"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
terça-feira, 31 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Carta 4
24 de agosto de 2010
Meu caro,
Senti uma saudade imensa de você. Peço desculpas por ter sumido e nunca mais ter aparecido. Sou uma idiota, eu sei. Você ainda me ama?
Esta noite sonhei com você, mais precisamente com suas lindas mãos. Aconteceu algo de diferente com elas? Lembro muito bem como suas mãos são precisas, desde um coçar de cabelos a uma música dedilhada no violão. E como vai o velho Chico de duas cordas? Concertou ele? Se não, você é um cretino como eu, que deixa as coisas passar.
Tenho pensado muito em te ver. Talvez na próxima estação que se aproxima, mas não vou prometer nada. Não quero criar mais uma expectativa em nossas vidas. Tantas expectativas não fazem bem...
E agora, meu caro?... Preciso de você como necessito de um copo d’água. Te amo como um copo cheio de água transparente... À distância ás vezes faz bem, mas em excesso me tira do serio. Desculpa minha fala esquizofrênica e desajeitada, é que não sei ser tão precisa com as palavras.
Eu sei que quando você sente muita saudade de mim pega o primeiro avião pra me ver, mas eu sou preguiçosa e irresponsável de mais pra assumir certos sentimentos. Sou dura como uma pedra, e não me orgulho disso.
Você me ama ainda? Um pouco que seja... eu te amo até os cotovelos secos, a calça rasgada, o dedo encravado, o cabelo desgrenhado, o calor das suas mãos... amo até o velho Chico desafinado.
Comprei uma sanfona como tinha prometido. Ela é linda, parece ser uma extensão sua. Juro. É, sua cara. Não é nova, mas tem seu charme. E foi isso que me atraiu em vocês, o charme e o mistério. Não sei explicar isso, apenas sinto. Passo tanto tempo com ela que estou com medo de não te dar ela. Vai ficar com raiva de mim se isso acontecer? Ela me lembra tanto você.
Meu caro, é isso. Sou uma cretina por demorar dar-te noticias. Sou feliz por te ter. Sou uma mulher que deseja sua felicidade acima de tudo, então, não vou ficar brava se você tiver com outras Maria’s. Mas não se apaixone por elas. Brincadeira. Não me esqueça pela distância que nos separa. Distância que sou eu. Não sei por que você me ama. Isso é bobagem. Espero que esteja tudo bem com você e com Chico. Não falei nada de mim desta vez, porque não quero te irritar com minhas maluquices. Estou bem, é tudo. Meu caro, estarei ai perto de você em breve sem prometer nada, espero que entenda a minha inquietude. Não consigo pertencer por muito tempo a um mesmo lugar... É, isso. Quando ler essa carta sinta como seu eu tivesse do seu lado te tocando.
Beijos, abraços, toques, cheiros, gostos...
DieuLeVeut
Thiago Pethit - Mapa-Múndi
Na mesma inconstância das dúvidas.
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terça-feira, 24 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Apropriações
Aí que andam falando que tenho andado quieto - mais do que normalmente já sou. O que não é uma grande mentira, visto que de fato não tenho tido muita vontade de contar histórias, causos ou besteiras, mas que também não é uma verdade completa, visto que minha quietude nunca foi desinteressada, depressiva ou blasé. Os que me conhecem sabem que minha quietude presta atenção, ouve, ri, percebe, responde, procura entender. Minha quietude é curiosa, interessada, atenta. Minha quietude até fala de vez em quando (!)
Tem gente que não gosta, que fica aflita quando emito poucas palavras; tem gente que se solta mais, se abre; tem gente que não entende que preciso de tempo pra criar intimidade; tem gente que acha que estou com algum problema; tem gente que relaxa; tem gente que acha que é tristeza; tem gente que acha que é só mistério; tem gente que acha que não me entroso; tem gente que não acha nada.
O que acontece é que tenho sentido uma certa necessidade de ficar calado. Como se qualquer palavra fosse pouco pra descrever aquilo tudo que passa por aqui; como se cada verso que deixo de dizer e passo a ouvir fosse essencial para aprender mais sobre a vida e suficiente para entender um pouco mais sobre os outros e sobre mim mesmo.
E é aí que te pergunto: o que fazer se essa vida me deixa assim?
