segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dionisíacas Orgiasíacas

Reconheço a total atemporalidade transcendente de José Celso Martinez. Uzina/Uzona é a grande biodigestora de tragédias do planeta, mas tenho preguiça da beatificação da orgia em seus espetáculos. Ver os alunos da Oficina e do Dulcina, protagonizando algumas cenas, foi para mim muito constrangedor.

Da melancolia em mim

não, não pode mais meu coração
viver assim dilacerado
escravizado a uma ilusão que é só... desilusão...

ah, não seja a vida sempre assim
como um luar desesperado
a derramar melancolia em mim, poesia em mim...

vai triste canção
sai do meu peito e semeia emoção
que chora dentro do meu coração...

Pina Baush- Walzer

Quando ouço essa música não consigo ficar parada. As pernas começam a mexer quando vejo os braços estam no alto pulando... Ai, vira isso, esse desajuste pra dançar. E, dai? Dançar é liberdade. Livre... (Amo Pina Bausch)

sábado, 29 de maio de 2010

Bunda no chão Coração no céu

Tou aqui na biblioteca nacional vendo suas fotos (...) Esperando o tempo passar pra assistir as orgias do Zé Martinez (bacantes). Tô te esperando também, espero que apareça. Passei a tarde toda sentada nos concretos de Brasília. Sentada perto dos espelhos negros atrás da biblioteca. Esse lugar é inspirador mais ando tão cansada ultimamente que não tenho tempo pra ficar com os olhos abertos. Tudo que eu quero nesse e nos últimos dias é dormir dois dias seguidos e esquecer do mundo. Ando tão cansada que vire e mexe me pego dormindo de olhos abertos. Ontem foi a decadência: dormi dentro do ónibus e passei da minha parada. Tava tão mole que não tive nem forças pra me chamar de anta, idiota, lesma, então aproveitei pra andar um pouco pela rua. Fazia tempo que eu não desvela a noite. Olhei pro céu e lá estava a formosa dama no céu: Lua -Seus olhos não são verdes, mas brancos como no fundo dos olhos de uma menina matuta- Quando olho pra Lua penso em uma pessoa, mas dessa vez pensei em você (...) A Lua me encanta. Nem sei porque estou te falando isso. Na verdade era só pra falar das fotos e acabei me prolongando. Bom que passou o tempo. Daqui a pouco começa a peça e espero que venha. Quem sabe não possamos desvelar a Lua Juntas hoje sobre o céu de Brasília.

O silêncio inspira.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A vida é sonho

Que é a vida? Um frenesi.

Que é a vida? Uma ilusão.

Uma sombra, uma ficção;

O maior bem é tristonho,

Porque toda a vida é sonho

E os sonhos, sonhos são

De La Barca

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dama da noite























- Priez pour nous et bénizzez notre maison.

Que sentido devo fazer?
Quantas vidas terei que viver?
Quantas mortes terei que ter?
Quantos porquês ainda me restam?
Por que, hein?
O porquê desse silêncio...

Uma parte de mim é só vertigem


Canta ai

Traduzir-se

Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte - será arte? Será arte?


Ferreira Gullar

quarta-feira, 26 de maio de 2010

E que tudo mais vá pro inferno

Segunda-freira cinzenta...

Esta manhã acordei mais cedo do que de costume com cinco despertadores ferozes. As sirenes invadiram meu sono justo na hora em que  eu não queria acordar. Pensei: queria comprar um tempo extra pra dar conta da vida.

Tomei um banho quente, tão quente, que não consigo entender como não senti minha pele queimando, mas continuei envolvida pela água. Era um aconchego, de certa forma, me senti envolvida num invólucro. Depois de um tempo de pura imersão voltei para superfície fria e silenciosa da minha casa. Na sala café na mesa nada atraente devido ao meu desajuste pela falta de cadência com a comida. Café forte e açucarado, pão torrado preto, duro como pedra, mas encarei aquele banquete dos deuses.

E quando vi já estava na rua indo para meu enterro. Ando raivosa desde que retornei pra faculdade. Morro todos os dias quando coloco meus pés na universidade. Não é o ambiente que causa minha morte é a obrigação de estudar algo que não se gosta. Não amo o que faço. Estou cansada de ir contra correndo, por isso, que essa manhã decidi pra mim mesma que não fico mais nenhum minuto aqui. Vou fazer as coisas que amo e tentar ser feliz...

domingo, 23 de maio de 2010

Medo de Amar

Você diz que eu te assusto

Você diz que eu te desvio

Também diz que eu sou um bruto

E me chama de vadio

Você diz que eu te desprezo

Que eu me comporto muito mal

Também diz que eu nunca rezo

Ainda me chama de animal

Você não tem medo de mim

Você não tem medo de mim

Você tem medo é do amor

Que você guarda para mim

Você não tem medo de mim

Você não tem medo de mim

Você tem medo de você

Você tem medo de querer...

