domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ando pelo rua...

Ando por calçadas já pisadas, gastas por outras pessoas no bolso levo sua foto acolhida com minha mão congelada... Quem sabe te encontro na próxima esquina. E te peço que me aceite se eu não souber o que dizer paralisado com sua presença. Vou-te inserir na minha paisagem. Têm espaço de sobra no meu coração se você me aceitar. Prometo te acolher, levar sua bagagem e o que mais te ver na mão.

Pé d'água

Mais uma vez a chuva marca meu tempo. Pouco sei dos pingos lá fora... caem, caem, caem, caem... lentamente umedecendo tudo que toca. E apesar de não está lá no festejo me sinto acolhida com a sonoridade de cada gota que cai. Gotas, gotas, gotas que parecem ser infinitas... não param despencar sobre tudo. Mas, não demora muito o vazio aparecer. Ele sempre vem. É inevitável o congelamento do meu corpo. A respiração forte tenta combater o barulho lá fora, inutilmente. Quando a chuva se faz presente o vazio de mim fica aberto... fico vulnerável...

Qual a razão?

- Coisas acontecem... dores viram fantasmas... sangue pára de circular... pessoas... pessoas apagam... Tem muitas coisas serem ditas... muito mais que uma vida... bem mais que minha vida ainda pode me dar... mas... já não tenho forças . Eu estava lutando. E, então pensei, apenas por alguns segundos... pensei... qual é o sentido de estar aqui. E, desisti. Parei de lutar... Não conte a ninguém.
- Tudo bem.
(...)

Fragilité

Suas palavras me calam fundo, mas fundo que uma navalha afiada. Penetra e arrasa tudo que encontra. Faz festa em mim. Suga o sangue que me alimenta até a última gota, contamina, deixa seu azedume sobre mim... E, fico aqui sem forças, acuada, fumando o último cigarro amargo produzindo meu próprio azedume.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo...

Tempo passa

Tempo voa

Tempo vai

Tempo chega

Passa, voa, vai, chega.

Tempo de fim

Tempo de recomeço

Tempo de amor

Tempo de lágrimas

Fim, recomeço, amor, lágrimas.

Tempo pequeno

Tempo grande...

Tempo de poemas

Tempo de sistemas

Pequeno, grande, poemas, sistemas.

Tempo que machuca...

Tempo de alegria

Tempo de amizade

Tempo de descobrir

Machuca, alegria, amizade, descobrir.

Tempo de cinema

Tempo de estrelas

Tempo de problemas

Tempo de soluções

Cinema, estrelas, problemas, soluções.

Tempo de estar

Tempo de seguir

Tempo de perdoar

Tempo de cantar

Tempo de atuar

Tempo de ficar

Tempo de amar

Tempo de chorar

Tempo de raiva

Tempo do partir

Tempo de ócio

Tempo do agora

Tempo do ontem

Tempo do passado

Tempo do tempo

Tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tiê- Dois

?

Se você me conhece ao ponto de saber dos meus defeitos mais profundos, então me diz se fiz careta pra alguém num intuito de desfazê-la? Se dormi antes de banhar? Qual foi a última música triste que escutei só pra me sentir mais feliz?... Admite, não sabe de mim não sabe dos meus vícios... Por que não pega sua escova dente e parta...

Regina Spektor- Man Of A Thousand Faces (Video Mix)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

É, não sei e dai?

Não sei...

Eu não sei.

Não sei de mim, não sei de você. Não sei de muitas coisas e mesmo assim sou obrigada a de saber tudo, ou quase tudo. Não sei do dia de amanhã. Não sei de mim quando chegar o amanhã. Só sei da projeção do amanhã que tenho como uma espécie de lista de afazeres, obrigações, trabalhos... E não adianta, eu bem sei que não esperam de mim um “não sei”. Esperam sempre objetividades, precisões, repostas na ponta da língua... Ás vezes queria ficar apenas com um não sei...

Não sei isso, não sei aquilo, não sei.

Labirinto

Parece inexplicável a minha indecisão. Tantas escolhas me deixam confusa como no tempo em que eu tinha que escolher qual seria a próxima brincadeira... E confesso que fico atordoada com essas indecisões. E te peço não me deixe fazer a escolha errada, fique de olho bem aberto quando parecer que enfie os pés pelas mãos, pegue na minha mão e faça o que melhor lhe parecer.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Amigo

(...)

- Sinto saudade do tempo em que éramos amigos.

