domingo, 28 de abril de 2013

viver é ir morrendo todos os dias.


domingo tem sido um dia daqueles, do qual eu não sei porque e há algo estranho. a cidade também é estranha num dia de domingo, cada pessoa caminha solitária de si.
eu percebo como as pessoas necessitam de alguém estranho para soltar qualquer assunto no vento... algumas... como aquela mulher de andar cambaleante que ao atravessar o eixão começa a falar comigo do outro lado antes mesmo de terminar a travessia.
ela passou por mim num instante e se perdeu nos braços da cidade.
tem sido um ensaio esses últimos dias do mês. ensaio...  pois o percurso é cheio de pedras pequenas que cobre o rio, e a gente quase não ver por ficar no quase.
domingo tem sido um dia de voltar pra casa e perceber que a partida é sempre necessária, que a volta me  reconecta com minhas raízes mais profundas. minha terra sempre foi vermelha, pois meu corpo sempre sangrou. me vejo como uma terra misturada nunca pura e fina, me vejo terra no cerrado. me sinto sendo cidade num dia de domingo.
me sinto com antenas afiadas, coração aberto, exposto, com muitos remendos.
eu gosto de ser domingo e caminhar perdida pela cidade. e tudo faz sentido até não fazer mais durante a semana. 

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