"no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nosso problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela -- silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás nã há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas"
paulo leminski
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
domingo, 29 de setembro de 2013
lembrança
"menina
vê por onde anda
que a rapaziada já quer te engolir
menina
cadê tua turma?
se não tem, se enturma
dá teu jeito, então
cuidado com a sinceridade
já mataram a verdade e eu não li no jornal
que o mal dessa gente miúda
é fazer da palavra glorioso punhal
menina
a soberba é surda
vai que a moda muda
guarda teu refrão
menina
sei que a saia é justa
pra cair não custa, basta um tropeção
cuidado com a mal da maldade
já mataram a verdade
e eu não li no jornal
que o mal dessa gente miúda
é fazer da palavra glorioso punhal
menina
vem viver a vida
firme decidida, como deus bem quer
quem sabe é tua sina
pra dormir menina e acordar mulher
cuidado com a sinceridade
já mataram a verdade e eu não li no jornal
que o mal dessa gente miúda
é fazer da palavra glorioso punhal
menina..."
vê por onde anda
que a rapaziada já quer te engolir
menina
cadê tua turma?
se não tem, se enturma
dá teu jeito, então
cuidado com a sinceridade
já mataram a verdade e eu não li no jornal
que o mal dessa gente miúda
é fazer da palavra glorioso punhal
menina
a soberba é surda
vai que a moda muda
guarda teu refrão
menina
sei que a saia é justa
pra cair não custa, basta um tropeção
cuidado com a mal da maldade
já mataram a verdade
e eu não li no jornal
que o mal dessa gente miúda
é fazer da palavra glorioso punhal
menina
vem viver a vida
firme decidida, como deus bem quer
quem sabe é tua sina
pra dormir menina e acordar mulher
cuidado com a sinceridade
já mataram a verdade e eu não li no jornal
que o mal dessa gente miúda
é fazer da palavra glorioso punhal
menina..."
sábado, 21 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
terça-feira, 10 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
"Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito..."
Vinicius de Moraes.
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito..."
Vinicius de Moraes.
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Vinicius de Moraes
quando os rios...
"Os rios que eu encontro
vão seguindo comigo.
Rios são de água pouca,
em que a água sempre está por um fio.
Cortados no verão
que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome
e que abraço como a amigos.
Uns com nome de gente,
outros com nome de bicho,
uns com nome de santo,
muitos só com apelido.
Mas todos como a gente
que por aqui tenho visto:
a gente cuja vida
se interrompe quando os rios."
João Cabral de Melo Neto
terça-feira, 3 de setembro de 2013
incerteza pós-moderna
"... a imagem de si mesmo se parte numa coleção de instantâneos, e cada
pessoa deve evocar, transportar e exprimir seu próprio significado, mais frequentemente do que abstrair os instantâneos do outro. em vez de construir sua identidade, gradual e pacientemente, como se constrói uma casa - mediante a adição de tetos, soalhos, aposentos, ou de corredores -, uma série de "novos começos", que se experimentam com formas instantaneamente agrupadas mas facilmente demolidas, pintadas umas sobre as outras; uma identidade de palimpsesto. essa é a identidade que se ajusta ao mundo em que a arte de esquecer é um bem não menos, se não mais, importante do que a arte de memorizar, em que esquecer, mais do que aprender, é a condição de contínua adaptação, em que sempre novas coisas e pessoas entram e saem sem muita ou qualquer finalidade do campo de visão da inalterada câmera da atenção, e em que a própria memória é como uma fita de vídeo, sempre pronta a ser apagada a fim de receber novas imagens, e alardeando uma garantia para toda a vida exclusivamente graças a essa admirável perícia de uma incessante auto-obliteração."
(bauman, 1998, p. 36)
"... a imagem de si mesmo se parte numa coleção de instantâneos, e cada
pessoa deve evocar, transportar e exprimir seu próprio significado, mais frequentemente do que abstrair os instantâneos do outro. em vez de construir sua identidade, gradual e pacientemente, como se constrói uma casa - mediante a adição de tetos, soalhos, aposentos, ou de corredores -, uma série de "novos começos", que se experimentam com formas instantaneamente agrupadas mas facilmente demolidas, pintadas umas sobre as outras; uma identidade de palimpsesto. essa é a identidade que se ajusta ao mundo em que a arte de esquecer é um bem não menos, se não mais, importante do que a arte de memorizar, em que esquecer, mais do que aprender, é a condição de contínua adaptação, em que sempre novas coisas e pessoas entram e saem sem muita ou qualquer finalidade do campo de visão da inalterada câmera da atenção, e em que a própria memória é como uma fita de vídeo, sempre pronta a ser apagada a fim de receber novas imagens, e alardeando uma garantia para toda a vida exclusivamente graças a essa admirável perícia de uma incessante auto-obliteração."
(bauman, 1998, p. 36)
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
venho pensado sobre
as escolhas, sobre as minhas escolhas. e chego no ponto de perceber que minha
vida, são as escolhas que faço desde da hora de escolher ou não acordar. tenho pensado
sobre o peso das escolhas de deixar de fazer uma coisa em prol de outra que me
leva a outros caminhos. há sempre uma perda. e nesse instante o exercício é
deixar leve minhas escolhas, principalmente, aquelas que me levam pra lugares
de afastamento do outro, mas que me leva a outros.
voltando pra casa
depois da aula de fundamentos da psicologia do desenvolvimento e aprendizagem (disciplina
que tá me deixando doida de tantas coisas para pensar e aplicar <3),
encontrei no caminho um menino que praticava violino debaixo de uma árvore. fiquei
observando ele atentamente com meu olhar profundo, até eu tropeçar numa raiz
grande que havia no caminho. ele percebeu e fez um gesto diferente com o rosto.
a minha real vontade naquele momento era parar e ficar ouvindo ele brincar com
o instrumento dele. mas passei e deixei o desejo morrer dentro de mim. pensei
em voltar, muitas vez até não ouvir mais o violino dele. não voltei e me
arrependi dessa escolha.
o exercício que me
proponho deste evento é arriscar-me apesar da insegurança. pensando muito – é o
que eu mais faço - hoje pelo caminho da aula até a copiadora, percebi que sofro
de um complexo de inferioridade complexo, e isso tem determinado minhas
atitudes no últimos meses. percebi que esse estado tava adormecido, pois eu
tinha adquirido uma certa autonomia sobre mim. mas de uns tempos pra cá esse
estado voltou. somado a insegurança (no âmbito social-emocional-político-econômico-biológico...)
com o complexo de inferioridade meus dias tem se tornado terríveis dentro de
mim. a minha vontade nos últimos dias é pular no abismo de vez sem sentido
nenhum, finalmente rumo ao nada.
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