- Eu também. Tenho saudade das nossas apostas bestas, do tempo que parecia ser mais fácil, do afeto que nos unia, do complemento que éramos. Quando a ausência de nós se faz presente, eu perco meu complemento. Nós temos que ficar juntos. Nós, que apesar de todas as diferenças nos queremos tanto, por tudo o que vivemos, pela cumplicidade de tantos anos. Não podemos ficar tão ausentes um do outro, não podemos permitir esse afastamento.

- Volte a ser meu complemento?

(...)

Para tempo!

Noite chuvosa. Pingos molhando minha cama, parecem marcar o tempo que não sei... Estou no meu casulo, sozinha. E é nessa hora que preciso de você. Um, dois, três... nove, dez... Não vou mais contar os pingos. Para tempo! Chá na cama, livro de cabeceira quem sabe no pego no sono e sonhe com você. Um, dois, três, quatro, cindo, seis... dez, onze... vinte, vinte e um, vinte e...

Mais perto

Hoje me deu uma vontade de lhe escrever algo. Sei que estou muito afastada, então, agora é uma boa hora para ficar mais próxima, mesmo sendo uma carta e não minha presença. E nada justifica a minha ausência. Talvez o tempo que é presente em tudo se encarregou de nos afastar. Mas, não quero culpar o tempo, nem sei se existe um culpado.

As coisas por aqui continuam as mesmas. Vivo estressada, irritada e de saco cheio como sempre. Você sabe o quanto sou impaciente, com as pessoas e com a vida... Engordei alguns quilos devido ao velho habito de almoçar em restaurantes. Mas, não se preocupe não vou virar uma bolotinha. Não vou comer mais em restaurantes até segunda ordem, ou, até conseguir me controlar.

Esses dias sofri um acidente, segundo colegas que viram, muito feio, mas nada grave. Cai de cabeça no chão e o único mau que sofri foi perder alguns cabelos e ficar com um galo do tamanho de uma bola de basquete. Mentira. Estou aumentando um pouco pra você ficar preocupada comigo e mandar noticias o quanto antes.

Sinto sua falta todos os dias... Sinto falta de tudo em você, seu cabelo encaracolado, suas unhas roídas, sua boca macia, das suas piadas sem graça. E, a Bella? Sinto até falta da sua cachorra pulguenta que adorava morder meus sapatos.

Como eu te valorizo e te quero tão bem... Haja o que houver eu vou lhe ver esse ano. Prometo. Te encho de beijos, carinho, preencho o tempo que deixamos passar. Olha, eu citando o pobre do tempo novamente. Ele não tem nada haver com nossa displicência. Vou parar com isso e pegar o primeiro avião amanhã cedinho para te ver. Vou chegar primeiro que essa carta. Então, lemos juntos... Fico por aqui, na certeza que chegarei primeiro que esse papel, na esperança de olhar mais uma vez seus olhos tão amados... Te fazer carinho...

Beijos saudosos.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Mãe

Mãe?

Minha mãe não é mãe. Pouco sabe do ofício de ser uma. Sempre se lamentando. Grita, grita tanto que perde as cordas vocais. Impaciente, sofrida... Pobre menina não soube ser mãe. Ainda muito cedo perdeu a sua. Menina que não aprendeu o ofício de ser mãe... Eu sou mãe? Não. Não sei o que é ser uma... Minha mãe é uma mãe. Cheia de defeitos como eu, filha. Impaciente, berrante... Nada sei do ofício de ser uma, mas minha mãe já é mãe.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

La Fête


Clara retornou...

Vestido vermelho, bolinhas brancas, pés cheios de lama...

Hoje foi dia de ser criança. Não sou uma? Corri, gritei, melequei os pés.

Fiz careta picareta pra quem quisesse ver, dancei... Tive tempo pra ser criança...

Clara clareando minha vida.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

–Deixa isso pra lá.

Magoei um alguém que quero muito bem... Te expus ao ridículo... Sou uma cretina sem coração, cheia de defeitos. Espero que entenda e volte pra cá. Se eu ousar fazer isso novamente faça de mim um ser desprezível... Não volte a falar comigo. Vou entender... Como eu te valorizo. Mereço sua raiva. Será que um dia vai me perdoar? Será que um dia vou voltar a te acompanhar. Espero que entenda e volte pra cá... –Deixa isso pra lá.

