisso.

Eu estou sentindo que devo mudar essa história enquanto tenho tempo. Os primeiros parágrafos são mais interessantes, eu acho, tirando os que eu apareço justificando a minha incapacidade. Queria desenvolver melhor essa ideia de beleza estranha. Não sei por que estou fazendo isso.
Escrevendo eu posso ser maior do que sou. Ela que ainda não tem nome, identidade, história, pode ser maior do que eu. Vamos lá em mais uma tentativa esquizofrênica.
Ela olhava uma noite enluarada de um dia qualquer “sem importância” e pensava silenciosamente – quando olho pela janela do meu quarto eu vejo um retrato perdido...
É melhor eu parar por aqui em quanto possuo dignidade e sanidade...

domingo, 22 de maio de 2011

Um Ensaio Repetitivo e Monótono




Quero ser Tropical Punk.

Punk da Periferia


Das feridas que a pobreza cria
Sou o pus
Sou o que de resto restaria
Aos urubus
Pus por isso mesmo este blusão carniça
Fiz no rosto este make-up pó caliça
Quis trazer assim nossa desgraça à luz

Sou um punk da periferia
Sou da Freguesia do Ó
Ó
Ó, aqui pra vocês!
Sou da Freguesia

Ter cabelo tipo índio moicano
Me apraz
Saber que entraremos pelo cano
Satisfaz
Vós tereis um padre pra rezar a missa
Dez minutos antes de virar fumaça
Nós ocuparemos a Praça da Paz

Sou um punk da periferia
Sou da Freguesia do Ó
Ó
Ó, aqui pra vocês!
Sou da Freguesia

Curto lixo, eu...transo porcaria
Tenho dó
Da esperança vã da minha tia
Da vovó
Esgotados os poderes da ciência
Esgotada toda a nossa paciência
Eis que esta cidade é um esgoto só

Sou um punk da periferia
Sou da Freguesia do Ó
Ó
Ó, aqui pra vocês!
Sou da Freguesia

é doce a brisa do mar.



quinta-feira, 19 de maio de 2011

Menina que não dorme 8 horas por noite fica burra. Eu queria apagar da minha memória certas coisas, se bem, que minha memória anda desaparecendo drasticamente. Ando abraçando o mundo com meus pequenos braços, porém, tenho que parar e reconhecer que não posso fazer tudo ao mesmo tempo. Sabe quando você não consegue fazer raciocínios complexos? Sou eu. Ando tão cansada que meu corpo fala baixinho: - Calma, respire. 
Acho que essa perda de memória seja a ação do tempo no meu corpo. O senhor tempo que me devora... Pegar sete matérias, mais projeto de pesquisa, mais montagem de um espetáculo, curso e blá blá blá está me fazendo perder neurônios mais rapidamente e, sinto que grande parte do conhecimento que venho adquirido está indo pra minha memória curta. Basta um sono de 3 horas numa noite pra tudo se perder em minha zona cinza...
Ando com um broche pendura na mochila escrito: “PERCA TEMPO Pergunte-me como?” Internamente eu sei como fazer isso (SERÁ?), mas na prática o buraco é mais embaixo. 

terça-feira, 17 de maio de 2011

alma nao tem sexo, quem tem sexo é o corpo. um vem com buraco, outro vem com pendurado. alma se apaixona por alma, corpo independe. simples

Experiência com Cibelle



Dia quatorze de maio de dois mil e onze é um dia que ficou registrado no meu coração, na minha alma, no meu corpo. O show “experiência” com a Cibelle, ainda reverbera em meus átomos. Em lembrar aquela noite sinto meu corpo livre, entregue a múltiplas sensações. “Vem que o mundo é bom... não têm medo não.”.Entreguei-me ao um gozo sem sexo, um gozo pleno experimental. “Sexo. Afago. Kamikaze”.

Se eu senti tudo isso, não consigo entender como o público blasé de Brasília não se sentiu tocado de alguma forma com a experiência “diferenciada” com a Cibelle. Digo por mim e por mais algumas pessoas que estavam comigo naquele quatorze de maio, impossível não sair sensibilizado do show “experiência” com a Cibelle, a mulher selvagem que me apaixonei. E sem moralismos, me apaixonei pela essência psicodélica de La Sonja, a criatividade, irreverência, beleza, voz..

