sábado, 30 de junho de 2012

Hoje acordei como de costume, cedo e desperta pelo relógio. Fiz meu café da manhã, banhei, escovei os dentes... abri minha gaveta e encontrei uma carta.
- C a l a b o c a M a r c i a.
Hoje acordei como de costume, desperta pelo relógio particular. Fiz meu café da manhã, escovei os dentes, não molhei o cabelo, abri minha gaveta...
- C a l a b o c a M a r c i a.
Hoje acordei como de costume, com aquela vontade de nada fazer sentido, acordar e reinventar outra vida fora do tempo fora de mim.
- C a l a b o c a M a r c i a.
Hoje acordei como de costume, com um buraco no coração, feridas no corpo. Hoje acordei mais cutucada apavorada do que ontem. Hoje acordei como de costume achando que eu deveria não existir por dois segundos na minha vida. 
- C a l a b o c a M a r c i a.
Hoje acordei como de costume, desperta pelos meus pensamentos atravessados, pelos meus devaneios diluídos. Hoje eu acordei só como sempre fui, somente só...
- C a l a b o c a M a r c i a.
Hoje foi um dia dentro do dia de saber que nada faz sentido e que devo desconfiar da chamada realidade.
- C a l a b o c a M a r c i a.
Hoje acordei...
- C a l a b o c a M a r c i a. 

Quem disse que não

Quem disse que não
Posso mais cutucar a ferida
Depois  de toda tristeza
vem a redenção
Sendo humano eu posso
chorar o meu pranto
Quem disse que não

Eu vou brindar a vida
Um brinde a saudade
Não sei onde vou mas vou
inventar minha própria verdade

Eu vou brindar a mentira
Um brinde a ilusão
Vou brindar o que nego
um brinde ao meu ego
Quem disse que não

Quem disse não poderia me
reinventar e negar o que sou
Duelo com aquilo que vejo é o
que me transformou

"Quem disse que não"
Canção  resultado da diplomação em Artes Cênicas -  UnB/2012

Um brinde ao meu coração
Que é confuso
E tem ingredientes sem fermento
Um brinde ao meu mistério
Que não acaba comigo
Um brinde ao amor que nunca tive
Um brinde as paixões que tive
Que se diluíram com o tempo
Um brinde a minha estranheza silenciosa
Um brinde inconsciente consciente subjetivo. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012


e tinha sabor de doce de goiabada com queijo, e sabor de doce de goiabada com creme de leite, e tinha sabor de algodão doce no céu da boca, e tinha pedaços de amora, e tinha uma pitada de salsinha, e tinha raspas de chocolate, e tinha calda de morango, e tinha também mel, muito mel derretendo dentro de mim.

A paixão é como Deus
Que quando quer
Me toma todo o pensamento.

Dirige os meus movimentos
Meu passo é teu
Meu pulso é desse todo poderoso sentimento.

Hoje eu acordei com um presente escondido na minha gaveta, era uma carta pra ser aberta com amor e carinho. E fora das linhas tinham vários beijos de batom vermelho e um "eu te amo" de coração. É precioso o afeto da gente, é festejo, é muito, bem mais que muito de grande, gigante, infinito, além, muito além da vida. Amo você Bruxinha!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

All you need is love!



Ela me dizendo sobre sutilizas, processos, sobre o que não precisa ser dito e entendido. Ela me deixando num silêncio de quem encontra uma verdade efêmera. Ela me enchendo de amor pelo o que se faz enquanto se acredita no que se faz. Ela me atravessando numa conversa sobre s u t i l i z a s. Ela tem o abraço mais generoso e o olhar mais dançante que pode existir. Serestei com ela. 

tudo me apavorando.



A tristeza é senhora desde que o samba é samba é assim. A lágrima clara sobre a pele escura. À noite, a chuva que cai lá fora. Solidão apavora. Tudo demorando em ser tão ruim. Mas alguma coisa acontece no quando agora em mim. Cantando eu mando a tristeza embora. O samba ainda vai nascer. O samba ainda não chegou. O samba não vai morrer. Veja o dia ainda não raiou. O samba é o pai do prazer. O samba é o filho da dor. O grande poder transformador. 

quarta-feira, 27 de junho de 2012


eu sei
e quando eu mais sei
maior é a responsabilidade. 

tempo pequeno


De olhos fechados. Chão. Pele sobre a textura do chão. Um vento corta rente a pele. Um sopro susto do vento alastra suavemente em mim. Lentamente viro o corpo para a direita no movimento mais imperceptível mais lento que eu consigo e ainda posso chamar de movimento. Percebo que o imperceptível é um lugar que mora no além no infinito da minha percepção. O micro-tempo é quase imperceptível e ele reverbera suave, lento, precioso, pequeno com numa dança pequena. Movimento. Giro. Tempo. Corpo. Circulação. Suspensão. Vazio pleno. Esvaziamento. Preenchimento...