Desculpe

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Dia de domingo

Era domingo à noite e não tinha nada para fazer. Estava sozinha em casa, então, resolvi sair. Na verdade nem fui tão longe. Parei na casa da minha tia. Fiquei algum tempo lá, mas logo me cansei e voltei. Chegando em casa percebi que não havia levado a chave. Mas, sabia que minha família estava perto. Era mês de festa junina, e lá estavam meus irmãos participando. No final da quadra encontrei minha mãe, que estava repleta de pessoas. Não tive coragem de chegar perto, eu estava em trapos, cabelos soltos que passou a semana todo sem entrar um pente. Então, comecei a gesticular com os braços. E não me viu. Detesto gritar, mas soltei um grito abafado pelo som que vinha da quadrilha, mesmo assim nada. Não desisti, continuei gesticulando, gritando, por sorte, meu cachorro que estava perto dela começou a latir. Ela virou-se. Ah! Fui salva graças ao cachorro. Finalmente peguei a chave e voltei para casa. Tentei abrir a porta com as inúmeras chaves que havia no chaveiro, não consegui com nenhuma delas. Minha mãe havia pegado a chave errada. Era só o que me faltava. Tinha esquecido a minha e ela me faz o favor de pegar a errada. Pronto! Ficamos do lado de fora! Logo depois minha família chegou e dei à boa noticia. Como era domingo, não tinha um chaveiro disponível, então, tive a brilhante ideia de passar a minha irmã mais nova pelo buraco da janela que estava entre aberta. Parecia que iria da certo, ao menos eu acreditava que daria certo. Mesmo assim com as recriminações tentamos. Passamos primeiro a perna da coitada, mas quando chegou à bunda era grande demais para passar no buraco. Ela tinha uma bunda do tamanho de uma bola de basquete. É não daria certo mesmo. Agora foi outra confusão para desentalar ela de lá. Mas, por fim conseguimos. Porém, continuamos do lado de fora. Minha irmã que é extremamente esperta teve a ideia de chamar seu amiguinho que morava perto de nossa casa. Obviamente que ele não tinha uma bunda do tamanho da dela. Minha mãe foi na casa desse amiguinho, lógico que não disse para os pais do garoto que precisávamos dele para passá-lo no buraco. Inventou qualquer bobagem para os pais do menino e conseguimos convencê-los. Começamos a operação da janela novamente, primeira a perna. Certo. Depois o troco. O que foi excelente, mas quando chegou à cabeça era grande demais. Que menino cabeçudo! Não é atoa que o apelido dele era cabeção. Então, a única coisa a fazer era arrobar a porta, o que seria inviável ninguém tinha forças o suficiente para isso, a não ser que, cerrássemos as grades da janela. E assim foi feito. Pegamos emprestado com o vizinho um serrote. Foi uma luta. A grade era dura demais. Lógico de ferro, o que eu queria. Cada um serrou um pouco, depois de muito tempo conseguimos. Agora sim dava para o menino cabeçudo passar pela janela, a cabeça não mais o impediria disso. Indiquei o local onde estava à chave e no final deu tudo, finalmente entramos em casa. Quer dizer, tudo certo nada. No outro dia, tivemos que quebrar parte da parede para colocar outra janela no lugar.

Fim de partida

Li e adorei...

A obra aborda o não passar do tempo que aflige a vida dos personagens: Hamm, Clov, Nagg, Nell e suas relações conturbadas quanto ao convívio diário e rotineiro. Aparentam serem os únicos sobreviventes da terra. Moram em uma casa denominada “abrigo” que é escasso de mobílias e os poucos objetos que existem estão sendo deteriorando pelo tempo, devido a isso, acarreta ficarem presos ao abrigo por não terem outras opções.

Segundo Hamm, a casa é abrigo que os protege do mundo decrépito “lá fora” e que além das paredes é o “inferno”. Ressalta-se que os personagens envolvidos possuem privações físicas e os obrigam a necessitar da ajuda uns dos outros para sobreviverem.

Hamm está fadado a uma cadeira, pois, não têm pernas e não enxerga. Uma das suas características emocional é ser extremamente rancoroso. Entretanto, ele é esperançoso, acredita que exista algo depois das paredes. Por possuir necessidades físicas, Hamm, precisa incondicionalmente da presença de Clov, que são suas pernas e olhos para sobreviver. Por esses motivos, Hamm demonstra ter inveja de Clov, isso fica evidente, na construção da relação sua com o seu cachorro de pelúcia. Transparece para ele que o cachorro é submisso e que dependa dele para sobreviver, assim, Hamm pode ser superior ao contrario dele com Clov. Pela acumulação do tempo e pela falta de pessoas para o convívio, Hamm traça uma relação com um cachorro que não possui vida, mas que para ele possui.

