no dia do despejo trabalhei no meu cotidiano repetitivo, funcional. enquanto tudo era retirado as pressas eu estava longe, bem longe, parada, estancada, sem fazer ideia. e tudo era jogado, espalhado onde dava, onde ainda cabia as tralhas que a gente acumula durante uma vida severina. e no fim do dia na volta pra casa, enrolado com o vento e a noite que escondia umas poucas estrelas, senti um vazio ainda mais agudo, ainda mais estridente. um vazio indigente.
eu estou cansada de bater ponto como a menina burguesa de classe média de carne osso e concreto. porque essa pobre de classe baixa, que sempre estudou em colégios públicos, passou na faculdade, nunca quis entrar para o serviço público de merda está cansada.
e toda razão é quebrada com a dura realidade, crua e nua a sua frente... veio aquele choro estancado a anos no corpo. o olho estranhou, estremeceu com a lágrima que não veio a meses...
vi todos os meus livros jogados... eu queria ressuscitar Jota Cristo e cobrar a promessa não cumprida... Brasília nunca meu coube...
hoje acordei com esses fleches de luz, seguindo um caminho ainda desconhecido. uma luz no fim no cu do mundo.
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