sábado, 26 de janeiro de 2013
"e,circunstancialmente, entre posturas mais urgentes, cada um deve
sentar-se num banco, plantar bem um dos pés no chão, curvar a
espinha, fincar o cotovelo do braço no joelho, e, depois, na altura do
queixo, apoiar a cabeça no dorso da mão, e com olhos amenos assistir
ao movimento do sol e das chuvas e dos ventos, e com os mesmos
olhos amenos assistir à manipulação misteriosa de outras ferramentas
que o tempo habilmente emprega em suas transformações, não
questionando jamais sobre seus desígnios insondáveis, sinuosos, como
não se questionam nos puros planos das planícies as trilhas tortuosas,
debaixo dos cascos, traçadas nos pastos pelos rebanhos: que o gado
sempre vai ao poço."
Nassar, Raduan, 1935. Lavoura arcaica / Raduan Nassar. - 3. ed rev. pelo autor -São Paulo:
Companhia das Letras, pág. 104, 1989.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
minha casa não tem meu jeito, minha parede conta
outras histórias que não são minhas. minha casa mostra um tempo
passado-presente que não foram tecidos pelos os meus dedos. da parede que tomei
para mim, cobri de retalhos na tentativa de abrir espaços, na tentativa de um
vento inverso que me leve a habitar uma casa nova. mudar-me-ei agora de mim,
onde eu habite outro eu que ainda seja eu em uma nova casa. quero poder mudar a
cada instante, errar a casa instante e não dever uma perfeição que eu não sou. nunca
disse que eu era perfeita, minha nova casa está uma bagunça, e insistem em me
cobrar uma perfeição preciosa que não sou. essa
mudança me provou da certeza do risco, do cisco, da complexidade das relações
humanas tortuosas, e da necessidade de pintar uma parede, habitar um espaço e deixá-lo
ir ao mesmo tempo. deve ser por isso que deixei muita memória na casa de lá, da
casa de cá vou praticar com mais rebeldia o desapego. fazer doutorada no tempo
presente, enviar cartas que sempre penso em mandar. dizer mais eu te amo não
com a afirmação da distância, mas com a afirmação do amor que tudo envolve e
quer respirar. pretendo me dedicar e não me obrigar a ser feliz, pretendo me
revisitar toda vez que o processo necessitar, pretendo praticar o amor com mais
afeto e sinuosidade de uma árvore de porte grande e longas raízes. pretendo e
não me obrigo a me apaixonar. me pretendo dançar mais com minhas manifestações,
inquietações, com as minhas frustrações pretendo
a sagacidade de um rio, o percurso torto
em vez de toda dureza que ainda possa existir. pretendo viver, e já me é o
bastante.
sábado, 12 de janeiro de 2013
Palavras, calas, nada fiz, estou tão infeliz; Falasses, desses, visses, não, imensa solidão; EU SOU UM REI QUE NÃO TEM FIM, E BRILHAS DENTRO AQUI; Guitarras, salas, vento, chão, que dor no coração...Cidades, mares, povo, Rio, ninguém me tem amor; Cigarras, camas, colos, ninhos, um pouco de calor; EU SOU UM HOMEM TÃO SOZINHO, MAS BRILHAS NO QUE SOU, E O MEU CAMINHO, E O TEU CAMINHO, É UM, NEM VAIS, NEM VOU...
...Meninos, ondas, becos, MÃE, E SÓ PQUE NÃO ESTAIS, ÉS PARA MIM, E NADA MAIS, na boca das manhãs; SOU TRISTE, QUASE UM BICHO TRISTE, E BRILHAS MESMO ASSIM; EU CANTO, GRITO, CORRO, RIO, E NUNCA CHEGO A TI!
...Meninos, ondas, becos, MÃE, E SÓ PQUE NÃO ESTAIS, ÉS PARA MIM, E NADA MAIS, na boca das manhãs; SOU TRISTE, QUASE UM BICHO TRISTE, E BRILHAS MESMO ASSIM; EU CANTO, GRITO, CORRO, RIO, E NUNCA CHEGO A TI!
eu acredito nas sutilizas
eu acredito na improvisação
eu acredito no pequeno e no sincero
eu acredito nos que tem fome
eu acredito em quem dança a sua própria dança
eu acredito na chuva que renova
eu acredito em que tenta fazer sua própria receita, e muitas vezes inventa
eu acredito no aqui e no agora que já é um instante atrás do outro
eu acredito nos abismos, nos buracos, nos vazios, nos silêncios
eu acredito em pessoas, mas não em todas
eu acredito na minha perna torta, na minha base fraca que me proporciona um desiquilíbrio diferente, no meu centro não apurado, mas improvisante
eu acredito na sensibilidade e não na forma
eu acredito no céu na boca, no beijo no estômago , no erro
eu acredito nas desimportancias, eu acredito no tempo, e já é o bastante.
eu acredito poder voltar pra casa e me encher de céu na boca.