Você diz que eu sou demente

Que eu não tenho salvação

Você diz que simplesmente

Sou carente de razão

Você diz que eu te envergonho

Também diz que eu sou cruel

Que no teatro do teu sonho

Para mim não tem papel

Você não tem medo de mim

Você não tem medo de mim

Você tem medo é do amor

Que você guarda para mim

Você não tem medo de mim

Você não tem medo de mim

Você tem medo de você

Você tem medo de querer...

...me amar!


 
Adriana Calcanhotto

The L Word

(...)


- Não sei o que fazer! Toda vez que olho pra você, eu... me desmonto totalmente... (risos)...


É agora ou nunca

É. É realmente isso que eu quero. E daí? Não me importo se vão me recriminar. O que importa mesmo é ser feliz. E esse grau de felicidade que tanto quero só depende exclusivamente de mim. Não quero parecer ego- ísta, mas é a vida... Eu poço ir bem mais longe. Poço atravessar um mar se eu acreditar. Quer saber vou ver o mundo lá fora e vê o que dá. Que seja intenso e desafiador... “Você não precisa mais que as pessoas fiquem dizendo que você é capaz... Tá tudo ai. Apareça aqui com algo novo e desafiador! Se não, não mais precisar  voltar.”

sábado, 22 de maio de 2010

Não estou de todo só no mundo

O resultado é que não existo. Sempre tive muito medo de mim, da minha imaginação, das ideias...
...
...
...
(...) afastava pra me aproximar (...) queria mais observar do que participar. A brincadeira de ficar oras com os olhos fechados

Klauss

Espelho Fosco

Se tudo existe é porque sou. Mas por que esse mal estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero a impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado.


Clarice Lispector.

Adriana, Babás e o Radio AM

Quando eu tinha entre 4 e 7 ou 8 anos de idade eu morava em Porto Alegre, que é a cidade onde eu nasci eu ia ao colégio de manhã e de tarde eu ficava em casa com a babá porque meus pais saíam para trabalhar. E, evidente, durante esse tempo que eu estou falando, não foi uma única babá que passou lá em casa eu não posso precisar este número, mas é uma coisa em torno de 478 porque meu irmão era uma peste, ninguém aguentava. Eu não, era ótima. Mas elas não ficavam. Enfim, de todo esse bolo de babás, tem uma que eu nunca esqueci. Ela chamava Marisa. Nunca me esqueci dela porque a primeira coisa que ela fazia quando chegava lá em casa era ligar o rádio. Ela ligava o rádio ao chegar e depois só desligava na hora de ir embora. De modo que o rádio ficava ligado a tarde inteira ao fundo dos acontecimentos. E eu tenho pensando hoje em dia que para mim, seguramente, aquele rádio não estava tão no fundo. Enfim, o que eu sei é que por causa da Marisa eu entrei em contato intimo com a programação de rádio AM de Porto Alegre daquela época. Ai, um dia, meu pai chegou em casa mais cedo. Meu pai é um baterista de Jazz, Cool Jazz e Bossa Nova... Ele chegou em casa mais cedo e pegou aquela cena: me viu ouvindo rádio AM com a Marisa no quarto e fez um escândalo, brigou com a minha mãe, brigou com a Marisa foi realmente uma “comotion” e eu me lembro de, na época, ter entendido que aquilo era preconceito musical. Mas, mesmo assim, achei na época, que a reação dele tinha sido um pouco excessiva para o caso. Parecia mais que ele, o meu pai, um baterista de Cool Jazz e Bossa Nova tinha entrado em casa e pego a filha, não sei, brincando de médico com a babá, talvez, porque a discussão durou dois meses, não tinha mais fim. Nunca mais acabou... Enfim, de todo esse repertório de canções dessa época só tem uma que eu me lembro, mesmo assim, lembro mais ou menos e sei tocá-la ao violão bem mais ou menos ainda, mas creio que será possível reconhecê-la pelo menos para aqueles que têm mais de... Não importa... Rasgue as minhas cartas E não me procure mais Assim será melhor Meu bem! O retrato que eu te dei Se ainda tens Não sei! Mas se tiver Devolva-me! Deixe-me sozinho Porque assim Eu viverei em paz Quero que sejas bem feliz Junto do seu novo rapaz... Rasgue as minhas cartas E não me procure mais Assim vai ser melhor Meu bem! O retrato que eu te dei Se ainda tens Não sei! Mas se tiver Devolva me! O retrato que eu te dei Se ainda tens Não sei! Mas se tiver Devolva-me! Devolva-me! Devolva-me!... Um pouquinho mais tarde na minha vida, depois dessa historia da Marisa eu já tinha por volta de uns 13 anos de idade ainda morava em Porto Alegre, ainda ia ao colégio de manhã, mas evidentemente não ficava mais com a babá, muito antes pelo contrario, tinha umas tarefas para cumprir em casa nessa época meus pais se separaram, então a vida da gente mudou um pouco. Eu tinha umas tarefas, meu irmão também tinha sendo que as dele, ele não fazia. Eu não me lembro ele tinha que tirar o lixo e mais alguma outra coisa que ele não fazia. Eu tinha que lavar a louça depois do almoço. Ainda bem, aliás, porque uma coisa que eu gosto muito de fazer é lavar louça, embora ninguém acredite e tenho que dizer que não tenho tido muito tempo ultimamente para essa atividade. Mas é uma coisa que eu realmente gosto muito de fazer. E nessa época que eu exatamente estou contando, que eu lavava a louça do almoço, eu vi uma entrevista com Caetano Veloso na televisão uma entrevista para a Roberto D’Ávila e que ele dizia, entre outras coisas que ele gostava muitíssimo de lavar a louça. E foi, uma das raras vezes na minha que á tarde assistindo á televisão eu tive uma sensação de não estar de todo só no mundo. Enfim, eu lavava a louça do almoço enquanto minha mãe dormia para mais tarde dar aula na faculdade, de modo que eu tinha que lavar a louça baixo. E eu adquiri uma técnica incrível. Enfim, como era um momento silencioso da casa, eu levava um rádio para pia ficava lavando louça, baixo, e ouvindo uma estação de rádio de Porto Alegre que só tocava música popular brasileira. E eles tinham uma programação inacreditável. Tocavam pérolas, coisa maravilhosas que me influenciaram muito e coisa que, mais do que me influenciar, eu acho que determinaram algumas escolhas que eu vim a fazer mais tarde. Uma dessas coisa foi um poema do Ferreira Goulart que eu ouvi musicado pelo Fagner, cantado pelo Fagner, e que me chapou... foi uma coisa que eu fiquei absolutamente impressionada e me lembro de ter pensado uma coisa do tipo: “É isso que eu gostaria de fazer da minha vida, se fosse possível poesia no rádio.” E a cançam que eu ouvi era mais ou menos assim: Uma parte de mim é todo mundo Outra parte é ninguém Fundo sem fundo Uma parte de mim é multidão Outra parte estranheza e solidão Uma parte de mim, pesa Pondera Outra parte, delira Uma parte de mim almoça e janta Outra parte se espanta Uma parte de mim é permanente Outra parte se sabe de repente Uma parte de mim é só vertigem Outra parte, linguagem Traduzir uma parte noutra parte Que é uma questão de vida ou morte Será arte? Será arte?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Poética do Eremita

