quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Blá, blá, blá, blá, blá

De manhã seu azul
De noite seu luar
Entorpecem-me o olhar
Folhas secas
Brasília em mim.

Ainda é tarde? Vamos desenvolver aquela conversa boba sobre baratas e morrer de rir?

Pra começar a descobrir o que é o amor
Pra começar a descobrir o que é sentir
Preciso de ar

Por favor, se alguém de muito longe estiver me observando, que venha me buscar daqui o quanto antes. Venha com seu dragão pra combater a lua-solidão. Que me tire pra dançar numa canção feita pra se dançar a dois. Faça um recital num carnaval de outubro.

Queria ir embora pra algum lugar que me fizesse voltar diferente. Queria partir pra voltar quando a saudade apertasse. Queria repartir algo que em mim fosse o não-guardado, o não-exposto, fosse visita, fosse o instante da descoberta. Quero antes de queria. Quero depois do já foi um dia. Quero no instante da certeza, no desequilíbrio do “não sei”. Eu sei, é sempre bom contar os minutos, mas há tempos que já nascem com cara de memória, gosto de lembrança, contornos de fumaça... e não há relógios que suportem a duvida. Quero compartilhar um sol, um céu azul num instante de um alguém, um feriado conforto.

Nunca mais se emudecer
Nunca mais desviar o caminho
Nunca mais não olhar para o lado
Nunca mais deixar pra depois, amanhã, ontem, semana que vem, segunda eu faço
Nunca mais guardar amor na garganta-coração
Nunca mais silencio desconforto
Nunca mais auto-repressão
Nunca mais... nunca mais “eu não sei”
Nunca mais a mudez, a vergonha , a frieza
Nunca mais passividade
Nunca mais esperar

Presenciar o desejo de outros no escuro é desconfortável.

Venha me buscar de manhã
Enquanto o tempo é bom
Abra a porta de casa
Mas tire o sapato pra entrar
Serei seu dia, sua noite
Café da manhã
Mas venha me buscar antes do dia acabar
Antes do amor desandar

Eu confesso que eu o amor nunca fomos amigos. Temos que ter sinceridade? Mas me fala a verdade, você nunca foi com minha cara? Tudo bem, eu nunca te dei trégua. Sempre andei na contramão do amor. Vamos tentar nos conhecer?

Alguém me disse que sua porta estaria aberta. Por isso, eu entrei silenciosamente. Fiz um suco de goiaba caso você se irritasse com minha visita inesperada. Um déjà vu isso. Você chega e se abala com minha presença, eu esboço um sorriso e você destenciona seus músculos.  Eu não sei por que tanta surpresa. Você bem sabe que amor não bate na porta da casa de ninguém. Ele simplesmente entra se instala em cada cômodo vazio, até no não-pensamento. E pronto, é questão de aceitar ou não.

Eu chovo para dentro, no silêncio. Chovo bem mais do que lá fora. Chovo quando penso no que não fui, dos amores que nunca tive, do beijo que nunca darei na lua. Chovo tanto que brota de um tudo dentro de mim. Chovo na espera de amor descomplicado. Chovo para dentro, assim só eu corro o risco. Seja como for tanta chuva assim faz estrago. Daqui a pouco estarei inundada.

Cadê o sono que um dia foi meu?

Eu sou um presente esquecido
Um girassol sem sol
Uma noite sem lua
Uma não-palavra
Um sem graça
Eu sou uma saudade sem fim
Sou uma saudade vinda de Santos
Vinda da lua-solidão
Sou barco sem dono
Peixe fora d’água
Descaminho
Uma vontade de não ter mais vontade de querer, ás vezes
Uma vontade de viajar
Uma vontade de sair de mim
Uma vontade de incertezas certas
Do novo incerteza na bagagem
Uma paisagem nova por dia
Sou vontade de partir
Sou vontade de ficar
Sou uma mulher querendo amar a alma de um alguém incerteza
De um alguém não sei quem
De gosto ainda não descoberto
De rosto ainda não visto
De nome Maria, Clarice, João, José
João ninguém
De olhar promessa
Sou uma por dia
Contradição no outro
Sou um rizoma
Sou Gilberto Gil agora
Um verso
Uma promessa
Uma menina-mulher
Sou, sou, sou, sou, sou
Sem saber o que
Para caminho não sei onde 

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