eu acredito na improvisação
eu acredito no pequeno e no sincero
eu acredito nos que tem fome
eu acredito em quem dança a sua própria dança
eu acredito na chuva que renova
eu acredito em que tenta fazer sua própria receita, e muitas vezes inventa
eu acredito no aqui e no agora que já é um instante atrás do outro
eu acredito nos abismos, nos buracos, nos vazios, nos silêncios
eu acredito em pessoas, mas não em todas
eu acredito na minha perna torta, na minha base fraca que me proporciona um desiquilíbrio diferente, no meu centro não apurado, mas improvisante
eu acredito na sensibilidade e não na forma
eu acredito no céu na boca, no beijo no estômago , no erro
eu acredito nas desimportancias, eu acredito no tempo, e já é o bastante.
eu acredito poder voltar pra casa e me encher de céu na boca.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
estou ficando
cética demais, mas com alguma moderação na pele. pessoas de vento amenizam minha
letargia. não querendo comemorar meu aniversário fui levada para comer o mais
gostoso bolo da cidade. realmente era o bolo de cenoura com chocolate mais
gostoso da cidade. a júlia toda toda engenhosa até conseguiu uma mini vela pra
colocar em cima do bolo. tivemos que lutar contra o vento pra deixar a velhinha
acesa por dois segundo. por três segundos consegui apagar a vela, mas desconfio
que a empolgação me enganou e o vento foi mais eficaz. a vela deve ter gostado
ser tocada pelo vento, o vento de ontem estava veranizado. ainda não querendo
comemorar meu aniversário o betz me levou para almoçar, e nem foi o melhor o
almoço do mundo. mas consegui a façanha de gasta três reais e alguns quebrados
na luta de ter que comer fora de casa nessa cidade que a cada dia fica mais
caro tudo... pela manhã encontrei o mundo pelo caminho, uma bola de isopor
pequeninha desenhada com a terra que é toda azul de água. meu elemento terra me
presenteando para cuidar dos meus jardins. só assim cuidando das raízes, do
tronco, das folhas, da seiva poderei colher flores veranizadas. não querendo
comemorar recebi o primeiro abraço do dia mais gostoso da minha mãe. ao sair de
casa para rotina de trabalho dei um beijo na minha irmã, não quis acordá-la. mas
sei que ela ficaria feliz se eu tivesse acordado pra me dar um abraço. não
querendo comemorar, não fiquei triste com a não lembrança da minha tia. porra, ela
trabalha muito nessa vida pra ter uma vida digna e menos miserável. não
querendo comemorar meu aniversário recebi muitos abraços de pessoas queridas ao
longo do dia. não querendo comemorar meu aniversário, eu contava com a penas
uma expectativa certa, de que meu melhor amigo me presenteasse com um abraço. ele
acabou esquecendo do meu aniversário, e
não querendo nada acho que estou muito puta com ele. preciso dizer pra não
azedar aqui dentro. não querendo comemorar, cheguei em casa a noite e preparei
um super beiju com manteiga. três belos beijus de aniversário. não querendo
comemorar meu aniversário recebi uma ligação inesperada de uma amizade antiga
que havia sumido dos meus olhos. bateu uma saudade de mar e uma felicidade
preciosa, era um presente vindo de tão tão distante. não querendo nada ganhei o
mundo com tão pouco, e que meu ceticismo seja sanado com sutilezas.
gratidão.
Se você quer ser um guitarrista do Iron Maiden
Extravagâncias, amantes, dívidas,
separações, alegações de incesto,
morte por febre,
se você quer ser um guitarrista do Iron Maiden
tem que carregar consigo um Lord Byron.
Tem que ser antigo como são antigas a bactéria,
a chaga de Cristo
e tudo o mais que a medicina não deu cabo.
De teu motor valvulado, corrosivo e perecível
você tem que extirpar cadeados de lamentos,
cruz e sacrifícios.
Você tem que ser teu próprio pronto socorro,
da selvageria que é a vida,
do osso quando arrebentam
pancadarias na arquibancada,
uma taça feita de crânio, as perfurações,
as úlceras, as lesões, as ofensas,
as injurias, os agravos.
Você tem que saber que não é invulnerável,
que vão te fazer a corte e os cortes,
nunca as suturas.
Você é antigo na dor,
faz de sangrias coaguladas o teu pranto.
Você colocou a mão esquerda na labareda,
deu-a de bandeja à palmatória.
Com a outra você cometeu haraquiri.
E o show ainda nem chegou na metade.
separações, alegações de incesto,
morte por febre,
se você quer ser um guitarrista do Iron Maiden
tem que carregar consigo um Lord Byron.
Tem que ser antigo como são antigas a bactéria,
a chaga de Cristo
e tudo o mais que a medicina não deu cabo.
De teu motor valvulado, corrosivo e perecível
você tem que extirpar cadeados de lamentos,
cruz e sacrifícios.
Você tem que ser teu próprio pronto socorro,
da selvageria que é a vida,
do osso quando arrebentam
pancadarias na arquibancada,
uma taça feita de crânio, as perfurações,
as úlceras, as lesões, as ofensas,
as injurias, os agravos.
Você tem que saber que não é invulnerável,
que vão te fazer a corte e os cortes,
nunca as suturas.
Você é antigo na dor,
faz de sangrias coaguladas o teu pranto.
Você colocou a mão esquerda na labareda,
deu-a de bandeja à palmatória.
Com a outra você cometeu haraquiri.
E o show ainda nem chegou na metade.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
dessas duas tenho só mais uma
daí o tempo pode até me tirar
e antes desse processo inevitável
enrolo ele um tiquinho
só pra a-lembrar um tiquinho a-memória.
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