Lembrei da primeira vez que vi um pássaro cantando ecoou por todo o Ulisses...



No deserto estão secas
as pedras que no mar se molhavam
a semelhança confunde o eremita que solitário demais
passou o tempo entregando-se à solitária memória
aqui a pedra seca
para o eremita não perdeu
a qualidade úmida de poder
ter estado ao pé do mar.

Vai saber?

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de mudar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha do que duvidar
Pensando bem pode mesmo chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de se dar
E pode aparecer onde ninguém ousaria se por
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha o que considerar
Pensando bem pode mesmo chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de jogar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não venha a reconsiderar
Pensando bem pode mesmo chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?

Eu espero

E eu aqui de novo... espantosa repetição... não?... Toquei a Lua... Como explicar isso? Foi tão delicado, tão forte, tão interno. Não saberia encontrar a palavra certa para isso. Então não digo nada. Prefiro ter a esperança de algo... Deixar a vida e o amor emergir.
No meu semi-esconderijo observo atenta... relações cotidianas Encontros Desencontros Casais que brigam se apaixonam Mal-entendimentos Atração repetina Perda A vida acontece

terça-feira, 18 de maio de 2010

Acalanto

É tão tarde A manhã já vem Todos dormem A noite também Só eu velo por você, meu bem Dorme, anjo O boi pega neném Lá no céu deixam de cantar Os anjinhos foram se deitar Mamãezinha precisa descansar Dorme, anjo Papai vai lhe ninar Boi, boi, boi Boi da cara preta Pega essa menina Que tem medo de careta

Dorival Caymmi

“…o amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta…”

O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.

Bukowski

Bosta de carência básica infantil, que nos torna para sempre patéticos, jamais capazes de vencer essa necessidade, sozinhos, de alcançar o amor. O amor, o amor, o amor. Vá para a puta que o pariu o amor. Todo esse imperativo de amar é puro masoquismo. De ser amado, mero sadismo.

Fernanda Young

Repetindo Cora Coralina: "Quebrando pedras e plantando flores".

