Uma árvore grande, retorcida chama meu nome. Aceito o encontro na claridade da manhã. Dia verde. Grama da manhã ainda molhada salpica em meus pés calejados. Bem-te-vi ao longe anunciando minha chegada. De perto ela é mais linda do que eu pensava. Uma santa cravejada de flores amarelas. Seu corpo enorme é um berçário. Quente. Água morna sobre o corpo. Me deito em seus braços rugosos. Em minhas costas sinto suas ramificações. Sinais. Balançar de mãe... Meu canto materno... De flor em flor de pensar em pensar cabeça não para de girar. Pensa na lua da noite que estar bem ali perto. A pouco passos trepada em outra árvore retorcida... Tento parar de pensar. Inutilmente. Disfarço as minhas intenções. Como se faz para dizer que não? Apenas pare, respire. Não pense por um segundo... É difícil, eu sei, mas vieram os pássaros, formigas de guerra, folhas verdejantes. Seiva. Mel na boca. E confesso só minha mãe me compreende. Sim. Minha mãe árvore sua filha chora de alegria. Chora chá verde. Rego... Adormeço... De repente como um susto ele aparece para mim. Ele me olha atento. Não pisca. Cospe fogo. O Sol... Ele invade minha casa chamuscando fogo e cinzas pelo chão. Se enamora. Agente de repente se enamora... O amor é muita coisa dar em todo o momento. Pela primeira vez me apaixono pelo sol. Penso: não é possível que eu não tenha reparado. Eu devo estar completamente avoada. Como eu nunca olhei pra ele?... Fecho os olhos e sinto tudo. Permaneço. Até quem sabe o próximo chamado... É. Eu renasci. Como um brotinho eu renasci. Minha mãe se chama árvore. Meu pai se chama pássaro aquele que canta no alto dos prédios, andaimes. Ele canta, cochicha no ouvida da minha mãe. Eles me encheram de amor, carinho e atenção. Cresci. E fui atrás do meu presente. Dei quase cinco passos e parei. Não sabia enxergar tantos sinais. Me deitei na grama molhada. Ofereci uma flor a ele. Como eu te valorizo... Nascia ali um amor absoluto. Vem. Eu te encho de beijos te chamo de meu. Vem pra minha casa. Lá o sabia canta a menina faz festa de dia e a noite tem fogueia tem histórias. Me chamo Maria filha da árvore grande. Desde pequena meu pai me ensinou a assobiar, cantar. Faço festa também no seu coração se você quiser. Vem?... Como pode se apaixonar pelo sol? Eu que tanto desprezei. Pouco te dei atenção. Agora, não pergunte, só sei que amo você... Como se faz para ter? Como se faz para não morrer? Como se faz pra amar você? Peço desculpas pelos anos despercebidos. Sou uma idiota, eu sei. Mas o que eu penso mesmo é ser feliz e encontrar alguém que me faça mais feliz e me encha de beijos que me der asas pra voar. Que seja você amado Sol... Acordei depois de infinitas horas. O despertador tocou. Vamos. Roubaram meu presente. Para. Não devo ser tão egoísta. O sol não é só meu. É de quem quiser tê-lo com atenção. Acho que vou te inserir na minha paisagem e quando bater a saudade olho pro céu depois vou descansar na casa mãe e faço nosso chá verde.
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