sexta-feira, 31 de outubro de 2014
vai procurar alegria. fazer moradia na luz do luar. vai brincar!
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que possamos sustentar a presença enquanto nos relacionamos.
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
domingo, 26 de outubro de 2014
sábado, 25 de outubro de 2014
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
quando o olho brilhou, entendi... quando criei asas, voei... quando vi você, me apaixonei...
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quarta-feira, 22 de outubro de 2014
sétimo dia:
agradeço pela dança da vida
agradeço a minha mãe por ser um presente força e coragem na minha vida
agradeço a minha tia que me abriu mundos
agradeço meus irmãos-meus filhos
agradeço cada pessoa que passou em minha vida e que ainda vai passar
agradeço os amigos que me acolhem do jeito que sou
agradeço a dor
agradeço o vinicius meu primeiro amor
agradeço a brincadeira da infância
agradeço o brincar, o despertar, o permitir, o deixar ir, o desapegar, o morrer,
agradeço eternamente o amor
agradeço o amor que me fez ir pra são paulo sem medo e visitar um grande amor
agradeço a camila meu grande amor
agradeço a camila lua
agradeço o roberto esse amor que vai além do que posso intuir
agradeço o vento que renova a vida
agradeço o tempo
agradeço a dança meu grande amor de entrega
agradeço os livros que encontro no caminho
agradeço manoel de barros
agradeço a poderosa clarice lispector
agradeço o mar
agradeço o céu
agradeço as nuvens
agradeço a tati por essa mulher preciosa na vida
agradeço a janaína diniz por me trazer luz num momento de caos
agradeço a arte - sua poderosa transformadora de vida
agradeço a jessica por indiretamente me permitir ver
agradeço a loucura
agradeço a tristeza
agradeço a alegria
agradeço a deus
agradeço a terra
agradeço as deusas
agradeço a sued
agradeço a daniquele
agradeço a luciana hartmann
agradeço as mulheres que me habitam
agradeço os encontros
agradeço a júnia
agradeço a sabrina cunha
agradeço o improviso
agradeço a maíra oliveira
agradeço o esquadrão da vida
agradeço a dinha
agradeço o seu estrelo
agradeço as cigarras essas loucas barulhentas
agradeço a comida
agradeço a víçeras por ser essa família de afetos
agradeço os amores vividos
agradeço júlia brito me acolher sempre
agradeço o silêncio
agradeço a mia couto
agradeço a lucina genro por me fazer acreditar em utopias realizáveis
agradeço a mudança
agradeço as festas
agradeço a coragem, o amor coragem
agradeço a música
agradeço a elis regina
agradeço o perdão
agradeço a mariana aydar
agradeço o caetano
agradeço a roberta sá
agradeço o espaço
agradeço brasília por andar a pé junto comigo
agradeço as árvores
agradeço a transformação
agradeço o tudo
agradeço a dani diniz
agradeço o instante
agradeço a vida
agradeço, agradeço, agradeço
e vou passar a vida agradecendo por tudo que me vier
obrigada vida!
tenho certeza que esqueci muitos presentes, mas que eu seja perdoada
pois metade de mim é amor e a outra metade também.
agradeço pela dança da vida
agradeço a minha mãe por ser um presente força e coragem na minha vida
agradeço a minha tia que me abriu mundos
agradeço meus irmãos-meus filhos
agradeço cada pessoa que passou em minha vida e que ainda vai passar
agradeço os amigos que me acolhem do jeito que sou
agradeço a dor
agradeço o vinicius meu primeiro amor
agradeço a brincadeira da infância
agradeço o brincar, o despertar, o permitir, o deixar ir, o desapegar, o morrer,
agradeço eternamente o amor
agradeço o amor que me fez ir pra são paulo sem medo e visitar um grande amor
agradeço a camila meu grande amor
agradeço a camila lua
agradeço o roberto esse amor que vai além do que posso intuir
agradeço o vento que renova a vida
agradeço o tempo
agradeço a dança meu grande amor de entrega
agradeço os livros que encontro no caminho
agradeço manoel de barros
agradeço a poderosa clarice lispector
agradeço o mar
agradeço o céu
agradeço as nuvens
agradeço a tati por essa mulher preciosa na vida
agradeço a janaína diniz por me trazer luz num momento de caos
agradeço a arte - sua poderosa transformadora de vida
agradeço a jessica por indiretamente me permitir ver
agradeço a loucura
agradeço a tristeza
agradeço a alegria
agradeço a deus
agradeço a terra
agradeço as deusas
agradeço a sued
agradeço a daniquele
agradeço a luciana hartmann
agradeço as mulheres que me habitam
agradeço os encontros
agradeço a júnia
agradeço a sabrina cunha
agradeço o improviso
agradeço a maíra oliveira
agradeço o esquadrão da vida
agradeço a dinha
agradeço o seu estrelo
agradeço as cigarras essas loucas barulhentas
agradeço a comida
agradeço a víçeras por ser essa família de afetos
agradeço os amores vividos
agradeço júlia brito me acolher sempre
agradeço o silêncio
agradeço a mia couto
agradeço a lucina genro por me fazer acreditar em utopias realizáveis
agradeço a mudança
agradeço as festas
agradeço a coragem, o amor coragem
agradeço a música
agradeço a elis regina
agradeço o perdão
agradeço a mariana aydar
agradeço o caetano
agradeço a roberta sá
agradeço o espaço
agradeço brasília por andar a pé junto comigo
agradeço as árvores
agradeço a transformação
agradeço o tudo
agradeço a dani diniz
agradeço o instante
agradeço a vida
agradeço, agradeço, agradeço
e vou passar a vida agradecendo por tudo que me vier
obrigada vida!