Ruas abertas

A cidade é isso mesmo que você está vendo mesmo que você não esteja vendo nada. eixos que se cruzam. pessoas que não se encontram(Nicolas Behr)

Outro dia

Que dia doido. Pessoas são doidas. Eu sou doida, mas hoje eu juro as pessoas surtaram... De manha fui pro meu enterro habitual. É pé na cova -morte certa- à tarde oficina do Zé Celso. Eu juro que não entendi nada de nada. Se é que era pra entender alguma coisa. Só sei que Zé é doidão. Hoje não foi só loucura foi amor também. Depois de muito tempo a Lua apareceu. Linda clareando o céu da minha rua. Ela apareceu pra brincar com a gente. Que pena que minha noite não fechou com chave de ipês. Assisti a uma peça tosca. “Equívocos de direção”. Porra nenhuma era ruim mesmo. Dormi e nem aplaudi. Isso me faz lembrar que tenho que ir urgente assistir o espetáculo do concreto Entrepartidas. Morro se eu não for. Fica a dica. No banheiro aos berros de tanto ri encontro uma moça engraçada rindo também. E começamos a conversar do nada sobre a peça. Depois de algum tempo percebemos que não estávamos falando a mesma coisa. Como pode ela gostou da peça eu achando o contrario. Foi engraçado e pensei: isso daria uma cena. Duas personagens. Porque afinal de contas somos mais personagens do que homens... Lá fora a Lua tinha indo embora. Engano meu. Um pouco mais ao sul ela tava escondida entre prédios. Linda. Ás vezes agente ama.



ENTREPARTIDAS



Como assistir?
- O espetáculo tem público limitado a 26 pessoas, (para maiores de 14 anos). Os ingressos e/ou convites devem ser retirados na semana em que você irá assistir ao espetáculo;

Como adquirir?
- Para adquirir seu ingresso, procure a sede do Teatro do Concreto no SDS (CONIC) Edifício Venâncio V – Bloco R, Loja 20 - somente as quartas e quintas-feiras de 14h às 18h. Cada pessoa poderá retirar no máximo 02 ingressos;

Quanto custa?
- Durante a temporada as apresentações de 24/04 (vinte e quatro de abril) a 16/05 (dezesseis de maio) serão gratuitas.
- As apresentações de 21/05 (vinte e um de maio) a 30/05 (trinta de maio) serão cobradas, sendo R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia). Pagam meia entrada: estudantes com carteirinha, professores, pessoas com mais de 60 anos e quem doar um agasalho.

Que horas?
- Fique atento aos horários: as sessões serão sempre às sextas-feiras às 20h e aos sábados e domingos às 19h;

Onde?
- O início do espetáculo será sempre na plataforma inferior da Rodoviária de Brasília, nas proximidades do posto do Banco do Brasil (em frente ao Eixo Monumental no sentido de quem sobe em direção à Torre de TV), de lá sairá o ônibus que o conduzirá durante o espetáculo.

Maiores Informações:
(61) 3323-4079
http://www.teatrodoconcreto.com.br/
concreto@teatrodoconcreto.com.br

ORIENTAÇÕES pra Você que embarcará conosco....
- O espetáculo tem a Rodoviária de Brasília como ponto de partida e ponto de chegada dos espectadores;
- O espetáculo tem duração aproximada de 2h e 30 minutos;
- Há estacionamentos na parte superior da rodoviária, caso queira deixar seu carro, porém, não nos responsabilizamos por eventuais contratempos com o veículo;
- Sugerimos usar roupas e calçados confortáveis;
- Os objetos pessoais devem permanecer com você, portanto, não devem ser deixados no interior do ônibus, pois não nos responsabilizamos pelos mesmos;
- É proibido fumar dentro do ônibus e nos ambientes fechados;
- É proibido filmar e fotografar o espetáculo sem autorização prévia da produção;
- Celulares devem permanecer desligados;
- Há cenas em locais com espaço pequeno, sendo necessário que algumas pessoas sentem-se no chão;
- A platéia terá que caminhar em alguns momentos do espetáculo e pode precisar ficar de pé durante uma ou outra cena;
- É um espetáculo que lida com espaços públicos, portanto, sujeito a interferências de transeuntes, de clima e do trânsito da cidade.
- Caso você desista de assistir ao espetáculo, poderá tomar um ônibus, por conta própria, na parada da W3sul e retornar à rodoviária;

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Alguém ai pra me amar?

Tem alguém ai?

Tem alguém ai? Ei tem alguém ai? Por favor, saia dai... Porra! Apareça logo.

Tou sozinha com o silêncio... Não consigo preenchê-lo. É ensurdecedor. O silêncio me assusta... Escutaram esse barulho? Tem alguém ai? Não precisa ficar com vergonha... Deve ser o barulho das folhas secas no telhado.

Toda noite é a mesma história escuto uma pessoa atrás da janela me observando. Ela parece ser muito desajeitada porque tá sempre fazendo barulhos. Não falei. Ouviu? A mão dele acabou de bater no vidro da janela. Que ridículo... Você ainda ta ai? Sabe que tou me cansando disso...

Meu rádio quebrou. Não sei como. Essa manha fui ligá-lo e não funcionava mais. A única coisa que ele faz agora e chiar. Ás vezes ele liga sozinho e chia quando quer e se vou desligá-lo faz de cara mal entendido e não desliga. Meu radio me irrita. Ele não me obedece. Filho ingrato. Só porque agora queria escutar uma música. Uma que gosto muito, mas não me lembro o nome. Ela fala de amor. É de amor...

