Extravagâncias, amantes, dívidas,
separações, alegações de incesto,
morte por febre,
se você quer ser um guitarrista do Iron Maiden
tem que carregar consigo um Lord Byron.
Tem que ser antigo como são antigas a bactéria,
a chaga de Cristo
e tudo o mais que a medicina não deu cabo.
De teu motor valvulado, corrosivo e perecível
você tem que extirpar cadeados de lamentos,
cruz e sacrifícios.
Você tem que ser teu próprio pronto socorro,
da selvageria que é a vida,
do osso quando arrebentam
pancadarias na arquibancada,
uma taça feita de crânio, as perfurações,
as úlceras, as lesões, as ofensas,
as injurias, os agravos.
Você tem que saber que não é invulnerável,
que vão te fazer a corte e os cortes,
nunca as suturas.
Você é antigo na dor,
faz de sangrias coaguladas o teu pranto.
Você colocou a mão esquerda na labareda,
deu-a de bandeja à palmatória.
Com a outra você cometeu haraquiri.
E o show ainda nem chegou na metade.
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