tenho certeza que esqueci muitos presentes, mas que eu seja perdoada
pois metade de mim é amor e a outra metade também.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
"a fé corre, a razão fala, a emoção tomba, o medo se protege, a verdade late. corra! corra! corra!"
O que eu sou... eu sou... eu sou um abacate estatelado no
chão. É que quando eu olho de frente pro meu elefante a gente diz adeus. Adeus!
E nós jogamos no abismo da vida! Caímos juntos, numa queda livre. Damos as mãos
e do alto GRITAMOS: EU TE LIBERTO! EU TE AMO, EU TE AMO! PODE CAIR PROFUNDO EM DIREÇÃO
AO AMOR. CAI SEM MEDO, SE POSSÍVEL FOR DANCE ESSA DOR. ESSA LÁGRIMA PRECISA SE
TRANSFORMAR! Na frente da minha janela tem pé de abacate, e ele me ensina de
tempos em tempos, de caídas e caídas que a vida é assim. É assim mesmo. Só
depende dos teus impulsos a queda livre. Não tem para onde fugir. A gente foge
porque ainda tem medo, tem um cachorro latindo alto dentro da gente. A gente
pode não ver, mas uma hora isso se fará tão presente como um abacate que caí. A
gente sente muito! Muito tudo, tudo e tanto! A gente sente muito a vida
rasgando a pele da gente, perfurando as camadas, a gente é ser sensitivo cara! Não
tem como não ser. A gente não aguenta aí dança. Eu danço porquê senão eu morro doente. E morrer
doente estraga as raízes! Porque a vida já não é tão pequena... e lá no fundo algo
te late, ou como me seria: meu elefante LATE! GRITA! LATE! GRITA! LATE! Esses
dias eu disse adeus a mim. Disse a mim mesma que me libertaria de toda defesa
que pudesse atravancar o amor. Não estou de acordo com sua covardia, porque o
amor que correr pelas ruas, que pular catracas, quer gritar pra quem quiser
ouvir, que brincar de subir em árvores, quer descansar debaixo de uma árvore
fresca, que correr com fé em direção ao mar, CORRER COMO UM ELEFANTE FEROZ EM
DIREÇÃO AO MAR! SER ONDA INTENSA NUMA QUEDA LIVRE! Meu deus como pude ter me
silenciado tanto, me enganado tanto, me matando tanto! Doente. CHEGA! CHEGA!
CHEGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Porque o mar é queda mais doce que pode
existir. É a queda livre dos abacates do meu jardim, eles caem pra se molharem
no mar! Caem porque não se aguentam mais e se libertam! Caem porque AMANHÃ
RECOMEÇO!
o vento que sopra entre nossos fios
Brasília é muito ampla. O que mais se escuta por aqui são os carros e os pássaros. Às vezes não se escuta nada, mas eu não aguento e tenho que tapar os ouvidos bem forte com os dedos. É um exagero, eu sei. Mas quando se fala de um espaço imenso, onde estão as pessoas?
Meus
olhos ficam a procura de pessoas coloridas: uma pessoa azul poderia facilmente
se confundir com esse céu enquanto voasse, uma amarela poderia muito bem estar
empoleirada nos galhos de um ipê, e com certeza eu não conseguiria distinguir uma
pessoa vermelha tirando um cochilo sobre a terra sangrenta do cerrado. Mas tem
o vasto concreto, onde ninguém pode se esconder.... De certo as pessoas estão
em suas vidas.
Existe
tanta sutileza no óbvio...
Num
amplo espaço de vazio, as árvores rompem o território de Brasília - existem
árvores, pássaros, carros e eu.
Entre
eu e a seca de setembro, avisto ao longe uma pessoa caminhando. Uma pessoa e o
espaço. Uma pessoa grão no espaço, ou do espaço.