Nagg e Nell, os pais de Hamm, também possuem suas restrições físicas e durante toda peça ficam enfiados em um latão onde se comunicam com os outros, como se fosse uma espécie de prisão por serem velhos. Hamm demonstra ter pouca atenção com os pais. Trata-os como se fossem restos mortais em estado de decomposição. Quando Hamm julga necessário não ouvi-los ou presencia-los tampa os latões e quando necessita conversar com alguém abre os latões para conversar.

Clov, por sua vez, como todos no “abrigo” têm também necessidades físicas. Ele não pode se sentar, então, sempre fica em pé. Por ser o único personagem que possui mais liberdade de movimentar-se auxilia os outros personagens. Clov tem como característica ser pessimista, ele argumenta que não exista mais natureza, ela os abandonou. Está sempre querendo deixar Hamm, mas nunca consegue fazê-lo pelo apego emocional a Hamm e ao "abrigo”.

Contudo isso relatado na obra O fim de partida, a peça mostra a relação cotidiana de quatro personagens que aparentemente mostram serem os únicos sobreviventes da terra, e, esse convívio diário desgasta o relacionamento deles, mas como todos não conseguem deixar uns aos outros serão fadados a ficarem juntos até a morte que os esperam.

Atenção

Ninguém vem aqui.
Por mais que eu queira me enganar, eu sei ninguém vem aqui...
Noite vazia cheia de incertezas, eu eu aqui, precisando de carinho. Precisando de atenção.
Vem me faça um carinho? Te conto um segredo.
Se eu pudesse mostrar o que se passa em mim, talvez não gostaria de ouvir. Mas, eu te espero. Eu te espero acordar. Quem sabe te faço um carinho. Vem?
Me valorize
Me presta atenção
Me encha de beijos
Me acompanhe essa noite
Me conte uma história
Eu te valorizo
Eu te presto atenção
Eu espero
Eu te espero acordar...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

formspring.me

http://formspring.me/marciahregina

formspring.me

Um bom livro , um bom filme e uma boa peça...

Adoro livros. Só pode dizer um? Que pena. Então, um bom livro para ler é a Construção da Personagem de Constantin Stanislavski. Aprendi muito com esse livro e recomendo ler ele várias vezes até quem não tem pretensões artísticas. Essa coisa de escolher só uma resposta é muito difícil. Mas, vamos lá! Calma, deixa-me pensar ... Le fabuleux destin d'Amélie Poulain do diretor Jean-Pierre Jeunet. É um filme incrível. Agora uma boa Peça que assisti foi Hysteria é que de um grupo do Rio de Janeiro ou de São Paulo, não me lembro direito. Gostei muito da temática da peça.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Esquadrão da vida


Esquadrão da vida

A história da trupe teatral Esquadrão da Vida (EV) confunde-se com a história de Brasília. Fundado em 1979, o EV foi pioneiro na abordagem de temas que marcariam a vida cultural brasileira das décadas seguintes: o resgate e a valorização da cultura popular; a denúncia da exclusão de parte importante da população dos espaços culturais tradicionais; a subversão bem-humorada do espaço público; a conscientização ecológica; e a pesquisa gestual de um teatro liberto do academicismo, que incorpora elementos expressivos das festas populares e de saltimbancos como acrobacia, música e dança.

No dia 31 de dezembro de 2009 o grupo completou 30 anos de existência, já que foi em 31 de dezembro de 1979 que saiu pela primeira vez pelas ruas da capital com sua Guerrilha do Bom Humor. Sempre atento a questões políticas e sociais, o Esquadrão da Vida surge da inversão bem humorada dos esquadrões da morte que agiam livremente durante o regime militar, e aponta para uma outra dimensão de luta – a do bom humor, da fraternidade e da libertação do homem por meio da conscientização de que uma outra agenda, mais positiva, é possível.

Entre 1979 e nosso tempo, houve a redemocratização e, com ela, uma atualização do espetáculo Guerrilha do Bom Humor – uma intervenção teatral-musical-acrobática-lírica do Esquadrão da Vida – para os moldes que ele apresenta hoje. Com o ritmo acelerado das metrópoles, a intensificação do trabalho e a desigualdade que gera insegurança e transforma o outro em um potencial foco de ameaça, o espaço de comunicação vai-se fechando cada vez mais - alienando as pessoas do contato direto com seu semelhante.