O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu
nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se
sente bem onde está, que tem saudade…
sei lá de quê.
eu digo agora: tu me entendes?
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu
nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se
sente bem onde está, que tem saudade…
sei lá de quê.
eu digo agora: tu me entendes?
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Lua
sábado, 21 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Encontros - Cena Contemporânea
CENACONTEMPORÂNEA2010
Festival Internacional de Teatro de Brasília
ENCONTROS
Os encontros são abertos ao público e dispensam inscrição prévia.
O ATOR NO SÉCULO XX – A Técnica como Necessidade Estética (Espanha)
28/8 às 10horas
Local: Auditório 2 do Museu da República (Complexo Cultural da República)
com Borja Ruiz - Grupo Kábia e mediação de Carlos Gil - Revista ArtezA conferência de Borja Ruiz é uma conversa audiovisual derivada do livro "A arte do ator no século XX", publicado pelo mesmo autor no Artezblai Editorial. Apoiado por imagens e vídeos, Ruiz analisa algumas técnicas de treinamento do ator, mais importantes do século XX desde Stanislavski até Anne Bogart. Enfatizando que qualquer técnica de atuação tem sido principalmente um meio para definir uma ética e uma estética a linguagem teatral.
Grupo Las 4 Esquinas (Espanha)
1/9 - às 15 horas
Local: Auditório 2 do Museu da República (Complexo Cultural da República)
Os atores do espetáculo El Jardim del Mundo, Maite Vallecillo, Francisco Blanco e Esteban García e a diretora Meme Tabares num bate-papo sobre o trabalho de composição e pesquisa do grupo Las 4 Esquinas.
A Importância do Direito Autoral para o Teatro
2/9 - às 15 horas
Local: Auditório 2 do Museu da República (Complexo Cultural da República)
Encontro com Guilherme Amaral, representante da ABRAMUS – Teatro & Dança que é o departamento da Associação Brasileira de Música e Artes. O objetivo do encontro é estabelecer um contato com artistas e autores do meio teatral para esclarecer dúvidas acerca dos direitos de autor, licenciamento e cadastro de obras além da explanação sobre o funcionamento da lei 9610/98 e tirar dúvidas sobre o processo de liberação de obras dramático-musicais para projetos de teatro e dança.
Território de Risco em Debate (DF)
3/9 - às 14 horas
Local: Auditório 2 do Museu da República (Complexo Cultural da República)
Encontro com os grupos Cia B de Teatro, Teatro de Açúcar, Teatro do Concreto, Sutil e SAI para discussão sobre os processos artísticos desenvolvidos na criação dos trabalhos apresentados no projeto 50 em 5. Entre as questões a serem discutidas, estão: Que visão de Brasília cada grupo evidenciou? Como avalia a relação da obra em processo com o público? Como foi pensada a relação com o espaço? Como se concretizou o diálogo entre teatro e outras linguagens na pesquisa do grupo? O que a partipação no Território de Risco apontou de novo para a continuidade dos trabalhos?
Palestra Panorâmica sobre a Organização Política do Teatro Cearense
3/9 - às 14 horas
Local: Auditório 2 do Museu da república (Complexo Cultural da República)
Com o diretor de teatro Thiago Arrais, formado pela UFRJ e mestre pela USP, que trabalhou com diretores como Zé Celso, Aderbal Freire-Filho, Antônio Abujamra, entre outros. Atualmente reside em Fortaleza onde atua no Movimento Todo Teatro é Político - Pró- Cooperativa Cearense de Teatro.
Palavra no tempo: Viagem à Laguna Negra. História e Lenda.
