domingo, 19 de junho de 2011

Nada no mundo me deixa mais frustrada e mais inconsólavel do que não acertar. São horas me martirizando, reconstituindo a cena, refazendo o momento exato do não acerto e imaginando como a vida seria muito melhor e eu seria muito mais feliz se não tivesse errado.
Na verdade, só existe uma coisa pior do que errar: errar de novo. Errar múltiplas vezes. Errar pra cacete. E eu já errei pra cacete.Hoje, por exemplo, eu errei uma conjugação verbal. Três vezes. E eu me odeio por isso. Vezes três. Porque esse é meu ofício. Eu posso errar a conta do boteco - especialmente se eu estiver bêbada, o que geralmente acontece quando eu estou num boteco -, mas errar conjugação verbal é inaceitável.É por isso que eu nunca levantava a mão para responder as perguntas dos professores. E ficava indignada quando a Ana Catarina me ouvia balbuciar a resposta e repetia em voz alta, como se ela fosse muito inteligente. Maldita Ana Catarina.O dia em que eu levantei o braço e dei a resposta mais equivocada do mundo foi o dia em que eu decidi nunca mais arriscar. Estaria muda, mas nunca errada.A mesma lógica se aplica aos meus relacionamentos afetivos. Depois de vários fracassos retumbantes, decidi ser mais do que muda. Virei um imenso bloco de concreto que não erra, e também não quebra. O problema é que sempre haverá uma Ana Catarina ao lado, pronta para dar a resposta por você. E ela não terá medo de errar. Vai levantar o braço e berrar para a sala inteira ouvir. Malditas Anas Catarinas. Enquanto eu estiver frustrada e inconsolável, elas estarão equivocadas e infinitamente mais felizes.

ADORÁVEL PSICÓTICA

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