Sem açúcar e com muito afeto serestei com as mulheres da Ana. Serestei com o corpo atento no tempo de suas inúmeras mulheres velhas. Ela que sabe diferenciar velhices pelos micro-tempos, micro-tensões, micro-detalhes, micro-sensações, micro-percepções, grande Ana Cristina Colla. Da minha janela vi a velha mais sábia, aquele que já sabe do tempo e brinca com ele, aquela que vivencia a duração dos movimentos da vida. Aquela que ainda tem tempo para soltar um aviãozinho de memórias no tempo até se desgastar com ele. Ui, o tempo leva... a velha da cadeira, a velha preta da cama, a velha tímida e meio medrosa, a mulher louca da cidade, a velha que dança o tempo. Ana seresta a vida dessas mulheres com uma generosidade absurda, com uma intensidade de “ser” e “estar”, eu vi. Eu senti que serestei com ela pelo meu olhar, por tudo que é corpo, eu senti muito... Fui atravessada, fiquei em pedacinhos, me refiz inúmeras vezes... O primeiro encontro com olhar um dia antes no Careca já me anunciava o dia de hoje... micro-tensões, finíssimos fios invisíveis que ligou nossos territórios. O barco flui no corpo da Ana. Me flui em emoção em enternecimento em vê-la... Um orgasmo conjunto que não é exagero de pisciana muito menos de capricorniana... A penúltima velha revivida pela seresteira Ana me deu um presente lindo, essa carta ai em cima borrada com o suor dela. Essa carta tem cheirinho, tem peso, tem textura, diz muito mais que as simples palavras que existem, tem cor amarela, sabor de goiaba... Era pra mim essa carta, eu já sabia. Era, porque eu queria muito e me veio aviãozinho no liame do tempo... E nunca te contei que amarelo é cor mais bonita que existe? Lembrei de você coruja.
Obrigada Ana pelo tempo compartilhado generosamente.
ah!!!
ResponderExcluiramar elo
amar ela
amarelei de vez.
ResponderExcluir<3²