3/9 - às 18h30
Local: Auditório da Biblioteca Nacional (Complexo Cultural da República)
O ator espanhol Abel Vitón fala sobre o processo de trabalho de dramaturgia à partir da obra do poeta Antonio Machado, destacando os poemas escolhidos para a criação do espetáculo As Terras de Alvargonzález.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Feliz por um triz
Sou feliz por um triz
Por um triz sou feliz
Mal escapo à fome
Mal escapo aos tiros
Mal escapo aos homens
Mal escapo ao vírus
Passam raspando
Tirando até meu verniz
O fato é que eu me viro mais que picolé
Em boca de banguelo
Por pouco, mas eu sempre tiro o dedo - é
Na hora da porrada do martelo
E sempre fica tudo azul, mesmo depois
E sempre fica tudo azul, mesmo depois
Do medo me deixar verde-amarelo
Liga-se a luz do abajur lilás
Mesmo que por um fio de cabelo
Sou feliz por um triz
Por um triz sou feliz
Eu já me acostumei com a chaminé bem quente
Do Expresso do Ocidente
Seguro que eu me safo até muito bem
Andando pendurado nesse trem
As luzes da cidade-mocidade vão
Guiando por aí meu coração
Chama-se o Aladim da lâmpada neon
Chama-se o Aladim da lâmpada neon
E de repente fica tudo bom
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Quero um
Nunca acreditei em príncipe encantado. Nem em princesa. Acredito em homem encantado. Acredito em homem encantador. Aquele que pega em sua mão e te guia com a segurança que nem seu pai foi capaz de te dar um dia. Aquele que acha você linda, mesmo com a calça de moletom e sem maquiagem. Aquele que não se esforça pra te agradar, ele te agrada naturalmente. Aquele que te proporciona o silêncio da paz e não o silêncio incômodo, que criticou Quintana. Aquele que não repara no cabelo, na sobrancelha. Aquele que repara na unha, porque beija suas mãos, aquele que repara nos cílios porque beija seus olhos. Aquele que te abraça inteira, te prende com um olhar. Aquele que faz você amá-lo até os dentes, mesmo sendo diferente do seu projeto de príncipe encantado. Aquele que te liga só pra dizer que te ama. Aquele que te permite ficar só, ficar com seu amigos, pra poder sentir sua falta e que vem pra você correndo só pra matar a saudade. Aquele que decora seu cheiro, as formas do teu rosto. Aquele que ocupa teu lado esquerdo, do lado de fora e do lado de dentro. Aquele que te encantou, que te fez encantadora.
Este sim é o príncipe que toda mulher deve querer. Claro, um exemplar deste homem não se encontra em qualquer esquina. Mas derrepente você pode encontrar na fila do pão, na fila do cinema. Naquele show que você foi praticamente obrigada. Na cadeira ao lado, na faculdade. Na mesa ao lado, no trabalho. Mas para reconhecê-lo é preciso estar bem atenta ele estará disfarçado de : o-homem-que-definitivamente-não-combina-com-você. Também é preciso ser paciente porque é aos poucos que ele vai revelando seu encanto. Porque também é aos poucos que você vai se despindo da sua fantasia de mulher-perfeita-que-nunca-daria-moral-pra-ele, e vai revelando a sua real personalidade: a-mulher-perfeita-pra-ele. Cuidado, pode ser na próxima esquina que vocês se encontrem. Ou talvez ele já esteja disfarçado de seu melhor amigo.
Luana Gabriela
08/2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Matei meu amor...
Eu tinha muita coisa a ser dita. Mas a única coisa que consegui fazer foi abraçá-la, forte, mais forte que eu pudesse. Senti ausência em seu abraço. Distancia. Ela também não disse nada. Tentei um último abraço esperando carinho ou palavras, e finalmente consegui dizer uma frase com dificuldade. – Vou sentir muito a sua falta. Abracei forte novamente. Ela não disse nada e foi embora dançar sua dança. Tive que matar meu amor e deixá-lo ir...
Me deu vertigem
Eu deveria ter ido pra casa, mas não resisti ao seu pedido... Arrisquei, dei um foda-se pro meus boicotes... 15 de agosto desejei, e só desejei... desejei pertencer, sentir uma boca quente. Meu deu vertigem, falta de ar, curiosidade, mas desejo do que outra coisa. Agosto também pode ser um mês descobertas.
domingo, 15 de agosto de 2010
Olá, mês de agosto
Já é meia noite... metade de agosto... as cortinas se fecham... Minha pele seca... minha boca arde... meu coração sente. Agosto é um mês arriscado... Lá fora a seca trás ventos de poeira. Minha narina sangra. Meu peito range... grita silenciosamente seu nome... Já é meia noite de um dia qualquer de agosto e preciso partir de mim...
...
Olá, doce menina, o mundo te espera além colinas... onde o mês de agosto é feito com gosto só pra você... flora ipês o ano todo. A barriga coça de alegria, a mãe chama com o chá verde da tarde de domingo. Olá, doce menina, seu namorado tem um verso com seu nome escrito no bolso. Ele grita seu doce nome na esquina...
