O que eu sou... eu sou... eu sou um abacate estatelado no
chão. É que quando eu olho de frente pro meu elefante a gente diz adeus. Adeus!
E nós jogamos no abismo da vida! Caímos juntos, numa queda livre. Damos as mãos
e do alto GRITAMOS: EU TE LIBERTO! EU TE AMO, EU TE AMO! PODE CAIR PROFUNDO EM DIREÇÃO
AO AMOR. CAI SEM MEDO, SE POSSÍVEL FOR DANCE ESSA DOR. ESSA LÁGRIMA PRECISA SE
TRANSFORMAR! Na frente da minha janela tem pé de abacate, e ele me ensina de
tempos em tempos, de caídas e caídas que a vida é assim. É assim mesmo. Só
depende dos teus impulsos a queda livre. Não tem para onde fugir. A gente foge
porque ainda tem medo, tem um cachorro latindo alto dentro da gente. A gente
pode não ver, mas uma hora isso se fará tão presente como um abacate que caí. A
gente sente muito! Muito tudo, tudo e tanto! A gente sente muito a vida
rasgando a pele da gente, perfurando as camadas, a gente é ser sensitivo cara! Não
tem como não ser. A gente não aguenta aí dança. Eu danço porquê senão eu morro doente. E morrer
doente estraga as raízes! Porque a vida já não é tão pequena... e lá no fundo algo
te late, ou como me seria: meu elefante LATE! GRITA! LATE! GRITA! LATE! Esses
dias eu disse adeus a mim. Disse a mim mesma que me libertaria de toda defesa
que pudesse atravancar o amor. Não estou de acordo com sua covardia, porque o
amor que correr pelas ruas, que pular catracas, quer gritar pra quem quiser
ouvir, que brincar de subir em árvores, quer descansar debaixo de uma árvore
fresca, que correr com fé em direção ao mar, CORRER COMO UM ELEFANTE FEROZ EM
DIREÇÃO AO MAR! SER ONDA INTENSA NUMA QUEDA LIVRE! Meu deus como pude ter me
silenciado tanto, me enganado tanto, me matando tanto! Doente. CHEGA! CHEGA!
CHEGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Porque o mar é queda mais doce que pode
existir. É a queda livre dos abacates do meu jardim, eles caem pra se molharem
no mar! Caem porque não se aguentam mais e se libertam! Caem porque AMANHÃ
RECOMEÇO!
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