Sabe que eu não amo... Você tá me escutando? Sabe me dizer do que se trata o amor. Responde. Não. Você também não deve amar. Mais o amor serve pra quê? Ele tem sabor de quê? Desculpa "tava" tentando me lembrar de uma música e agora tou falando de amor...

Tava demorando meu radio começou a chiar. Sinfonia pro meus ouvidos apurados. Olha dá até pra ouvir um passarinho cantando. Tá escutando? O canto dos pássaros? Já tentei quase tudo mais você não fala comigo. Porque faz isso? Para de bobagem eu sou a única pessoa que você tem nesse momento. Porque se não você já teria partido há muito tempo. Quer saber, você e eu, somos assim um feito pro outro. Juntos estamos.

Bem que eu poderia te amar. É. Para de bobagem, eu te amo. Nossa como é fácil amar. Consigo até dizer eu te amo. Nem fiz esforço. Pra quê, não é? Você me ama? Me ame um pouquinho que seja. Não seja ingrato... Porra! Já tentei quase tudo, mas você não aparece.

Acho que vou dormir. “Agente assimila quando dorme”. Se você quiser ficar por ai fique a vontade só não se esqueça de apagar as luzes. Não insista com meu rádio ele só desliga quando quer. Aprecie a música...

Vou descansar...

Ideal

"Esta manhã acordei com a luz que atravessava a janela e observei-a fazer dançar os pontinhos de poeira...
...lembrei da dança que faz meu coração no peito sempre que seus olhos iluminam meu rosto e acordam meus sonhos.

Mais a tardinha, ouvi as folhas dos Ipês suspirando de prazer sob o calor, as borboletas se roçando entre os tufões...
Previ nós dois sobrevoando o sol, sussurrando em silêncio até que o universo pegasse fogo e virasse cinzas de segredos nossos.

Quando o sol se pôs, pus os olhos no futuro e encontrei você... Mergulhavas no mar e se transformava em lua, iluminando de azul a minha espera e povoando meu sono com a promessa de ti."

Preciso dormir...

domingo, 16 de maio de 2010

Um sol pra me queimar por dentro

"Procuro a lua todos os dias e só vejo as estrelas e mais estrelas. Duas semanas que não a vejo como minha companheira de noite. Estou com saudades mas tenho preguiça de insistir que ela apareça pra me dar atenção. E será que eu quero a lua mesmo? Ando pensando mesmo é sobre ter um sol pra mim, quero queimar a alma por dentro de tanto sentir… Sentir o que? Nem sei ao certo. Desejo desesperadamente algo que desconheço. Ansiosa por descobrir."

Dança da solidão

sábado, 15 de maio de 2010

Lua

12 de maio de 2010
Lua,
Já faz alguns minutos que estou tentando escrever algo pra você, mas não tou conseguindo por em palavras o que está aqui incrustado dentro de mim. Engraçado. Você causa em mim uma dificuldade de usar as palavras. Claro. Não tenho a sua fluidez... Quer saber não vou me preocupar muito com o que eu vou dizer. Vou deixar rolar porque você me dá asas pra fluir. Uma das melhores coisas que me aconteceu foi conhecer-la. “Vei, cara...” adoro seu jeitinho cabrocha de ser. Tão viva como uma flor do sol. Não sei explicar com precisão, mas alguma coisa mudou em mim depois que te inseri na minha paisagem, não digo só por mim, pergunte aos meus amigos o quanto tou diferente mais alegre e mais livre. Parte disso tem uma mãozinha sua. Você ver o mundo ao contrario. Adoro isso. Não tem tempo ruim, e se tem brinca com ele faz piada, rir, chora, fala palavrões. “Vei” você é a pessoa mais estranha que conheço e não me entenda mal. A sua estranheza me causa curiosidade. Única. Eu boba fico querendo desvendar seus mistérios quando na verdade você é mãe liberdade. Passarinho solto que canta no alto de árvores, casas, andaimes... “Não-sei-o-quê” sinto por você. Já disse que te amo que te presto atenção, mas acho que é bem mais que isso ultrapassa qualquer tipo de explicação. De qualquer forma é amor... Me sinto feliz em saber que está feliz que tá fluindo as coisas em sua vida. Fico mais feliz em tá perto de você... “Vei” acho que essa é a primeira vez que tou sendo tão aberta com alguém. Eu poço me mostrar como sou. Você me dá asas pra fluir... Ainda me lembro da primeira vez que te observei. Puff! Confesso que eu não sabia enxergar tantos sinais. Você nem olhava pra mim. Assustada. Mas eu continuei te olhando porque eu simplesmente não conseguia parar de te olhar. Na verdade é como se o tempo ali tivesse virado ao avesso, ou parado no tempo que parecia ser só nosso agora refletindo. Desse dia até agora não sei como, não pergunte me apaixonei por você... NÃO tenho MEDO e nem vergonha do que sinto. A gente de repente se apaixona... Tou aqui debaixo do prédio aquele que você dormiu perto da praça do cogu. Espero o tempo passar e como amanhã talvez seja o último dia que vamos nos ver com frequência me senti na necessidade de escrever quando não consigo falar em palavras faladas. É. Também sou ridícula!... Aqui vai uma: Você me faz tão bem... Voltando. Espero que essa ausência diária não seja motivo pra você me esquecer. Eu pentelha que sou não irei te esquecer pode ter certeza. Seja como for você já tá comigo. Dentro. Fora. Plantei no jardim um sonho bom e todo dia vou regá-lo. Se algo de mim ficou em você não deixe morrer se for bom, se não, ok. Seja como for que seja, seja bom, seja bom. Mas preste atenção a ausência sentencia a morte do amor... sei lá, vai saber. Tou falando caraminholas é que quero chegar até o final da última linha. Vou preencher essas linhas. Besteira minha. Esse papel mata-borrão não seria suficiente pra dizer o quanto te valorizo e te tenho com a atenção. Tou me lembrando agora da música que me faz pensar em você: “Se eu pudesse mostrar o que você me deu eu mandaria embrulhar chamaria de meu. Melhor forma não há, pra guardar um amor...”. Espero que me entenda, ou não... Mas tudo bem vou parar por aqui se não vou escrever um tratado daqueles que ficam no papel. Menti quando disse que um papel não seria suficiente pra dizer o quanto te valorizo. Nem precisava dizer isso em palavras. Se você reparar e prestar atenção vai perceber... É. Desculpe a enrolação vou parar dizendo a palavrinha final de todas as cartas de amor: Te amo. Porra! Espera ai vou terminar do meu jeito: Te valorizo.
Você não vai me esquecer?
Seria quase injusto, não acha?

