pressentindo sua
presença resolvi sair de casa com uma sacola de plástica pra proteger meu fone
de ouvido. e você veio como meu instinto pressentiu. você sabe que sou
apaixonada por músicas, que quando corro pela cidade meus ouvidos viram uma
discoteca ambulante. o plástico salvou a tecnologia. enquanto eu, livre, corria
como um cavalo com água nos pés. dessa vez foram águas nos meus pés que me
lançaram no abismo da vida. de gotas pequenas até trovoadas intensas da chuva
tanto esperada por mim. você veio. corri, corri, corri, corri... senti você em
mim. me rasgando, me invadindo, me amando, me querendo por todos os lados. eu
te tive em pressentimento e presença. e acalma do fim do arrebatamento trouxe o
caminhar. caminhei com você e o vento que nos levou além de nós. sopramos, chovemos,
dançamos numa quarta de impulsos. dessa vez resolvi voltar pra trás, você já
tinha cessado, mas a presença havia mudando todo espaço, o cheiro das coisas. voltei
e tudo não era a mesma coisa que tinha sido da corrida inicial. era tudo assim
novo novamente. as cores estavam azuis, o amarelo no azul, o verde no azul... o
azul no caminho se fez de volta pra casa. aí pensei nessa vontade louca que
estar me dando de dar um tempo com brasília. eu a amo, mas precisamos dar um tempo.
preciso disso pra viver. ela me entende.
te contei que
peguei no caminho cagaita? que a primeira mordida que dei senti a vida em mim?
te contei que catei no caminho uma fruta desconhecida? não sei do que se trata. ela tá na cozinha agora me esperando.
ela me
chama nesse momento.
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