quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Alguma coisa em mim - e pode-se chamar isso de "amadurecimento" ou "encaretamento" ou até mesmo "desilusão" ou "emburrecimento"-simplesmente andou, entendeu? Desisti de achar que o príncipe vai achar o sapatinho (ou sapatão) que perdi nas escadarias. Não sinto mais impulsos amorosos...


Ando bem. Calmamente bem. Estranhamente bem. Sobrou meu velho vicio pelo invisível. Emergi três dias em montanhas Brasilianas. Um breve ensaio para o futuro que me espera. A calmaria de uma montanha com vista para a cidade caótica. Sou tão ingênuo que me desconheço (qualquer semelhança é mera conhecidencia). Precisei de mato verde pra me encontrar. E ri de si mesmo, ás vezes, é a melhor escolha. Não tenho medo de bichos peçonhentos nem de uma aranhada graúda que há poucos dias passou pertinho do meu sossego. Confirmei que tenho medo de gente mesmo. Fujo de gente como quem bebe água. Isso não é gracinha (não falo com gosto... paciência)... Fui atrás de uma aranha (isso não é uma gracinha) com uma câmera. A dana me hipnotizou. Ficamos uns dez minutos estáticas. Eu só ia me mexer se ela danasse em correr atrás de mim. Mas não, ela tinha um papo bom. Seu silencio me causava contornos de conversa. Começo a escrever e me perco em mim. Como eu dizia ando bem, estranhamente bem, sem nenhum soluço, taquicardia, leves desesperos, pensamentos esquizofrênicos (quando escrevo essa palavra não tenho domínio dela... muito menos das outras). Ficar assim me causa desconforto, parece fingimento...  roda de ciranda de meus fingimentos. Falácias.  Mas ando bem sim, até abri a janela com outros olhos. Hoje fiz um experimento gastronômico. É o melhor, deu certo. Tudo bem que joguei no lixo o macarrão que fiz. Justifico: ele era de má qualidade extrema, papadoooooo com vários ooos. Mas inventei uma carne no forno com calabresas (muita calabresa, caso desse errado).  Não é menina que ficou bom! “Hummmm... chama os cachorros”. Ultimamente veio fazendo experimentos culinários. Tenho medo de não conseguir repetir, por isso nunca repito o mesmo prato (rios).  Eu queria dá um nome francês para essa ultima invenção só porque amo a língua francesa. Ganhei alguns quilos também. Minto. Daqui a pouco vou ter peso para refilmar “Orca a baleia assassina” (tô exagerado como sempre). Existe esse filme? Falando em quilos, em pesos, fiz uma viagem a trabalho que se tornou uma viagem gastronômica. Engordei três quilos em três dias, até rima. Um quilo pra cada dia. Acho justo, pior se fossem dois quilos por dia.  Nunca me diverti tanto em uma viagem, e olha que era a trabalho. Ri tudo o que eu não ri em uma vida. Lembrei que quando criança eu tinha vergonha de ri, por ter bochechas grandes, por me achar feia de mais quando rir. Minhas amarras infantis. Eu era boba. Hoje já não me importo com um milhão de coisas que me incomodavam. A pesar de não parecer me aceito mais hoje. Com o tempo a gente se percebe... “Faço longas cartas pra ninguém”, é o que a Adriana está cantando agora. É minha música da “moda”. “... esqueci que o destino/ sempre me quis só/ num deserto sem saudade/ sem remosos/ só / sem amarras/ barco embriagado ao mar”, ainda creio que as músicas foram feitas para mim... Meu joelho doe. Esse é o sinal do fim. Au revoir. 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

''Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar"




A casa

chego e já estou de partida de novo... abri a janela. a casa está em construção.

sábado, 5 de fevereiro de 2011



Eu sou do tipo que fica triste quando algo não acontece. Eu sou do tipo esquizofrênica por escutar uma mesma música várias vezes quando fico triste.  Sentir “nada” é um sentimento irmão da esperança. São meus pensamentos, é o que eu acho, é o que eu escrevo.  Escrevo pra nada e pra ninguém como Clarice. Voltando a minha velha e sempre amiga puta tristeza, ela é senhora da minha casa há anos. Sempre ronda meus pensamentos, meu coração, minha alma. De certo que ela se alimenta da pouca felicidade que possuo. Cartola bem que disse que felicidade tem fim, mas tristeza não. Sofro do mal de ser humano. Cara ai de cima eu não pedi pra nascer.  Devia existir uma clausula de nascimento te informando dos possíveis males de se nascer. Caberia você escolher viver ou ser nada. Nada não sente, não existe. Mentira, eu nasci e sinto nada, ou melhor, eu sinto muito. Sou uma garota que sofre de nada e tudo. Recebi um trabalho filha da puta essa semana. Eis aqui a questão: como reconhecer que o caminho findou? Isso me faz querer quebrar o espelho e descobrir quem realmente eu sou. Olho no espelho e não vejo uma vida, vejo desventuras. Olha posso ser melodramática, esquizofrênica (nem sei dizer o que escrevo), mas falo de minhas dores pra mim, exclusivamente, como alto-aviso de socorro. Porque se existe uma pessoa no mundo que pode me salvar de mim sou eu mesma. É que às vezes me perco de mim, e vou pro um outro mundo de mim. Existe isso que eu disse? O que eu tô fazendo da minha vida? Tenho deveres a cumprir no mundo, mas acho que não vou conseguir. Minha costela está doendo há dias. Como (do verbo comer) se o mundo fosse acabar amanhã. Alimento um amor platônico, cruel. Envio presentes na “esperança” de um pouco de atenção. Escuto músicas que falam que precisamos sofrer de amor, e eu me pergunto pra quê? Pra escrever um belo poema, um bom livro ganhador de prêmios, pra ser um Caio (eu queria ser um Caio). Parece tudo bobagem isso. O que eu queria agora era partir de mim, partir da dor de ser o que se espera. Minha mãe foi sacana comigo, devia ter me perguntado seu eu queria ter nascido. Seria diferente se fosse de outro jeito? Eu não sei. Deixei minha emoção me dominar por algum tempo, mas vou avisando que voltarei a ser mais racional. Pra ser mais “certinha” vou encontrar um equilíbrio entre a razão e a emoção, entre o bem e o mal que sou. Enquanto faço isso a Cat Power não para de tocar no meu rádio. Cat, vai se foder. Fuck you beibe com suas músicas melancólicas, depressivas. Se bem que músicas tristes me ajudam muito a achar o caminho de volta. Fico triste uns dias depois rego flores. Saio descalço pelo jardim, subo em pés de ciriguelas. E falo pra mim mesma, vai passar, tudo vai passar. Tudo vai ficar bem. Eu vou ficar bem. Vou vestir uma roupa limpa, escrever como foram esses dias. Porque escrevendo eu me encontro. Eu escrevo pra saber de mim. É bom assim. A minha exposição é pra mim, o risco é meu.


