terça-feira, 19 de janeiro de 2010

La crise

Tornei-me uma pessoa gélida e um tanto lúgubre. Não eu quero ser assim, mas as circunstâncias me levaram a isso. Estou me declinando a esse mundinho incessante de normas e padrões estabelecidos por quem eu não conheço. Vejam só a ideologia que está se formando... “O que eles fizeram comigo?”... Esqueceram-me aqui, me deixaram sem voz, sem um coração. O mundo é tal cruel pra quem não tem oportunidade. Porque é certo, nesse mundinho só ganha os mais fortes. Talvez eu não tenha uma história pregressa. Nunca fiz nada que possa contribuir para sobrevivência do ser humano. Mas tudo bem, eu ainda tenho algum tempo de vida quem sabe até o resto dela eu não faço algo que realmente vale à pena. Não quero e não devo sentir esse clima soturno meio gótico que se formou sobre minha cabeça já latejada de tantos gritos. Se não posso dedilhar minha vida ao menos queria arquitetar o meu futuro. Que futuro? Desse jeito não vou chegar a lugar nenhum. Eles estão masterizando o meu pensar. Como se minha cabeça fosse um software de código aberto pra que eles possam entrar e danificar o meu sistema. Pense na agressividade, no moralismo, na barulhenta simpatia, pela religiosidade fanática, como “o bem contra o mal”. Isso virou coqueluche para as massas dominantes, perversas. Antilógicas do subconsciente, onde se fudem instintos de vida e morte. Talvez tudo isso seja fruto da minha imaginação fantasiosa... “La crise”. Talvez não! Eu nem sei o que estou falando aqui. Merda! Queria que esse mal dissipasse, desvanecesse no ar. Fizesse perder todas as forças dos egocêntricos e dos megalomaníacos. Ás vezes me pergunto se isso é um sonho daqueles que não se acorda nunca mais. Ou é uma realidade da qual se acorda e permanece a mesma, parada, estancada. Cansei de ser apenas uma engrenagem... Outro dia eu tava me lembrando de uma frase- “A lógica não esgota o pensamento”. Nem sei de quem seja essa frase mais ficou guardada na minha memória. Ela não é apenas o bastante para explicar inteiramente o processo de pensamento. Bobagem! Que absurdo que acabei de dizer... Olha só que pessoa me tornei, raivosa, acuada, decadente. Agridoce com todos que estão ao meu redor. Com esse encadeamento lógico de palavras talvez pude criar um absurdo, um perfeito absurdo. Um absurdo de alguém que põe no papel toda a lógica do seu pensamento. E o resultado é nada! Virei contradição. Já não sei o que é real... Cadê a minha verdade? Que não é única. Não é inteligível.

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