...
Já é meia noite... metade de agosto de um sábado qualquer. A Lua lá fora te espera com todo seu brilho e vigor...
...
Olá, doce menina, a Lua pode ser traiçoeira se for preciso... Tão linda como um lindo ipê te enfeitiçou e depois partiu. Ela sabe partir um coração de papel como o seu...
...
Já é meia noite de verdade. O frio aperta... a canção reverbera pelo quarto... triste canção de um novo domingo qualquer... Olá, doce menina, sou sua mente te dando alguém pra conversar... Olá, doce menina, ainda estou aqui tudo o que restou de ontem... Olá, eu sou a mentira vivendo por você... assim você pode se esconder... Não chore...
...
Olá, agridoce menina, já é meia noite de agosto... se for preciso for lave as roupas. Pegue as malas e vai para Xangai. Troque a canção repetida e faça seu agosto mais doce...
sábado, 14 de agosto de 2010
Sugestões para atravessar agosto
Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco.É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.
Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos. Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções-úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade... Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo ZAP!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.
Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se , e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire , a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos. Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito, perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.:
(crônica escrita em AGOSTO de 1995, O ESTADO DE SÃO PAULO)
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Ela é
Ela não sabia se querer.
Não se olhava no espelho.
E no seu apartamento ela se esquecia de tudo.
Não se mostrava.
Largava roupas sujas pelo chão.
Ouvia músicas tristes em dia de domingo.
Passou parte da vida achando não ser o que era.
Uma mulher.
Tudo passou.
Em uma certa manhã abriu a janela
e foi conhecer seus contornos.
Sorriu e achou graça.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Não se vá
Camarim vazio... só o necessário em se estar contente, violão e o espelho de luzes quentes... A bailarina tocou sua canção predileta para as paredes. Correu em círculos no mapa-múndi. Colocou delicadeza no seu mundo. Escreveu uma carta sem remetente pra Lua... Deitou no chão frio e olhou pra nuvens de concreto, e pensou: ah, se eu pudesse voltar... poderia mudar... Girou em pensamentos, cruzou vilas em busca do seu amor e se perdeu além das curvas. A bailarina se sentiu só... Tentou se lembrar dos momentos felizes com o passar dos meses. O que será da bailarina sem seu amor?
terça-feira, 10 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
Quase de verdade
“Era uma vez... era uma vez: eu! Mas aposto que você não sabe quem eu sou. Prepare-se para uma surpresa que você nem adivinha. Sabe que eu sou? Sou um cachorro chamado Ulisses e minha dona é Clarice. Eu fico latino para a Clarice e ela- que entende o significado de meus latidos- escreve o que eu conto.”
Clarice e as letras
"Escrevo-te em desordem, bem sei. Mas é como vivo. Eu só trabalho com achados e perdidos."
Um Sopro de Vida
Porque, quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.
sábado, 7 de agosto de 2010
Festival Cena Contemporânea- Oficinas Gratuitas
OFICINAS GRATUITAS
Inscrição e seleção mediante envio e análise de currículo para oficinascena2010@gmail.com até o dia 19/8.
Resultado divulgado em 22/9.Selecionados serão comunicados por email.
25 a 29/8 - 10 às 13 horas
DO CHUVEIRO PARA O PALCO, CURTA A DISTÂNCIA
Oficina de canto com Tato Fischer (SP)
O objetivo da oficina é colocar todos cantando, buscando o equilíbrio emocional, a auto-estima, a auto-confiança, a segurança, a criatividade, o desbloqueio psico-emocional, conseguindo assim a prontidão para cantar no palco.
Tato Fischer é músico, ator e diretor teatral, compõe e faz direção musical e preparação de atores. Pós-graduado em Artes Cênicas pela Universidade São Judas Tadeu-SP, bacharelado e licenciado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUCSP), pianista pelo Conservatório Musical de Lins/SP, fundador do Conjunto Secos & Molhados.
26 a 28 /8 - 14h30 às 18h30 horas
DO SILÊNCIO À PALAVRA
Oficina de técnica vocal com Boris Villar (Cuba)
A oficina visa desenvolver habilidades vocais imprescindíveis para um desempenho cênico orgânico e virtuoso. A voz do ator é um espaço aberto à exploração da potencialidade individual e grupal, além de uma bússola para a criação do personagem dramático.
