Mas estou tentado escrever-te com
o corpo todo, enviando uma seta que se finca no ponto tenro e nevrálgico da
palavra. Meu corpo incógnito te diz: dinossauros, ictiossauros e plessiossauros,
com sentido apenas auditivo, sem que por isso se tornem palha seca, e sim úmida.
Não pinto ideias, pinto o mais inatingível “para sempre”. Ou “para nunca”, é o
mesmo. Antes de mais nada, pinto pintura.
Clarice Lispector
Água Viva (Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1994), 16.