ps: darei um tempo por uns dias (não sei por quanto tempo... 
talvez eu compre um diário), preciso me encontrar, 
refazer sonhos, construir outros, me colocar em primeiro plano. 
Autonomia. Preciso ser adulto... désolé. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011





"Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stall me
And then came the rush of the flood
Stars of night turned deep to dust"

Cat Power

Eu juro que vou tentar, eu juro que vou tentar, Caio.


"Enfrento, e reconstituo os pedaços, a gente enfeita o cotidiano - tudo se ajeita".

Caio.F.
Esperança é um sentimento filha da puta, hein? No fundo de mim eu sempre tive esperança. E pra quê? Meu caminho findou-se de vez.  Persistir em um caminho que a cada tentativa se torna distante se chama burrice, Marcia. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Tudo na vida começa com um sim. Eu quero os sins." (lispector)

"E, apesar de tudo, eu penso que sim, digo sim, eu quero os sins." (caio)

"Eu não duvido e sim eu digo. E, sim, eu quero. E sins." (calcanhoto)

"Vence na vida quem diz sim." (buarque)

"A gente ama, a gente odeia, mas nossa palavra é sim. Sim." (raul)

Agora não da mesmo pra ser feliz, é impossível. Mas quem disse que a gente precisa ser sempre feliz ? Isso é bobagem. Como Vinícius cantou "é melhor viver do que ser feliz". Porque, pra viver de verdade, a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, doi demaais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

Queimei o penúltimo incenso no quarto. O cheiro de Santos está evaporando. Resta um último que devo guardar de lembrança. Talvez, eu queime de vez num respiro profundo. 

Assinado eu, que não estou na correria.
Assinado eu, que vou guardando momentos
 na minha caixinha interna.
Assinado eu, 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

''Há um silêncio dentro de mim. E esse silêncio tem sido a fonte de minhas palavras". 

Black Swan







Eu vi... pois é, eu reparei

A efemeridade anda comendo o mundo, digo, a mim. Tá tudo tão corrido, pessoas vão e vem, vem e vão num arrepio sutil. Janeiro foi efêmero, passou como um clarão em minha vida. Me pego pensando: acorda Marcia as coisas vêm e vão, o tempo segue seu fluxo. Então, não se comova mais. Vai acertar pedras, vai desajuizar seu juízo, seus princípios. Vai criança, vai exercitar o desapego.
Ficar em casa me causa um grande desespero. Como pode isso? É aonde me encontro mais triste. Meus laços familiares são bem desgastados. As velhas vozes me aconselham: “tudo vai ficar bem. Só não sei se vou ficar também”. Não fui capaz de retribuir um abraço materno, não fui capaz de assistir um filme fraterno. Vejo minha tia pelo arame, peço bênção por obrigação. Tenho uma prima a dois passos de mim e só consigo ficar em silencio perto dela. É desesperador o silencio familiar. Minha mãe sonha ganhar um bolo de aniversário. No último aniversário dela eu me esqueci de seu dia.   Olha só que filha da puta eu sou. Esse ano ela se esqueceu do meu, acho justo, eu esqueci o dela também. Mas no final do dia não sei como ela se lembrou e me senti ainda mais culpada e sem jeito. De comemoração ganhei uma salada espedaçada da minha irmãzinha com pedaços enormes de tomates, alfaces, e mangas verdes de acompanhamento. Eu juro pra mim mesma que não serei mais tão filha da puta. Próximo ano tomo jeito e faço um bolo de aniversário pra minha mãe. Mas penso que é melhor peneirar algumas atitudes pra agora enquanto tenho tempo. 
"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas..."

O coração que vê

“turvo turvo / a turva / mão do sopro / contra o muro / escuro / menos menos / menos que escuro / menos que mole e duro / menos que fosso e muro: menos que furo / escuro / mais que escuro: / claro / como água? como pluma? claro mais que claro claro: coisa alguma / e tudo / (ou quase) / um bicho que o universo fabrica e vem sonhando desde as entranhas / azul / era o gato / azul / era o galo / azul / o cavalo / azul / teu cu //”
Ferreira Gullar, Poema Sujo

"O Corpo que Vê"