Boris Villar é dramaturgo e diretor geral e artístico da Companhia Teatro Viento de Água, de Cuba. É Licenciado em Artes Cênicas com especialização em Teatrologia e Dramaturgia pelo Instituto Superior de Arte de Havana. Seus espetáculos têm sido apresentados na Alemanha, Venezuela, México, Argentina e Cuba.
30/8 a 3/9 - 10 às 13horas
O OLHAR DO MEIO: PALCO E PLATÉIA
Oficina de crítica e apreciação teatral com Eberto Garcia Abreu (Cuba)
A oficina propõe um exercício crítico criativo a partir da leitura de alguns dos espetáculos em cartaz no Festival e de material teórico disponível. Os participantes serão convidados a construir um discurso a partir do que assistirem, considerando informações teóricas sobre teatro, sobre crítica e modelos de dramaturgia.
Eberto Garcia Abreu é professor titular de História e Teoria do Teatro no Instituto Superior de Arte de Cuba. É crítico e investigador teatral e membro da Rede Latino-Americana de Promotores Culturais.
28 e 29/8 - 14 às 17 horas
TÉCNICA DE TREINAMENTO DO ATOR
Borja Ruiz - Kabia, Espacio de Investigación Teatral (Espanha)
A oficina é baseada nas técnicas de treinamento dos atores do grupo Kabia, criado em 2006, com foco em dois elementos-chave: a estrutura corporal, entendida como informação dramática e a modulação de energia proveniente das idéias de Rudolf Laban, e o aspecto vocal, durante o qual a atriz Maria Goirizelaia conduzirá os participantes através do treinamento com a respiração, ritmo e ressonadores.
Borja Ruiz é ator, diretor do grupo Kabia e escritor do livro “El arte del actor en el siglo XX - Un recorrido teórico y práctico por las vanguardias”, ganhador do I Prêmio Internacional Artezblai de Investigação em Artes Cênicas (Espanha).
28 e 29/8 - 13 às 17 horas
OFICINA DE TREINAMENTO - IMPROVISAÇÃO
Ana Teixeira - Cia Amok Teatro (RJ)
A oficina objetiva desenvolver a expressão dramática do ator através de uma prática que articula treinamento e improvisação. O treinamento inclui trabalho físico e vocal.
Ana Teixeira formou-se em dança com Angel Vianna, de quem foi também assistente. Estudou na Escola de Mímica Corporal Dramática em Paris. Em 1998, funda a Cia. Amok Teatro junto com o ator Stephane Brodt. O participante deve ter, no mínimo, 18 anos e ter feito pelo menos um ano de estudos em artes cênicas.
1 e 2/9 - 14 às 17 horas e 3/9 das 10 às 13horas.
OFICINA INVESTIGAÇÃO DO MUNDO DO ATOR-PALHAÇOISH Theater (Israel)
A oficina terá como foco o treinamento físico do ator. Cada dia será dado por um integrante diferente do Ish Theater. Que abordarão dinamicas de improvisação física que englobam o mundo do teatro e da dança, exploração da expressão física e emocional através da máscara e a criação de personagens excêntricos.
4 e 5/9 - 10 às 13 horas
PREPARAÇÃO DO ATOR E ESTRUTURAS PARA IMPROVISAÇÃO
Tica Lemos da Cia NovaDança (SP)
A oficina vai trabalhar com as bases da educação somática, que são os métodos que abordam o ser humano na integridade do seu ser, corpo, mente, psique, emoção e espírito. A respiração é o carro chefe de toda a atenção, o que sustenta, o que corre por baixo, pelos entres. O que sinaliza nossa expansão, retração, presença ou ausência. Consciência Corporal/ Pensamento Corporal, Respiração, estratégias - Pausas/Aterramentos.
Tica Lemos é graduada pela School for New Dance Development em 1987, na Holanda. Uma das introdutoras do contato-improvisação no Brasil. Recebeu o Prêmio APCA/SP como melhor intérprete. Responsável pela cadeira de improvisação da Faculdade de Dança da Universidade Amhembi / Morumbi de 2000 a 2004. Uma das fundadoras do Estúdio Nova Dança e da Cia. Nova Dança 4, atuando como diretora, professora e intérprete em mais de 25 anos de carreira.