Jessica


Posso te acompanhar?
Seja pra onde for
Debaixo de vendavais
Trepada em árvores
Em baixo dos blocos
Na praça
Posso te acompanhar?
Te mostrar meu lugar secreto
Me mostro
Me exponho
Posso te acompanhar?
Te levo pra conhecer minha casa
Minha vida, meus retalhos
Deixa eu te acompanhar
Prometo ficar em silêncio
Só observar... observar
Posso te acompanhar?
Como eu te valorizo
Vou te seguir sem permissão
Pode até recusar
Ficarei ao seu lado
Porque eu te presto atenção

Esperar é (Des)esperar(dor)!

Não-sei-o-quê

"E "amor" ela não chamava de amor, chamava de não-sei-o-quê."

Filhos de Brasília



















Nunca escrevi nada no meu blog contando como foi meu dia, mas é que eu preciso fazer isso hoje. Não tem nada de sobrenatural. Olha, meu dia foi magnífico. E por incrível que pareça foi, mas não vou contar essa parte. Essa é só pra mim. Mas vamos lá. Acordei 04h20min da manhã quer dizer da madrugada. É. Porque tenho que acordar pra fazer um lanchinho antes de sair e isso requer 30 minutos. Depois fui pro banho. Dependendo do dia varia minutos gasto pra isso, contudo quando tenho que lavar o cabelo aumenta o tempo pra isso. O que quase sempre é um motivo pra tá me atrasando pra coisas. É um saco. Logo eu que detesto chegar atrasada nos lugares. Tenho que sair de casa com no mínimo duas horas de antecedência se eu quiser chegar ao Plano Piloto na hora certa. Sou dependente. Dependente de transporte público logo sou uma cidadã fudida. Desculpe a palavra, mas pra quem mora no fim do mundo com eu (cidade satélite) e tem que pegar todos os dias um ônibus amarrotado de gente e que, além disso, pega transito e como se não bastasse o sofrimento ás vezes pego morte pelo caminho. Tenho que sair de casa 05h40min pra tá lá na capital federal. Mas é que ultimamente o cansaço tá me bebendo em goles lentos e acabo me atrasando. Bom, o motivo desse post não é pra contar como é meu dia, mas sim pra contar a minha realidade como cidadãzinha que depende do transporte público de merda de Brasília. Hoje peguei o ônibus atrasada. Fiquei na frente espremida com mais gente que todo dia se espreme com mais gente. Não consegui passar da catraca. Me perdoem os velhos, mas conheci uma idosa hoje que me tirou do serio. Era só eu encostar que ela soltava fogo pela boca. Eu juro que tentei não triscar nela, mas não dava era só aperto naquele inferno. Teve uma hora que pensei em mandar-la calar a boca e parar de reclamar. Até que me segurei. A final de contas era uma idosa e por mais que fosse ignorante tinha que respeitá-la. Foda. Isso nem foi o ápices. O caos se instalou com uma gritaria: “Fogo. Fogo. O ônibus tá pegando fogo.” De repente a velhinha ensandecida deu uma voadora pra cima de mim. Pronto o a multidão bateu pé em cima de mim. Era puxões de cabelo, braços na cara. Pânico. Pânico coçou o juízo das pessoas. Depois ter sido pisoteada consegui sair do ônibus. E nem era fogo era fumaça. Talvez por contar da super lotação deu pane no ônibus. Fora o caos já estava instalado há muito tempo. Um transito que na acabava mais. Normal. Agora era uma luta pra pegar mais um ônibus amarrotado de gente. Foi difícil. Cada um que passava levava um pouco de carga. Era aquele tumulto pra entrar. Simplesmente o ônibus andava com as pessoas do lado de fora. Porra. É gente. Pode não parecer. Mas somos gente. Falta de respeito com as pessoas. Depois de um tempo cedo arrastada pelos ônibus consegui pegar um vazio quando eu achei que tava tudo resolvido tirando o transito que ainda persistia, mais a frente outro ônibus quebrado por circunstâncias que desconheço. Meu ônibus parou de repente uma manada de abutres descontrolados começou a subir fui parar no colo de não sei quem. Cara. Me senti um saco de batatas. Pode isso? Brasília não dá conta de seus filhos. Acho que ela tá pedindo socorro. O saldo final: cheguei atrasada no teatro e pisoteada. O dia que se seguiu graças aos girassóis foi divino. Mas como no inicio disse que não iria contar isso. Só eu e mais uma pessoa sabe e assim será. Vou ter que dormir agora porque amanhã é “mais um dia, espremida, amontoada nesse mundo de gente que se agarra com força e pisa o pé no chão para não ser jogado em cada curva da estrada. Para não cair em cada freada que pega mais gente a se espremer no meio da gente. Feito bicho que se esfrega na carroceria do caminhão que carrega boi pros donos da minha terra... Saudade da minha terra.”

