sexta-feira, 16 de novembro de 2012


dançar nas estações do ano sem pensar, ser uma flor na primavera que não pensa, e já é o bastante. receber e apreciar as flores no útero. flores. amarelas, vermelhas, roxas, brancas... dançar suas cores e morrer, ainda que a morte não exista por ser uma passagem tão fluida que se conecta intimamente com a vida. dançar, dançar, dançar, dançar, não é preciso dança quando se é. um corpo-água-flor-magma-árvore-de-cerejeira-folhas-vermelhas que caem no outono. no verão, a fase poderosa de todo ser de luz e escuridão que dança com larvas no seu útero. dança dos deuses: dor, morte, vida,  qualquer deus... ser um olhar de cristal que não foca e percebe o infinito a frente, dos lados, atrás das costas tem um infinito. eu me transformo num deus que dança, seja qual for o sentimento que irradia dentro de mim.  chega o outono, a beleza da morte. as flores vermelhas enrugadas pedem vida e morrem. morrer sendo abraçado pelo vento-água, lentamente até o encobrimento da terra que irradia vida. flor que envelhece, uma beleza oculta, e mesmo envelhecendo e morrendo ela continua abrindo-se para vida. dever ser por isso que a morte não existe. e esse é o presente da vida: a morte. somos um presente que alimenta a vida, um presente que sente tristeza e felicidade. ser, ser, ser, ser, ser, serestar... antes de começar a cair no chão, qual será meu último esforço? um animal sempre é 100% até não conseguir mais, e morre. quando se dança o tempo não existe, e isso não tem importância alguma. logo vem o inverno e a última dança se aproxima. 26 milhões de mortes para transformação. aprender a vida olhando a alma do outro. viver, envelhecer, e morrer até o último segundo olhando... cada morte é diferente e possui um olhar de cor e trilha única. a última dança é minha experiência, são minhas memórias tristes e felizes na transparência de um rio. e não pensando faço a minha melhor e ultima dança. qual seria a minha última forma? talvez nem seja essa. 

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