Ao comemorar seus 30 anos de existência, o Esquadrão da Vida quer mostrar que continua querendo que a alegria desarme a sisudez hipócrita e mórbida da sociedade atual; quer dizer que continua trabalhando para isso e para que um de seus gritos - ÉTICA NÃO É TITICA! – seja ouvido, engolido, mastigado e digerido, mostrando que é com alegria e bom humor que poderemos vencer essa crise que está aí. Quer homenagear seu criador Ary Pára-Raios. E quer, finalmente, convocar Brasília para um grande cortejo de alegria: ABAIXO O BAIXO ASTRAL!!!

Ficha técnica:

Direção: Maíra Oliveira

Com os atores-músicos-acrobatas: Caísa Tibúrcio, Gabriel Preusse, Joana Vieira, Maíra Oliveira, Rosana Loren e Vinícius Santana.

Ciclos


Sabe?

Ás vezes preciso ficar quieta para refletir... Tristezas? Sim! Depois passa. São ciclos permanentes. Felicidade? ... Sim! Ela existe.

Sonhos e Alucinações

Depois de uma comemoração carregada de varias pizzas e risos soltos, sem pretensão, vem àquela vontade de desmanchar os sorrisos mecânicos. O cansaço vem aos poucos como aviso. Chego num lugar desejado... Não demoro muito caio no sono. Não sei ao certo, mas deparo-me com pessoas estranhas. Não há vozes, ruídos e não há contatos imediatos, apenas pessoas que se cruzam... Pessoas que não se vêem. Mas logo sinto uma queimação em todo o corpo um sufocamento quase súbito... O despertar veio como salvação. O relógio marca 02h24min da madrugada foi o tempo suficiente para que as pizzas começassem a fazerem efeito em mim.

Descrição

Meu amor tem pernas frias e finas que se segue sem nenhuma angulação. Extremamente retas e precisas. Quadril forte proto para me aconchegar quando necessito. Seus braços são tão sutis que parece o vento a estremecer meus sentidos. Pele queimada, mas ainda assim, sua pele brilha. Seu cheiro é ácido, mas não chega a me afastar do seu invólucro. Eu sei que assegura qualquer um que dele necessita, seja um abrigo para um simples descanso. Ele nunca se cansa, não se descansa, não se aflige, permanece bem ali me atraindo para seu colo confortável. Percorro suas singularidades que eram despercebidas pela minha incapacidade de percebê-lo. Seus ângulos retos são necessários. Perfeição e riqueza. Perfeição e riqueza que não possuo... Ausência toma conta de mim e deixo-o ali parado na sua própria espera, ainda que ausente, ainda que sem reação, ainda que sem vida. Culpa, sei que não suportei permanecer parada.

Respostas

Fiquei esperando, pensando, observando aquilo que me faça levantar esse traseiro gordo desse banco e seguir em frente. Às vezes nem tudo chega a mim como o acaso. Tenho tentado não pensar nisso. Naquilo que não posso supor. Não faço projeções. Só espero as coisas acontecerem. Mas, isso parece ser triste. Você não acha? Ficar sempre esperando o por vir sendo que posso levantar essa bunda daqui e parti pra outro caminho. Talvez sempre esperar não seja o melhor caminho. Talvez não pertencer a nada também. Então, o que eu faço?... Não posso projetar a minha vida. Não quero projetá-la ao vento. Mas, quero respostas...