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Querer

Como se disfarça a intenção?
Olhar e não e não olhar
Tocar e não tocar
Beijar e não beijar
Estar e não estar
Abraçar e não abraçar
Ter e não ter
Como se faz para se entreter?
no pensar
no papel
na Lua
nos girassóis que se abrem na sombra
em meu peito
fora. Dentro
Em todos os cantos
nas palavras – na dificuldade de falar
no medo – na falta de coragem
na Clarineta- na falta de cadência
na caneta- na dificuldade de escrever
Como faz pra amar você?
Poder
Querer
Ser
Sem ter você
Como se faz pra dizer que não?

Depois dessa vou dormir sem escalas

ai, vou ver a vida.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Enquanto

Eu gosto de vir aqui. Gosto de observar as coisas, as pessoas, o vento... o tempo. Às vezes venho aqui justamente pra passar o tempo, mas o tempo nunca passa da mesma forma.
O que mais gosto de observar é o amor. Eu amo ver o amor nascer... você já viu? Espero que tenha visto. Se viu, você me entende. É tão inesperado, eu já vi o amor nascer nos lugares mais inusitados. Depois de um tempo, percebi que estes são justamente os lugares mais propícios. Os lugares inesperados, freqüentados por pessoas distraídas... daquelas que acham sem procurar...
Eu já vi o amor nascer em toques primeiramente acidentais de um vagão lotado, em itinerários que se coincidem há anos, em lugares vazios pela primeira vez ocupados lado a lado... eu já vi o amor nascer entre conversas sobre o tempo – “Você acha que vai chover?” – Puff! E nasce outro amor...
Ele vem assim mesmo, como uma pequena nascente, borbulhando os primeiros sinais de água de forma quase imperceptível, vai molhando, encharcando a terra ao redor e, depois de um tempo, lá está um rio feroz a cortar a terra, cruzando pedras, buracos, contornando montanhas, correndo preciso em direção ao mar, ao pleno mar, ao infinito mar...
Eu, raras vezes molhei os pés neste rio, tenho medo do mar...

Roberto Cardoso

Alecrim dourado

Alecrim, alecrim dourado
Que nasceu no campo
Sem ser semeado
Foi meu amor,
que me disse assim:
"Que a flor do campo,
é o alecrim".

terça-feira, 11 de maio de 2010

Quinto Andar

Quando eu olhei pra cima e não te vi,
não sabia o que fazer,
fui contar praquele estranho que eu gostava de você.
Ai, ai, será que foi assim?
Que foi o tempo que tirou você de mim?
E ele num momento hesitou,
mas depois não resistiu,
me contou que mil balões voando foi o que ele viu.
Pensei: não é possível que eu não tenha reparado.
Eu devo estar completamente avoada.
Dei quase 5 passos e parei,
não podia andar pra trás,
mas confesso não cabia enxergar tantos sinais.
Alô, eu sei, se chega até aqui, tão no limite não dá mais pra desistir.
Amor, porque eu te chamo assim, se com certeza você nem lembra de mim.