Não
é preciso definir um grão de existência no infinito do existir. Apenas se é e
isso já é tudo. Me perdi e começo a sentir a cidade falando pelo corpo.
De
surpresa, o acaso desembrulha um leão caminhando na savana de setembro. Um
amigo leonino passa por trás de mim. Só percebi que era um amigo, porque olhei
movida pela curiosidade de saber quem habitava aquele espaço tão amplo. Uma
dimensão subjetiva da manhã, um sol rasgando o meu silêncio. Meu minuto de
silêncio interrompido.
Ele,
esguio e magro, passava pelo caminho dos desejos com sua juba invisível e
seguiu em frente. Nada disse e passou. Passante. Talvez ele não quisesse
interromper o meu espaço amplo. Naquele momento eu habitava um amplo espaço, eu
era um grão de existência debaixo da sombra de uma árvore do cerrado no mês da
seca. Ele era o passante a romper o vazio de Brasília.
Brasília
é espaçosa. Em todo canto as aranhas constroem condomínios de luxo. E o vento
que sopra entre seus fios, corre por Brasília com oito pernas de saudade em
direção ao mar. Aos mares. A mim. Ás vezes, eu mesma estou seca e o vento morre
na praia. Então eu passo a língua nos lábios e uma onda transforma esse corpo
de vento em som.
Tentei
assoviar para o leão, na tentativa de um contato direto, mas não surtiu efeito
direito. Não insisti e voltei para o encontro imediato com espaço. Espaço. Espaço.
Tão amplo e tão tempo... é essa a imagem que percorre meu dia a dia pela
cidade. Eu ando a pé para acalmar as ondas. Eu ando a pé para desbotar a minha
cor de concreto, pra alimentar outros desejos, pra descobrir novos caminhos.
As
pessoas existem nos espaços amplos de Brasília.
Brasília
é meu castigo.
Marcia e Roberto
sábado, 11 de outubro de 2014
procure em você, procure em mim, procure em todos.
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Vitor Martins
a necessidade de construção de políticas globais, a construção de uma nova definição de democracia.
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zygmunt bauman
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
pelo direito de ser monstro
Era uma roda, eu de frente pra ela. Ela de frente pra mim. Na verdade só existia eu e ela. Meu olhar já não tão meu. Quando vi, eu estava apaixonada por ela. E nunca tinha pensado sobre isso, e por um olhar profundo me entreguei pela primeira vez.
...
Esses dias eu lembrei que o primeiro beijo que eu dei foi de
baixo de uma árvore. Eu e ela que não mais me recordo, o nome, a data, fizemos
uma casa de pano debaixo dessa árvore, era um dia de ensaio de chuva. Estava
frio, mas me recordo pela sensação e memória do corpo que boca dela era quente.
Meu deus como eu pude ter esquecido isso.
...
Eu fui a São Paulo visitar um amor e comprar meias.
Passeando pela avenida Paulista, ou Augusta. Minha memória me escapa a avenida,
mas me lembro de te visto uma mulher com mini short e um tope, ela dançava sua
sensualidade pura nas ruas da cidade. Foi o olhar mais convidativo e sensual
que uma mulher me lançou.
...
Eu sempre me achei um corpo masculino. Olha esses braços... esse
tronco é muito masculino. É por isso que na infância as crianças me chamavam de
Maria, Maria Machão! Eu tinha um ódio disso. Eu sentia que tinha algo errado
com aquelas crianças. Eu não entendia e chorava, comecei a bater em todo mundo
que me caçoava. Olha só que brutalidade
que truculência que eles nos fizeram.
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receita para arrancar poemas presos
A maioria das doenças que as pessoas têm
São poemas presos.
Abscessos, tumores, nódulos, pedras são palavras
calcificadas,
Poemas sem vazão.
Mesmo cravos pretos, espinhas, cabelo encravado.
Prisão de ventre poderia um dia ter sido poema.
Mas não.
Pessoas às vezes adoecem da razão
De gostar de palavra presa.
Palavra boa é palavra líquida
Escorrendo em estado de lágrima
Lágrima é dor derretida.
Dor endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida.
Alegria endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida.
Raiva endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida.
Pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor.
Tempo derretido é poema
Você pode arrancar poemas com pinças,
Buchas vegetais, óleos medicinais.
Com as pontas dos dedos, com as unhas.
Você pode arrancar poemas com banhos
De imersão, com o pente, com uma agulha.
Com pomada basilicão.
Alicate de cutículas.
Com massagens e hidratação.
Mas não use bisturi quase nunca.
Em caso de poemas difíceis use a dança.
A dança é uma forma de amolecer os poemas,
Endurecidos do corpo.
Uma forma de soltá-los,
Das dobras dos dedos dos pés, das vértebras.
