e surge o entendimento do não
pertencimento. o desajuste. o desencaixe. eu não pertenço a nada que não seja a
mim. me pertenço e já não sei se me pertenço. cansada disso que mora em mim e
que não tem nome. é uma dor que carrego, que nasce todos os dias. que
transformo em alegria, que só sei que tá aqui dentro como um elefante a andar
pela cidade. cansada dessa dor que também é meu alimento pra vida, que é a cor
da minha alegria. cansada sim, mas não me desisto. me curo das setes quedas. quero me levantar. cansaço de entender a lógica. eu quero só ser. mas não. eu
sou um gerúndio. uma criança que guarda na profundeza do seu abismo uma
esperança. esperança é um nome bonito, mas preciso ter cuidado com ela. ás
vezes acho que tenho esperança demais. sonho demais. me aguardo demais nas
profundezas de mim. não sei se isso me faz tão bem. não faz, não fez. esperar
um amor que sempre parte sem silêncio não faz tão bem. estou confusa com esse
amor que me rasgou inteira, que me faz acordar pela manhã tendo esperança de
viver, de olhar pro céu e morrer de amor. me rouba o pensamento por alguns
segundos em parte do dia. eu tento controlar e já estou falando desse amor que
preciso dizer adeus. e nem sei se tenho, ou sim tenho. se me envergonho desse
sentir. essa vontade de mandar mais um carta dizendo estou partindo, estou
rompendo de amor, estou indo a teu encontro em cumuruxatiba.
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