quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Lero-Lero

E lá se vai mais um ano, e as promessas ficaram para trás. Dar pra contar nos dedos as que cumpri com dedicação. E no final, apesar de ser tão contraditória e efêmera, acabei chegando a outros lugares. Uns com flores no caminho, outros com pregos que acumularam na minha sola.

Saber que finalmente consegui entrar no curso de cênicas, me deixa feliz. Foi tão difícil entrar naquela porra. Mas tô lá, e não vou negar, bate um desespero ás vezes. Eu tenho 22 anos e estou na minha segunda/terceira graduação. E ainda por cima, sou uma clandestina em outra graduação (dança). Ai se pegam, eu não tô nem aí. Enquanto isso tô dançando, atuando, performando e fotografando nas horas ociosas. Ganhando experiência, experimentando leve na maior parte do tempo. Ás vezes chega um pesar nas minhas costas, mas já tou tão macaca velha, que logo jogo um balde de água fria pra acordar e deixar leve a caminhada.

Meu saldo final de 2011 foi mais positivo que mil divãs. Nunca viajei tanto na vida, e muitas vezes sem pagar nada. Conheci um mundaréu de gente, de terras, de ruas, me encontrei em muitos lugares, me perdi em outros. Fiz festa na praia do Leblon, dancei com o mar calmo. Fiquei observando as ondas levarem todo aquele peso que um dia me deixaram mais velha, sem cor.

Eu vi nascer outras mulheres em mim. Eu vi muitas delas morrem pra nascerem outras. Isso de morrer ajuíza os juízos, ou não. Fui tantas mulheres, fui nada, fui vádia, fui aperto no peito. Solidão na maior parte do ano, uma doce solidão que a música dele levava de mim (Marcelo Camelo). Ele me dizendo “que tudo passa”. E passa mesmo, se me distraio já tô morrendo de novo.

É assunto de mais pra caber aqui. Enquanto não caibo em palavras, eu danço. Dançar me deixa menina leve, cabelo solto. Nessa onda de danças, eu entrei numa Cia. de dança. É eu to dançando, tudo aconteceu tão rápido que ainda não tive tempo para refletir. A única coisa que me inquieta nesse novo grupo é um estimulo de competição, isso me assusta. “É cada um por si na sua própria bolha de ar.” Não tô acostumada com isso. Teatro é diferente, não se faz teatro em sua própria bolha de ar. Sei lá, espero que seja uma impressão errada da minha parte.

A única coisa que não consegui em 2011 novamente, foi um amor. Só tive um amor platônico, um amor ainda de 2010, um amor medo de Santos, e nada mais. Eu não sei o que acontece comigo, mas eu não sou do tipo de alguém me querer. E quando isso remotamente acontece sentem medo. Fodam-se, fodam-se todos todas. Ainda bem que tenho doutorado em solidão, senão eu tava fudida. Mas bem no fundo acho que isso seja uma armadura que criei pra me defender. Mas tem dado certo. Na falta de um amor, eu viajo só.

Mas na verdade “o que eu penso mesmo é encontrar alguém que me dê carinho e beijo... Ah, eu só quero amor. Seja como for o amor. Seja bom, seja amor.” Que o novo ano me traga um amor, seja como for, seja quem for. Seja amor. Que venham outras promessas não cumpridas, de certo outros lugares surgirá.

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