EV

Esquadrão da Vida volta às quadras e ruas de Brasília
O FILHOTE DO FILHOTE DE ELEFANTE
Uma brincadeira do Esquadrão da Vida
Adaptação livre de Ary Pára-Raios e do Esquadrão da Vida para o texto O Filhote de Elefante, de Bertold Brecht.
Direção: Maíra Oliveira
Com os atores-músicos-acrobatas: Caísa Tibúrcio, Gabriel Preusse, Joana Vieira, Maíra Oliveira, Rosana Loren e Vinícius Santana.

DIA 13 DE MAIO, QUINTA - RODOVIÁRIA DO GAMA
DIA 16 DE MAIO, DOMINGO – SQS 310
SEMPRE ÀS 17H


SINOPSE
A peça encena um espetáculo dentro do espetáculo ao mostrar o cotidiano de uma trupe que tenta finalizar uma montagem, oferecendo ao público uma mostra do processo de trabalho artístico e tematizando a construção e modificação da realidade vivida como obra conjunta de criação social. Através desses temas clássicos do teatro brechtiano procura-se despertar no público uma compreensão ampliada do valor prático da arte na mobilização da consciência coletiva e na construção de novos modelos sociais mais justos e inclusivos – o que se coaduna com a linha de trabalho conceitual que distingue as obras do EV ao longo de suas 3 décadas de existência.

CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA LIVRE
ENTRADA FRANCA
CONTATO: (61) 8409-4694 / 8127-8667 / 3347-5941
esquadraodavida@gmail.com

...

"Enfim, é preciso partir. Seguir a viagem. Entregar o passado. Esquecer todas as idealizações de algo que não pode acontecer. Ver os fatos. Por pingos, exclamações e interrogações - tudo em seu devido lugar. Revisar as intenções, ler a realidade, encarar o problema de frente. E principalmente, deixar as reticências para os contos e afins. As malditas devem ser eliminadas - são elas, as culpadas - enganadoras de coração, criadoras de caso, abutres do passado. Matemos as reticências. Ponto por ponto. Friamente. Com luvas brancas de pelica. E depois do assassinato, voltemos a caminhar. O simples fato de por um pé, depois o outro. Perceba as cores desse equilíbrio instável. Aceite o esbarrão, o tropeço. Mas abra as mãos. Recicle seus pedaços. Desintoxique. Entregue o cheiro que não te pertence mais. Sim, esqueça as reticências, elas estão mortas. Não adianta. Volte a dançar com o acaso, coma todas as gentilezas por ai. Esse é o melhor perdão para frios assassinatos." Patrícia Del Rey

C.L.

“Sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro!”
Pérolas centenárias de Dercy Gonçalves: "Coisas que eu gosto de fazer na vida: Comer e dormir. Adoro comer. Ah, também cagar. Cagar é uma maravilha"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Minha alma irmã







Chegou a hora de partir

É. Não estou nada bem. Vou ter que me ausentar por uns meses. Dois. Não sei. É que a realidade bateu hoje lá em casa. Crua. Trouxe em sua mala a obrigação. Tanto pestanejei, roguei que não voltasse tão cedo. Quem sabe no próximo semestre. Talvez eu estivesse mais forte e organizada. Não sei. Vai saber... Não tem jeito. Vou ter que ir. Bem que uma sabia dama me disse: Vai chegar a hora do rompimento e você vai ter que ir. Eu deveria ter me preparado pra isso. No fundo sempre achei que não iria acontecer. Merda. É. Difícil deixar algo que se ama tanto. Mas também não devo ser tão egoísta. Ganhei tantas coisas boas esse início de semestre. Valeu muito à pena ter insistido em continuar. A vida é assim. Escolhas. E agora chegou mais um momento de fazer escolhas. Se vou acertar, não sei, mas o intuito é sempre acertar. Espero agora fazer a escolha certa. Ô fase complicada essa. Cheias de escolhas. Quer saber eu vou parar de sofrer e como diz Maira “tem tempo pra tudo nessa vida”. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Mas tudo bem...
“Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia – a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la –, na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me mesmo seja de novo a mentira que vivo.” Clarice Lispector

sábado, 8 de maio de 2010

Pina Bausch


Entre mesas e cadeiras desertas, um corpo vestido de branco. Atravessa o espaço de olhos cerrados e lança-se contra a parede cinzenta. Uma e outra vez. Corpo cansado, indefeso. Encosta-se, enrola-se, abraça-a como se fosse sua a pele do muro. Não é. É a dor, consciente de si. Abandono. Cegueira. Outro olhar não será possível sobre o terrível esplendor da perda, num palco tão cheio de ausência. O corpo esguio e desaparecente percorre o lugar lentamente, ou numa súbita urgência, e desenha a vertigem: um círculo em redor do vazio. É a embriaguez sonâmbula da insone. Tão frágil o seu corpo. Fantasma. Só, no seu lamento. Mesmo estando lá o seu duplo, ergue-se à nossa frente o desencontro e a impossibilidade do abraço. Como na ária que escutamos: o violino toca desencontrado da voz da soprano.

Esquadrão da Vida ( O filhote do filhote de elefante)