quarta-feira, 20 de julho de 2011
Plano de voo
"Esse amor que eu tenho na palma
das mãos, se é pássaro, está empalhado ou adormecido, pois não voa. Leve como
se fosse sustentando por nuvens, esse amor na palma das mãos, que é tão doce,
que é tão terno, que é cintilante e é tão bonito, não voa. Esse amor-flor de
talos fortes, de pétalas translúcidas de finura, sem porquê, deixou o vento
brincar de bem-me-quer. Esse amor é amor-beijo-roubado que guardo e esquento,
apertando-o com os dedos contra a palma das minhas mãos. É amor marca de batom
tatuado na linha da vida. Cuido com carinho dele, que dorme tranquilo um sono
de paz, profundo, um sono de sonhos. Do sonho foi tecido o amor que hoje se
aninha há cinco passos de formiga dos meus dedos. Caiu em minhas mãos enquanto
eu alongava os braços na tentativa de pescar estrelas. Procurava capturar
estrelas para soprar de volta ao vento, quando o vento me soprou um amor anjo
caído, que eu não sei se é de voar ou se é daquele que fica."
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