segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Mas estou tentado escrever-te com o corpo todo, enviando uma seta que se finca no ponto tenro e nevrálgico da palavra. Meu corpo incógnito te diz: dinossauros, ictiossauros e plessiossauros, com sentido apenas auditivo, sem que por isso se tornem palha seca, e sim úmida. Não pinto ideias, pinto o mais inatingível “para sempre”. Ou “para nunca”, é o mesmo. Antes de mais nada, pinto pintura.

Clarice Lispector

Água Viva (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994), 16. 

Del Rey


Eu, Pina e Belinha





Vai sem direção, vai ser livre

sábado, 29 de outubro de 2011


Eu pensei em não fazer isso
Mas quis pagar pra ver
Se é preconceito ou não
Se é sumiço ou não
Me diga você então do seu silêncio
É ou não por conta da fronteira? 

como eu queria tá ai pra te abraçar
desejar um feliz aniversário olhando nos seus olhos
sem me preocupar e sem temer
mas vou acalmar minha pulsão
feliz aniversário

O Nome da Cidade

Onde será que isso começa
A correnteza sem paragem
O viajar de uma viagem
A outra viagem que não cessa
Cheguei ao nome da cidade
Não a cidade mesma espessa
Rio que não é Rio: imagens
Essa cidade me atravessa
Ôôôô êh boi êh bus
Será que tudo me interessa
Cada coisa é demais e tantas
Quais eram minhas esperanças
O que é ameaça e o que é promessa
Ruas voando sobre ruas
Letras demais, tudo mentindo
O Redentor que horror, que lindo
Meninos maus, mulheres nuas
Ôôôô êh boi êh bus
A gente chega sem chegar
Não há meada, é só o fio
Será que pra meu próprio Rio
Este Rio é mais mar que mar
Ôôôô êh boi êh bus
Sertão ê mar

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

côncavo











[Marcia Regina]

deer





Me deixa chegar
Me deixa chegar um sol diferente, mais brilhante
Me deixa tristeza
Me chega alegria
Me deixa chegar uma dança desapego
Me deixa chegar uma lua sem solidão
Me deixa
Me deixa sair por aí de pés descalços,
De cara limpa, nua de mim
Me deixa leve
Me deixa ser aquela menina de saia rodada, de samba nos pés,
Batom vermelho
Me deixa Marcia ser aquela menina dos seus sonhos distantes
Me deixa 

Depois da Chuva


Nhac, nhac, nhac, nhac, nhac








segunda-feira, 24 de outubro de 2011

THE SONJA KHALECALLON PRODUCTS FOR A BETTER LIFE- ABRAVANA GOSMIC SHOPPING


"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? não sei.Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.


Aproveitando a deixa... ainda Clarice: SE EU FOSSE Eu

"No combate entre você e o mundo, prefira o mundo." Franz Kafka

Sem Fazer Ideia


Andando, por motivo de força maior
Eu queria muito ir embora dali
Já tinha me cortado e estava na calçada sem fazer idéia
Enquanto eu dançava, tinha um desenho do chão que corria
Tudo de acontecer acontecia
E na calçada eu sentada vivia
Sem fazer idéia
E a falta de imaginação me fez lembrar de você
De tarde, se anoitecer, tudo se acaba
E aí crio asas
E aí elas querem voar
Aqui é assim
O que a gente inventa a gente tem
E aí crio asas e aí elas querem voar

sábado, 22 de outubro de 2011

"Na impossibilidade de te comunicar de outra forma, desejo-te um dia muito feliz. Talvez esta mensagem te pareça confusa e contraditória e ainda bem, mas coerência é coisa que não se exige a um morto.  A um morto exige-se apenas que se decomponha o mais depressa possível. Assinado: O Defunto."

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

guarda-me-chuva



[Marcia Regina]

guarda-chuva vermelho, batom de uva, vamos passear de guarda-chuva?

foto: Marília Alves

Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser... 
Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhece; e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!!!Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser... Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso? Que desafio, hein?
"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..." (Perto do Coração Selvagem - p.55)

colhesono promessas.

Brasiliários

domingo, 16 de outubro de 2011


até mais
até breve
dezembro


Andam jogando minhas palavras
no esgoto de Brasília
Andam-me jogando
no esgoto de Brasília
Brasília é uma insolação
Insolação é um lindo sol, um lindo sol
Feito pra você

A Sunday Kind Of Love

Não me queixo mas ando à espera que o tempo mude. Como se o hábito tivesse o efeito de tornar as coisas maçadoras.



Em foco, em foco
Enforco-me, enforco- me
Perco a sanidade
E a falta de imaginação
Me faz
Me faz cortar os pulsões
Mentira
Eu minto
Introduzo mentiras
Tomo um copo de palavras venenosas
Por hoje
Enquanto durmo de olhos abertos
Semicerrados
Desfocados
Amansados