vou escrever agora, se não vou esquecer a sensação. estou
escrevendo agora, pois na minha cabeça pulsa um entendimento de mim agora. estou
sob efeito irreversível da vida, sobre mim. curioso, eu percebo e caio em areia
fina, morro e dou-me volta, entendo com clareza assustadora, percebo cada
contradição, cada relação com o mundo que me devora, ou seria eu que me devoro? de certo sou eu, eu tenho uma mulher dentro de mim que me devora como um abutre. devora os meus medos, ela me chama e eu sempre recuo. eu tenho uma mulher
dentro de mim que se alimenta pelo meu sexo, pelo gozo reprimido da vida. essa
mulher sou eu, todos os batons que uso são feitos da minha pele. sei que isso
faz sentido agora, pois estou sob efeito irreversível da vida. estou no precipício
da vida, no principio e no fim. é um desmundo, é desvida, é deseu, é além do
compreensível. é incerteza da contraditoriedade. é o que eu escrevo e não sei
entender com profundidade. é medo, é impetuosidade, é querer comer-se toda, até
as últimas vísceras com sal grosso. sou eu que me doo ao amor. cansei, é muito,
minha cabeça lateja como um mar revolto. eu me abrando nesse caos todo. são puras
contradições, eu estou pronta para o abismo da vida.
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