17 de fevereiro de 1989

17 de fevereiro de 1989

Porto Alegre

Meu bem,

E ai, quais são as novidades? Vai se fazer de misteriosa mais uma vez? Ando curiosa para saber o que você pretende comigo. Não quero parecer ansiosa, mas estou contando os dias para sua chegada. Acho até que vou colocar uma roupa nova para esperar você na estrada; faço questão de que me encontre bonita. Para começarmos com pé direito, como você gosta, vou comprar uma garrafa de champanhe; brindaremos á nossa saúde no momento em que cruzarmos os olhos. Feliz- é assim que o quero, Ano Novo, e farei tudo que estiver ao meu alcance para que isso seja possível. Se dependesse de mim, sua estadia entre nós seria uma alegria após a outra. Receio, porém, que de mim pouca dependa. É realmente uma pena que você e o Ano Velho não tenham chance de se encontrar, pois ele, que esta de saída, poderia lhe contar como ficaram os meus dias com sua ausência. Pois bem, fora essas e mais uma meia dúzia de acontecimentos, não prevejo problemas no decorrer de sua presença. Na verdade com a quantidade de festejos e comemorações com que o enche aqui, você passa entre nós quase sem ser percebido. Quando começarmos a nos estabelecer das festas da sua chegada, já estaremos mais próximos novamente. Depois, vem à hora de se despedir, e, de repente, você já esta arrumando as malas para ir embora. Falando nisso: gostaria de dizer que eu não tenho expectativas em relação ao que você vai me trazer, mas tenho. Principalmente porque você sabe tudo de que eu preciso e tem espaço suficiente para que várias dessas coisas caibam em sua mala. Sabe também que eu não sou muito fã de surpresas, então não se esforce demais para me surpreender. Se por acaso me trouxer algumas más notícias, tudo bem, mas tente não ser abrupto. Sei que vários problemas estão fora do seu alcance; portanto, prometo não me aborrecer caso algo não venha como eu esperava. Traga o que trouxer- fique tranqüilo-, você será recebido com foguetes, pois sua chegada, sempre tão pontual e garantida, com suas promessas, sempre tão amplas e verdadeiras, renova, em mim, a esperança que se vai embora, um pouco, a cada dia. E, ai, ai, ai, já está chegando à hora.

Minhas simpatias,

P.S. caso venha com muito dinheiro no bolso, conforme espero, cuidado com os assaltos.

Beijos

Essa canção

Olha o rosto desses que não querem enxergar.

Finge não ver vidros derramados no chão,

Sinto e vejo pedaços por todos os lados.

Parecem saírem de mim

Fragmentos, ossos, olhos...

Gotas da alma que varre o chão.

Entre varias pessoas, lugares

só penso em fugir para o oeste dos meus pensamentos.

Imagens... Gostos... o mar como companheiro

das minhas brincadeiras.

Perfeição e riqueza dos sonhos que se formam.

Cores, risos... Amores diversos

Sabor de algodão doce

Doce deleite.

Música e palavras cantadas... (Essa canção francesa)

Para jamais esquecer

Desse mundo tão meu...

Aparição

Caminho pela rua. Sinto a brisa do vento, é tão suave. Percorre todo meu corpo. Leves ondas que soam aos poucos nos meus ouvidos, aconchegando-me cada vez mais. A cada passo o corpo vai sendo levado para bem longe sem pretensões... O vento entra em cada poro aberto. Toda essa sensação se esvaiu quando o vento começou a ficar agitado. Olho ao meu redor e não vejo nada exceto uma pontinha de um pé que se faz presente do nada. Ele vai se revelando e aos poucos o vento vai diminuindo. Bonita feição ele possui... Branco como as nuvens. Aproxima-se como uma melodia. Fico frente a frente... Em uma piscadela ele desaparece com o sopro do vento.

Passarinho

Sabe?

Quando não sei o que expressar escultor Tiê.

“Como é bom voar...”




"Como um brotinho de feijão foi que um dia eu nasci,
Despertei cai no chão e com as flores cresci.
E decidi que a vida logo me daria tudo
Se eu não deixasse que o medo me apagasse no escuro.

Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou
Que um nome de passarinho me encheria de amor
Mas passarinho se não bate a asa logo pia
Eu que tinha um nome diferente já quis ser Maria
Ah, e como é bom voar"

Reações

Um olhar impetuoso de forma exagerada... Posso sentir o vento que nos toca. O frio que congela nossos lábios. Trocas de olhares... O que será que você está pensando?... Não para de olhar para mim. Estamos a 180 km/h e ela continua me olhando. Onde andara seu pensamento? Dará voltas na terra ou no firmamento? O tempo pára enquanto trocamos olhares atentos. Estamos congeladas até um toque inesperado. Mão quente, macia, cheiro incomum. Aconteceu algo diferente com seu olhar. Pupila dilatada. Respiração ofegante... Circulação sanguínea...

