˝Não mais penso,
Nem sei se existo.
Acho que me perdi dentre sinapses convulsas, congestionadas.
Meu cérebro me expulsou, me cuspiu.
Sou mente errante.
Minhas lembranças esvoaçaram. Fiquei sem chão. Sem o chão da minha história.
Vivo de estórias instantâneas feito leite em pó.
Queria querer me encontrar, mas não sei mais querer.
Queria espelhos íntegros pra me ver.
Queria poder voltar, mas não sei pra onde.
Queria ir pra frente, mas não sei pra onde.
Sinto-me em abandono, apesar de não qualificar abandono.
Estou num estado. Estou sem ser.
Tudo que vejo tenta me fecundar. Mas sinto ser estéril.
Não sei por que, só sei que quero vestir alguém. Experimentar alguém.
Quero um encaixe. Quero uma forma. Uma forma que me dê forma.
Sinto dores. Por todos os lados, sinto dores. Acima, abaixo, dos lados.
Ah, se fossem dentro, essas dores seriam um caminho pra mim.
Quero uma chance.
Você, quem sabe você. Você é minha chance.
Me acorde, me acorde.
Me tire daqui, ou daí, ou dali.
Se puder, rasgue meu tempo, me encontre.
Só quero voltar a existir.˝
autor@ desconhecido ou poderia ser eu.
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