terça-feira, 22 de janeiro de 2013

minha casa não tem meu jeito, minha parede conta outras histórias que não são minhas. minha casa mostra um tempo passado-presente que não foram tecidos pelos os meus dedos. da parede que tomei para mim, cobri de retalhos na tentativa de abrir espaços, na tentativa de um vento inverso que me leve a habitar uma casa nova. mudar-me-ei agora de mim, onde eu habite outro eu que ainda seja eu em uma nova casa. quero poder mudar a cada instante, errar a casa instante e não dever uma perfeição que eu não sou. nunca disse que eu era perfeita, minha nova casa está uma bagunça, e insistem em me cobrar uma perfeição preciosa que não sou.   essa mudança me provou da certeza do risco, do cisco, da complexidade das relações humanas tortuosas, e da necessidade de pintar uma parede, habitar um espaço e deixá-lo ir ao mesmo tempo. deve ser por isso que deixei muita memória na casa de lá, da casa de cá vou praticar com mais rebeldia o desapego. fazer doutorada no tempo presente, enviar cartas que sempre penso em mandar. dizer mais eu te amo não com a afirmação da distância, mas com a afirmação do amor que tudo envolve e quer respirar. pretendo me dedicar e não me obrigar a ser feliz, pretendo me revisitar toda vez que o processo necessitar, pretendo praticar o amor com mais afeto e sinuosidade de uma árvore de porte grande e longas raízes. pretendo e não me obrigo a me apaixonar. me pretendo dançar mais com minhas manifestações, inquietações, com as  minhas frustrações  pretendo a sagacidade de um rio, o percurso  torto em vez de toda dureza que ainda possa existir. pretendo viver, e já me é o bastante. 



Um comentário:

  1. Mudar e errar não rima com casa que não seja caracol. E tenha pedras e telha.

    Já respirar como quem vive, a gente faz em qualquer lugar e de qualquer maneira.

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