Espelho

Não quero ser uma gracinha. Quero ser sexy, ardente. Bicht! Não. Sei comportar-me. Eu sempre fui uma pensadora, mas também falo muito, quando quero, sou espontânea. Mentira. Ás vezes. Além de ser meio estranha. Acho que isso não combina muito com uma pensadora. Quando falo pensadora , não digo, olha que pessoa inteligente, mas uma mente perturbada. [risos] É como se você olhasse no espelho e dissesse: Essa sou eu... Não serei dominada por ninguém, especialmente por homens. Tudo bem, me sinto feliz quando faço loucuras. Eu sou louca! Estou num mundo bizarro cheio de contradições, então, você precisa ser forte para viver nele. Isso não é a maneira como quero que as pessoas vivam suas vidas, apenas é minha forma de vê-la. Não me vejo da mesma maneira que os outros indivíduos. Eu não preciso ficar tentando agradar todo mundo, se não acabo diluindo aquilo que realmente sou. Quero ser lembrada como uma defensora alucinada da liberdade, pelo menos da minha. Acho que também posso ser contraditória com tudo isso... A vida é uma lição e tanto e não fico julgando ela, pois, sei que na verdade sou eu que a estrago. Tento não acreditar em tudo que as pessoas falam de mim, porque sei que lá no fundo ninguém é perfeito... Felicidade. Isso que quero. Então, essa é quem sou não agrado a maioria das pessoas. Mas tudo bem, sempre existe uma pessoa no mundo que goste de você um pouquinho que seja.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Corretivo

Sou uma fraude. Não precisa me dizer. Meu espelho grita minha insensatez... Máscaras no meu rosto escondem imperfeições que não quero revelar. Pasta líquida diluem o que sou... O que sou? Fala para mim espelho? E... essa mancha... no canto esquerdo do meu lábio... devo escondê-la também? Deixa meus sinais em paz! Senhora pasta líquida, você impede meu rosto de respirar. Patas pastosas mal cheirosas diluem o que sou. Quando chego a noite, me sinto melhor. É... É onde fico a vontade sem nenhuma mascara estúpida entupindo meus poros. Enfim, posso respirar o quanto eu quiser.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Menina

Menina!

Doce menina.

Em teu formoso sorriso que abriga a felicidade encontro um refugio diário. Sobre seus belos seios faço festa sem fim. Beijo! Perco-me... Beijos... Toques. Trocar toques. Desejo. Beijos... Outros beijos. Entregar-se... Menina! Pobre de mim. Fico bobo por ter você em meus braços. Bobo. Apaixonado!

Dom Juan

Dom Juan das esquinas.
Palavra afiada na ponta da língua,
cabelo bem penteado,
sapato bem engraxado pronto para dá o bote.
Enfeitiça as meninas de seios fartos,
lábios grossos e o rosto marcante.
Dom Juan perde a linha!
Apaixona-se por Maria.
Menina doce, ingênua,
lábios grandes avermelhados,
seios fartos e bem posicionados.
Rosto que cativa Dom Juan, agora, dominado!

Douleur

Ás vezes sinto uma dor nas minhas costelas
Parece que estou regredindo.

Assez!

Posso sentir sua presença. Sorrateiro e pouco cauteloso. Reparo cada movimento que seu corpo grande, desengonçado promove. O que você quer de mim? Já não lidei amor suficiente? Já não se lambuzou de mim o bastante que pode? Chega! Tire esse ar de bom moço e parta para bem longe do meu convivo.

Eu te amo

Adeus, meu amor! Meu amor descanse em seu leito quente cheio de perfume do nosso caso. Olho-te em sono profundo. Velo seu sono como um soldado protegendo sua rainha. Toco suas mãos tantas vezes beijadas e acariciadas, chego mais perto do seu corpo sinto os seus seios bem-amados, parece-me um anjo adormecido. Roubo um último beijo e tudo que minha voz consegue proferir é “eu te amo”. Muito! Volto logo.

Aceitar

Hoje conheci um alguém chamado ausência.

Hoje conheci um alguém chamado saudade.

A primeira vista nenhuma reação de puro afeto.

Um corpo estranho,

duas almas distantes por uma vida perdida.

Boca aberta para proferirem historia mal resolvida.

Histórias, contos, disse me disse.

Corpos relutantes.

Tempo perdido

Tempo escondido

Tempo demais esperado

Dois corpos, almas perdidas no mesmo vazio.

Longe, dispersos, abertos, confusos.

Tempo... Começo...

Tempo pra se conhecer,

encontrar o afeto arrancado.

Banir ausências

Esvair a dor...

Suprir a saudade

Aceitação!

Construção do afeto

Tempo para se viver juntos.