sim, eu estou cansada hà
muito tempo, mas cultivo uma melancolia poética que me sustenta, me faz
escrever, entender o vivido e o não-vivido. muita coisa eu não digo, e sinto
que o melhor é assim, quando a falência dos sentidos é cada vez mais constante
que até me esqueço de por um ponto final
aqui e começar outro parágrafo.
e o que importa se é
ponto ou virgulo, vivemos num vício que nos come em prantos.
estou cansada do eterno
mistério, do eterno vazio, do eterno vício da solidão, dos silêncios. muito de
mim já não quer mais. vida sem sonhos, sem utopia, sem imaginação é uma guerra.
mudei de casa e mesmo
assim me sinto cada vez mais vazia, muita mais cansada. sai de casa, mas um sentimento
de que algo aconteça é iminente. medo de voltar pra casa e ver que não tenho
mais irmãos. medo de que alguma bala furiosa os mate por engano, por descuido
do acaso. tenho medo de não conseguir, tenho medo da impotência.
mas o que eu mais odeio
nessa vida é a falta. é a falta em toda sua ganância que destrói a gente. é a
expectativa, é a ilusão, é um monte de coisa que destrói, é a coisa comedores
de homens.
pode até ser uma
melancolia sem fim, mas é mais que isso. é o que nunca poderei dizer, é o que
nunca vai sair de mim. e ponto e saber lidar com isso, pois é o vício é o nada
que nos come todos os dias. minha mãe não sabe, mas eu sei que é melhor não se
lamentar tanto. é melhor cultivar uma beleza nos caos.
minha mãe não sabe, mas
eu sei. ela é cabeça dura. ela nunca entenderia as bobagem que eu escrevo. é
forma de entendimento de mundo que me afasta da minha família, é ela também que
me fez o que sou. por isso eu não desisto apesar da falência.
dois mil e treze também
trouxe uma ruptura que mudou a minha família, eu não preciso dizer muito sobre
isso. só dizer que a ruptura muda o olhar da gente.
detesto escrever com
uma dor que parece ser a maior dos quatros cantos do mundo, detesto tudo isso,
mas aqui é meu divã gratuito. minha dose de reflexão pra não morrer de
tristeza. foda-se a escrotidão humana, o mau nos olhos.
gostava de te dar algo, mesmo daquilo que não tenho para mim
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