Ela ainda não sabe quem é… Ela se ocupa com seus barquinhos e
com as suas desimportâncias. Talvez ela seja as coisas tão gratuitas que a
distrai… Esses barquinhos um dia foi um lindo caderno que um amigo lhe deu. Ela
não tinha coragem de escrever no caderno por achar que não tinha capacidade de
escrever algo tão importante, foi então que resolveu fazer barquinhos de papel
com o caderno. Assim ela viajou pra lugares bem distantes…
Um certo autismo a salva, eu e ela constatamos isso. Ela é salva
por coisas tão gratuitas quanto à carta mais bonita que já recebeu sem ter sido
escrito pra ela. Assim como Santiago e Estamira quem sabe eles puderam suportar a melancolia de quem suspeita que as coisas
aqui não fazem mesmo muito sentido.
Quem sabe ela veio de uma placenta de um morro verde
amarelo do vento sul, ou quem sabe ela veio de todos os lados.
A cidade dela seria Bráxilia se não fosse Brasília. Mas ela a
dama de concreto (Brasília) também é cidade… é ela que traz toda essa rica seca, esse
cerrado absurdo, essas folhas das quais ela inventa e venta. Sutileza. Generosidade.
Gratidão. Afeto.
A mãe dela reside nela, o pai dela reside nele.
Ela chegou naquele navio que navega e se perde a cada onda, a
cada vento, a cada descuido, a cada destraimento, a cada momento, a cada
instante...
Os marinheiros a puxaram pelo percurso louco da vida. Ela
recebeu uma carta do acaso sem remetente dizendo que certos marujos iriam se
reunir na grande odisséia do centro oeste. Lá foi ela brincar… se perder.
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