domingo, 24 de abril de 2011

Aula de Inquietação



Quem já assistiu a uma Aula de Inquietação?  Um movimento para reflexão, um espaço para reflexão do pensamento.  Todos os anos acontecem aulas de inquietação na UnB, onde convidados são chamados a desenvolverem suas inquietações. Esse ano foram convidados o escritor Eric Nepomuceno e o músico e professor da Universidade de São Paulo, José Miguel Wisnik.

O Teatro Arena na UnB estava lotado de pessoas que se inquietam. A grande maioria eram alunos do Marista e em pequena quantidade os alunos da UnB. Uma triste realidade não ver em peso alunos na UnB num espaço para reflexão em suas várias formas. Não tinha lousa, giz, cronograma, não tinha pauta, o pensamento fluía sem recriminação. Quem tinha boca joga para mundo sua inquietação.

Deveria ter aula de inquietação todos os dias, ou pelos menos, que as pessoas se expirassem mais a refletir sobre o mundo. Percebi que estando dentro de uma universidade, tenho mais liberdade em expressar meus anseios, minhas inquietações sobre o mundo que me cerca. Quando se é jovem a gente tem mais tempo pra questionar. Em umas de suas falas Nepomuceno disse que a juventude é a principal arma que pode existir. Nós jovens temos a capacidade do assombro, de querer conhecer mais, temos a curiosidade a flor da pele. Os sonhos da juventude não podem serem esquecidos ou guardados na gaveta mental.  “Nunca sejam traidores de seus sonhos de juventude”, inquietou-se Nepomuceno.

Sempre me assombrei em querer saber todas as respostas. Mas agora eu acredito mais nas perguntas do que nas respostas, assim como Eric. Quando mais me alimento do mundo mais tenho questionamentos. E hoje, eu sei que não terei todas as respostas que preciso. Já não me preocupo se não sei por quê.  E tudo bem, porque eu continuo acreditando no poder do conhecimento.

Duas pessoas completamente diferentes se reúnem para Aula de Inquietação, Eric Nepomuceno e José Miguel Wisnik. Em umas das suas primeiras falas Eric fala que não acreditava em inspiração, logo depois Miguel argumenta que acredita em inspiração quando se permite a troca. O curioso dessa aula que não há certo e o errado, todos temos nosso pontos de vista. Não temos só um canal de conhecimento. As intuições, as experiência ao longo da vida, também, são formas de conhecimento.

O que me (te) inquieta? Mais uma pergunta para minha listinha de reflexões. Qual o papel que temos que desenvolver? O que tenho a oferecer ao mundo?  São tantas perguntas que ficaram...

Outro desespero que foi por água abaixo foi minha desconfiança com a incerteza.  “Não confio na certeza eu confio é na incerteza”.   A gente aprende com o outro também. O conhecimento se amplia em coletivo. Por isso que eu digo aprender é mais que estudar. Eu aprendo vivendo e refletindo.

Um momento para guardar na memória, foi quando Miguel cantou sua composição que fez com o lendário José Celso Martinez Corrêa, conhecido como Zé Celso.

“A primavera é quando ninguém mais espera
A primavera é quando não
A primavera é quando do escuro da terra
Acende a música da paixão
A primavera é quando ninguém mais espera
E desespera tudo em flor
A primavera é quando acredita
E ressuscita por amor
A primavera é quando espera
A primavera é quando não
A primavera é quando do escuro da terra
Acende a música do tesão.”

É inegável que o conhecimento é a nossa arma contra a alienação. Por isso não entendo como uma aula de inquietação não esteja à comunidade acadêmica em geral.  Da minha turma de logística só foi eu e a professora. Levei falta nas demais aulas, mas aprendi mais do que  nas aulas maçantes do sistema brasileiro de educação.  Me pergunto porque os jovens da atualidade são tão omissos? Não sei se é o mecanismo, o sistema, o consumismo, ou os próprios jovens que não reconhecem o poder que possuem em questionar sobre as coisas. Vamos nos inquietar mais, questionar mais!

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