Enquanto cada centímetro do meu corpo flua e dançava no terreiro os blasés pebas de Brasília faziam poses “eu sou cuts”. Observam apáticos, passivos. Incomodo-me muito com o público cultural de Brasília, eles são caretas demais pra gritar um GOSTOSAAA como eu fiz a Cibelle. E ela retribui dizendo: “gostosa é você”. Tudo bem ela não saber quem sou, mas o que vale é atenção, a troca com o público. Sério morri nessa experiência orgástica sem sexo, sem nexo experimental musical.

Música é algo que me movimento por inteira, alma/mente e corpo. E foi isso que a mulher raio, mistura de Maria Bethânia com Björk e Lady GaGa me proporcionou. Por isso, vivenciei uma experiência com a Cibelle, não fui ao um show musical. Senti-me provocada, me inquietei demais pra não sentir nada.

Penso que deve ser extremamente frustrante para um artista mover todos os esforços pra provocar seu público e, eles uma cara só de carne apáticos. Pra mim é questão de sentir ou não sentir. Só tenho que agradecer a Cibelle, La Sonja pela experiência psicodélico-orgástica que me proporcionou num quatorze de maio de dois mil e onze. Agradecer pela plenitude que senti. Diga-me mulher que energia você tem pra me tocar assim? Sua lindaaaaaaaaaa.   

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A pele e fogo

De tanto pisar em brasas e tentar não sentir dor, comecei a entender que só a dor revela o nível de sensibilidade e o quão fina ou grossa é conservada a textura da pele, a ponto de levar aos urros ou à sensação de flutuar sobre os restos de fogo.

Se eu consegui atravessar as brasas? Não é esse o ponto interessante de se pensar a vida como a intensidade daquilo que queima. O que balança o raciocínio é justamente a contraversão de sentir ou não sentir: a brasa, a brisa, o fogo, a vida.

O que faz da pele menos tátil? O que faz o tato aguçar? Ouvimos a expressão sentir na pele quando o assunto é a vida em risco ou a miséria em latência, ou isso e aquilo juntos. Mas o que significa sentir na pele? Vestir a dor do outro como se fosse uma segunda pele? A sua pele na pele dele. A sua dor em contato direto com a dor dele. Seria isso? Ou não, sentir na pele seria a forma de dizer "só eu sei o que eu passei, só eu sei o tamanho da minha dor" e assim fincar a bandeira de conquista da Solidão no topo da montanha? Ou então, seria uma forma de comparar duas dores? "Olha, a minha dor é maior do que a sua." Nessa competição, quem sai ganhando?

Das opções lançadas eu ficaria com a primeira. Não apenas por ser ela a mais poética ou mais condizente com o que se espera de alguém que escreve sobre flores e passarinhos, mas porque eu mesma vivo em busca de quem me vista, de quem me caiba e para quem eu sirva. E vivo de acreditar que alguém que é capaz de vestir as suas tristezas para tentar te entender, é também capaz de te oferecer a alegria como segunda pele para te aquecer a alma. Para mim, troca é isso. Companheirismo é também amparar a dor, é também ouvir e poder falar; é abraçar o corpo sabendo que a alma vai se sentir abraçada e beijar a boca até a alma se sentir beijada. Não conheço tristeza que não dê trégua para um pouco de amor.

Os meus caminhos não se enveredam entre o certo e o errado, eles se fazem do sentir ou não sentir. E é entre o sentir absoluto e o medo do não sentir nada que, antes de dar o primeiro passo no rastro de brasa, eu me faço essa pergunta: a quanto tempo não me arde o coração?

Marília Alves

terça-feira, 10 de maio de 2011

Descobri que ainda amo você. E ao me abraçar me lembro desse carinho que envolve meu coração. Mas se eu não escrever aqui de manhã não vou lembrar, você não vai saber. 

Eu acredito no amor. Eu sinto e desejo um amor. Mas me escondo em mim. Meu amor pratica os silêncios e anda no seu tempo devagar. Meu amor é contido e tímido. E tudo isso por que sou filha da contradição, do medo, da insegurança, das amarras. Mas é com enorme clareza admito querer seguir adiante e compartilhar um amor de verdade. Porém, ainda existe um grande obstáculo: eu mesma.

exper.2 - Celestinalidade.

Do amor

O meu amor sai de trem por aí
e vai vagando degavar para ver quem chegou
O meu amor corre devagar, anda no seu tempo
que passa de vez em vento
Como uma história que inventa o seu fim
quero inventar um você para mim
Vai ser melhor quando te conhecer
Olho no olho
e flor no jardim
Flor, amor
Vento devagar
vem, vai, vem mais