Uma lembrança
Quando eu era criança a coisa que eu mais queria era ganhar uma bicicleta. Eu sonhava tanto em ter uma que quando ganhei minha primeira achava que estava vivendo em um sonho.
Nessa época eu passava o dia inteiro nas ruas andando pra lá e pra cá. Só voltava a noite pra casa. Não me cansava. Eram engraçadas as primeiras pedaladas.
Havia uma rua perto da minha casa que tinha um buraco enorme e profundo. Quando eu tentava fazer a curva da rua eu sempre caia no buraco. Não conseguia fazer uma curva perfeita. Lembro que eu vivia toda arranhada e com as roupas encardidas de lama por causa do buraco.
Ele era profundo e cheio de entulhos. Até hoje tenho as cicatrizes. Ás vezes sinto no corpo as lembranças das quedas... eu sempre levantava... Por incrível que pareça eu era feliz com minha bicicleta. Todos os dias eu tentava fazer aquela curva. Os vizinhos riam de mim pela minha persistência em vencer aquele abismo.
Um dia de tanto tentar eu consegui fazer a curva. Continuei pedalando... e o buraco foi ficando pra traz. Não sei descrever o que eu senti naquele dia. Acho que era felicidade. Eu chorei tanto em cima da bicicleta, mas de felicidade. Naquele dia andei de bicicleta até a noite. Depois veio o cansaço e voltei pra casa e dormi.
Até hoje fico na dúvida se aquilo foi verdade ou foi um sonho. Foi uma felicidade que não costumo sentir mais.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Tulipa Ruiz (que nome doce... nome de flor)- Só Sei Dançar Com Você
Você me chamou pra dançar aquele dia
Mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia
Que a minha perna sucumbia de agonia
Em cada passo que eu dava nessa dança
Ia perdendo a esperança
Você sacou a minha esquizofrenia
E maneirou na condução
Toda vez que eu errava você dizia pra eu me soltar porque você me conduzia
Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
E no final achei tranquilo
Mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia
Que a minha perna sucumbia de agonia
Em cada passo que eu dava nessa dança
Ia perdendo a esperança
Você sacou a minha esquizofrenia
E maneirou na condução
Toda vez que eu errava você dizia pra eu me soltar porque você me conduzia
Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
E no final achei tranquilo
Só sei dançar com você e isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você e isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você e isso é o que o amor faz
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Cena Contemporânea 2010
O Cena Contemporânea está chegando!!! Mais de 30 espetáculos, de 24 de agosto a 5 de setembro, em todos os principais teatro do DF. Encenações da Espanha, Itália, Israel, Suíça, Cuba, Chile, Colômbia, Brasil, Brasília... Teatro na veia!! Que delícia......
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Primeiros passos
Quando eu era pequena ter cabelos vermelhos fazia com que eu me sentisse diferente. Aos treze as primeiras perguntas começaram a surgir. Mentira. Muito cedo elas já me perturbavam. Nesse tempo eu já sabia que as coisas não eram tão fáceis como eu imaginava. Mas não demorou muito tempo para que eu me convencesse que a vida era bem mais complicada... Meu verdadeiro temor era me sentir sozinha. Hoje em caro a solidão como uma amiga necessária. Aos 15 conquistei meu primeiro namorado. Ele achava minhas sardas irresistíveis e foi o que despertou meu amor por ele. Ele era diferente. Curioso. Só me interesso por alguém ou por algo se for diferente. Sou muito curiosa. Mas com o tempo as diferenças se tornaram um puro charme.
Raquel Zimmermann by David Sims – Vogue Paris junho 2010
Raquel Zimmermann com todo seu inner side
masculino andrógino (adora essa androgenia).
Em clima completamente rockabilly, recheado de muito couro,
tachas, cabelos e makes incríveis. Eu usaria!!!
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida são uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6.° feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem- um dia- uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6.° feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem- um dia- uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
domingo, 1 de agosto de 2010
Salt
Vou dormir com cheiro do seu perfume em minhas mãos... com a lembrança do seu choro sincero... vou deitar na cama e pensar mais um pouquinho em você antes de dormir... cheirar mais uma vez minhas mãos e descansar... dizer pra mim mesma o quanto fui burra de não beijá-la... ou como diria um sábio poeta: de tempo ao tempo o que te ver de ser será...
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