Dos punhos, das axilas, do quadril.
São os poema cóccix, os poemas virilha.
Os poema olho, os poema peito.
Os poema sexo, os poema cílio.
Atualmente ando gostando de pensamento chão.
Pensamento chão é poema que nasce do pé.
É poema de pé no chão.
Poema de pé no chão é poema de gente normal,
Gente simples,
Gente de espírito santo.
Eu venho do espírito santo
Eu sou do espírito santo
Trago a Vitória do espírito santo
Santo é um espírito capaz de operar milagres
Sobre si mesmo.
Abscessos, tumores, nódulos, pedras são palavras
calcificadas,
Poemas sem vazão.
Mesmo cravos pretos, espinhas, cabelo encravado.
Prisão de ventre poderia um dia ter sido poema.
Mas não.
Pessoas às vezes adoecem da razão
De gostar de palavra presa.
Palavra boa é palavra líquida
Escorrendo em estado de lágrima
Lágrima é dor derretida.
Dor endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida.
Alegria endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida.
Raiva endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida.
Pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor.
Tempo derretido é poema
Você pode arrancar poemas com pinças,
Buchas vegetais, óleos medicinais.
Com as pontas dos dedos, com as unhas.
Você pode arrancar poemas com banhos
De imersão, com o pente, com uma agulha.
Com pomada basilicão.
Alicate de cutículas.
Com massagens e hidratação.
Mas não use bisturi quase nunca.
Em caso de poemas difíceis use a dança.
A dança é uma forma de amolecer os poemas,
Endurecidos do corpo.
Uma forma de soltá-los,
Das dobras dos dedos dos pés, das vértebras.
Dos punhos, das axilas, do quadril.
São os poema cóccix, os poemas virilha.
Os poema olho, os poema peito.
Os poema sexo, os poema cílio.
Atualmente ando gostando de pensamento chão.
Pensamento chão é poema que nasce do pé.
É poema de pé no chão.
Poema de pé no chão é poema de gente normal,
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Gente de espírito santo.
Eu venho do espírito santo
Eu sou do espírito santo
Trago a Vitória do espírito santo
Santo é um espírito capaz de operar milagres
Sobre si mesmo.
Viviane Mosé
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Viviane Mosé
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
galope rasante
e surge o entendimento do não
pertencimento. o desajuste. o desencaixe. eu não pertenço a nada que não seja a
mim. me pertenço e já não sei se me pertenço. cansada disso que mora em mim e
que não tem nome. é uma dor que carrego, que nasce todos os dias. que
transformo em alegria, que só sei que tá aqui dentro como um elefante a andar
pela cidade. cansada dessa dor que também é meu alimento pra vida, que é a cor
da minha alegria. cansada sim, mas não me desisto. me curo das setes quedas. quero me levantar. cansaço de entender a lógica. eu quero só ser. mas não. eu
sou um gerúndio. uma criança que guarda na profundeza do seu abismo uma
esperança. esperança é um nome bonito, mas preciso ter cuidado com ela. ás
vezes acho que tenho esperança demais. sonho demais. me aguardo demais nas
profundezas de mim. não sei se isso me faz tão bem. não faz, não fez. esperar
um amor que sempre parte sem silêncio não faz tão bem. estou confusa com esse
amor que me rasgou inteira, que me faz acordar pela manhã tendo esperança de
viver, de olhar pro céu e morrer de amor. me rouba o pensamento por alguns
segundos em parte do dia. eu tento controlar e já estou falando desse amor que
preciso dizer adeus. e nem sei se tenho, ou sim tenho. se me envergonho desse
sentir. essa vontade de mandar mais um carta dizendo estou partindo, estou
rompendo de amor, estou indo a teu encontro em cumuruxatiba.
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domingo, 5 de outubro de 2014
vai
mas "óh", não é papo de luz no fim do túnel
e o caralho.
nem atalho pra felicidade.
é só o chiclete da dor que masco até perder o gosto
e então cuspir e dizer:
- já vai tarde!
e o caralho.
nem atalho pra felicidade.
é só o chiclete da dor que masco até perder o gosto
e então cuspir e dizer:
- já vai tarde!
de peito vazio caminhando pela cidade te encontrei
a chuva revelou seu cheiro absurdo doce
sua estranheza me chamou o desconhecido.
a menina-menino adormecida acordando
comendo a fruto do lobo
a fruta mais intensa que já lambiscou.sexta-feira, 3 de outubro de 2014
"não há universo quando não há verso
quando não há uni
une quando verso
não há quando
meu desamor
meu amor
meu grande amor
meu ódio
meu ótio
outra palavra mesmo
porque é outra coisa."
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quinta-feira, 2 de outubro de 2014
o elefante
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
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