o caminho é longo
e a vida é breve. a vida é breve e surge uma coragem desmedida em mim. um
cavalo no meu peito correndo em direção ao mar. olha a vida e quer molhar o
corpo inteiro no mar das incertezas. um paradoxo, uma coragem de viver na
intensidade do amor que me rouba do tempo. que me rouba de mim e me perco.
o tempo que cura a
dor e transforma em pulso a vida. batimentos cardíacos sem categorias.
descobri que a
caminhada se faz a pé mesmo, passando por todos os tipos de terrenos. e quanto
mais me encaminho a mim mais posso sair dos meus castelos. sair pra passear, ver,
olhar, sentir, respirar, silenciar.
os tijolos eu vou derrubando pra construir outros caminhos. caminho de árvores me parecem mais vivos que tijolos e muros de pele.
os tijolos eu vou derrubando pra construir outros caminhos. caminho de árvores me parecem mais vivos que tijolos e muros de pele.
nunca fui covarde
em andar pela vida. se tive medo fui com ele. a entrega talvez não tenha sido
tão plena, mas talvez não fosse o momento naquele processo.
e não é à toa que
se tem uma vida pra viver. se bem que não acredito em apenas em uma. a vida é
um dos mistérios mais divinos que pode existir. é lindo isso. não tenho
palavras, mas tenho sentimentos pulsando em mim. se eu pudesse dançar isso por
meio dessas palavras, talvez alguém enxergaria.
a minha jornada
foi feita de encontros e de fugas. agora nesse tempo de mudanças e trovoadas
vindo da vida não preciso mais fugir. me
tornei pra mim um encontro vasto. um risco de querer me conhecer a cada em
encontro. de me abandonar e voltar a mim. de ir no outro mesmo com avalanches e
redemoinhos internas. tenho aprendido a ter mais calma. calma de um bebê recém-nascido
conhecendo a vida.
curioso que nessa
busca de liberdade tive que conquistar minha solidão primeiro. conquistar minha solitude
dançando e tendo medo. o medo que me impulsionou para o abismo. eu sempre me
joguei em abismos, vou fundo. quando vejo já estou estatelada no chão como um
abacate que cai na seca. abacates se lançam do alto como quem se lançam na morte
querendo nascer. eles se jogam pra se perder na terra. "... tem força
suficiente para admitir que quando não mais se aguenta... tomba... quando não
suporta cai, desapega, desgruda, em queda livre, ponto em risco até a
semente..."
o bom da vida é se
perder. abraçar seus monstros e anjos. olhar pra vida com olhos de criança. porque
a realidade é uma das piores ditaduras que pode existir.
quero antes de
tudo agradecer a vida pelos sinais de amor que sempre existiu. pela delicadeza
que sou agora pra ter calma de viver. agradecer pelo engajamento de vida que
sempre existiu e que agora e percebido com mais intensidade. obrigada pela
abertura para outro. e não é fácil. nunca foi.
melhor que a
solitude de se ser é caminhar a pé com outros. somos. não estou mais sozinha,
pois percebo que a coragem e a covardia é um jogo que se joga a cada instante
do viver.
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