dessa vez o veiculo de deslocamento é um micro-ônibus.
destino: volta para minha casa.
um senhor de uns 70 anos a 80 anos canta alto sem parar. eu
não consigo entender nada do que ele canta sem parar. um outro homem tomado de
fúria contida pelo natal bate com a sua mão no banco ao lado do senhor que
canta sem parar. perguntando em voz alto se ele sabe onde vai descer. mais uma
vez o senhor diz algo que não consigo identificar.
os dois levantam e começa uma discussão. o velho pergunta
para o homem se ele estar nervosinho. logo ele responde que não, pois hoje é
natal e não quer se meter confusão.
três minutos de bate boca com alguns palavrões do velho, o
homem desce do micro-ônibus.
o senhor continua cantando, agora alguns passageiros que
estavam imóveis com a cantoria do velho começam a se manifestar com fúria.
o ônibus segue viagem, eu desço no meu destino e lembro de
ter visto esse senhor sentado num meio fio a pouco tempo, de olhos fechados e
com os braços erguidos ao céu.
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