preguiça que eu tive de vim, mas eu vi mesmo assim, que é
pra trabalhar os padrões. escrevo que é pra lembrar de um instante (in)certo
com uma possível incerteza, no próximo instante devir a vim, a mim.
eu sinto saudade e amor na mesma proporção esquecimento, e
um belo dia ele virará saudade de ilha. é tudo tanto nesses últimos dias de
partida que sinto que vou engolir cada centímetro da minha carne em direção ao
nada.
escrevo que é pra lembrar daqui uns dez anos de tudo isso
que se chama partida, um desapego, um volte logo assim se o acaso quiser
retroceder.
escrevo porque é assim que eu me sinto agora, um pouco mais
cansada e acreditando na sorte-amor. é esperança, salve!
acho que é isso, e se não for isso, prefiro que seja, se
assim for o melhor.
acabei de deitar na cama dela, e sentir o cheirinho forte
dela. é por isso que estou aqui, relembrando um tempo que partiu pro tempo. é a
vida que não depende de mim, e que depende de todos nós.
os céus que me cobrem como num silêncio ao contrário, eu
vou dar um tempo até o próximo despreparo querendo a paz em mim. a calmaria de
que agora seja mais leve cada despreparo bebido de instante.
e que bom que não, apaguei umas três vezes o que eu ia
escrever agora. simples assim com muito desespero. e olha que tudo isso era
para falar da saudade cheia de memória, e eu não me presto mesmo, queria ter a
acalma sem rancor... é o que eu sou, ou me trabalho, ou me afogo de vez.
ainda bem que comecei logo cedo a escrever sobre esses últimos
momentos com sua partida, cada pedacinho do dia foi um momento para lembrar a
sua presença pela casa, nas pessoas, na cidade, em mim, no vento, sobretudo no
vento. vento combina com suas altitudes.
lembrei sobre a necessidade de me lembrar todos os dias que
não estou mais sozinha, estamos juntos na cidade segurando a mão do outro nessa
solidão de mãos dadas que somos. lembro agora daquele rapaz maravilhoso que
entorpece com sua presença, e que sempre estamos apaixonadas por ele. ele se
chama amor, é o mais próximo que consegui chegar nesse momento para não defini-lo
com precisão.
peguei um copo d’água pra ajudar no trible do sono e do tédio
de tudo isso, eu acho que entendo e não entendo o próximo tempo, um atrás do
outro.
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