Que venham as flores e o cheiro de mar
Vem no vento, vem no vento...

terça-feira, 26 de junho de 2012

Hoje eu giro. Hoje eu caio. Hoje eu subo e desço. Hoje serei riso em circulo, deboche, dança solta. Menina desafiando-se. Hoje serei maior que o medo, serei 10 vezes maior que o medo “não conseguir”. Que não consegue o que! É SÓ FAZER, SIMPLES ASSIM!

domingo, 24 de junho de 2012

meu mistério é vento tátil


me revelo aos poucos
num suspiro e outro
num lugar dentro de mim livre desimpedido
me revelo no mais profundo do meu corpo
meus seios acolhem a leveza
minha barriga abraça o mundo
minha boca quer bulir um amor
meus dedos tateiam o vento
o vento tátil que dança no meu corpo
toda vez que me encontro nua dos meus obstáculos
me revelo a mim mesma  todos os dias
num suspiro e outro
num toque e outro
num grito e outro
num passar a língua no céu da boca.

sábado, 23 de junho de 2012

hermosa chica


Amar-ela.



o depois tá por vir, logo é agosto
terá a companhia do sol e a minha
sobre junho, o espaço e o tempo
penso que seja você
não precisa responder
o junho aqui tem gosto de samba e capoeira
mas também tem cheiro de saudade
da sua presença preciosa meu caro amigo

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Uma Oração, Jorge Luis Borges

"Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.
Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo."


Uma Oração. Do livro Elogio da Sombra, de Jorge Luis Borges


fragmento de um livro que ainda não li que Marcos me indicou.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Metamorfose do espirito segundo Nietzsche

Camelo
Leão
Criança

... te contei que beijo no rosto é muito doce, nem que seja só por dois segundos no meio da bochecha?
... te contei que gosto de fazer beiju logo pela manhã quando os raios do sol doura a pele?  
... te contei que gosto de ver sua juba, nem que seja de vez em quando? 
... te contei que ontem foi o dia mais amarelo do dia de ontem, e que tinha pipoca grudada no meu cabelo?
... te contei que....................... perdi a hora hoje o dia inteiro? 
... te contei que escolhi me divertir daqui pra frente, daqui pra sempre? 
... te contei que estou mais cega depois que aposentei meu óculos no último feriado da semana que passou que nem vi? 
... te contei que.................... seus olhos velam um segredo galáctico?
... te contei que nunca te contei tudo sobre mim, nem que um dia um muro caiu sobre minha cabeça quando eu era aspirante a boquiciadora? 
... te contei que segunda-feira é o dia mais claro que existe, ainda mais quando te encontro pelo caminho? 
... te contei que ontem desejei novamente receber uma carta aviãozinho? 
... te contei Marcinha que hoje você cortou o vento e nem percebeu? Mas eu vi você indo longeeeeeeee que nem quando criança com sua bicicleta ladeira a baixo. 
... te contei que tenho vontade de seguir um fluxo de um rio que arrasta tudo como um imã? 

sábado, 9 de junho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Serestando



Sem açúcar e com muito afeto serestei com as mulheres da Ana. Serestei com o corpo atento no tempo de suas inúmeras mulheres velhas. Ela que sabe diferenciar velhices pelos micro-tempos, micro-tensões, micro-detalhes, micro-sensações, micro-percepções, grande Ana Cristina Colla. Da minha janela vi a velha mais sábia, aquele que já sabe do tempo e brinca com ele, aquela que vivencia a duração dos movimentos da vida. Aquela que ainda tem tempo para soltar um aviãozinho de memórias no tempo até se desgastar com ele. Ui, o tempo leva... a velha da cadeira, a velha preta da cama, a velha tímida e meio medrosa, a mulher louca da cidade, a velha que dança o tempo. Ana seresta a vida dessas mulheres com uma generosidade absurda, com uma intensidade de “ser” e “estar”, eu vi. Eu senti que serestei com ela pelo meu olhar, por tudo que é corpo, eu senti muito... Fui atravessada, fiquei em pedacinhos, me refiz inúmeras vezes... O primeiro encontro com olhar um dia antes no Careca já me anunciava o dia de hoje... micro-tensões, finíssimos fios invisíveis que ligou nossos territórios. O barco flui no corpo da Ana. Me flui em emoção em enternecimento em vê-la... Um orgasmo conjunto que não é exagero de pisciana muito menos de capricorniana... A penúltima velha revivida pela seresteira Ana me deu um presente lindo, essa carta ai em cima borrada com o suor dela. Essa carta tem cheirinho, tem peso, tem textura, diz muito mais que as simples palavras que existem, tem cor amarela, sabor de goiaba... Era pra mim essa carta, eu já sabia. Era, porque eu queria muito e me veio aviãozinho no liame do tempo... E nunca te contei que amarelo é cor mais bonita que existe?  Lembrei de você coruja. 

Obrigada Ana pelo tempo compartilhado generosamente. 

quinta-feira, 7 de junho de 2012



E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Até dentro de você.


Marcia: sem acento, descobriu que gosta de ser chamada de Marcinha há pouco tempo, estudante de arte, clandestina, menina que se apaixonada pela alma das pessoas, capricorniana de raízes firmes. Gosta de ouvir música enquanto escreve. Olha para o céu enquanto caminha, mexer o quadril em pé no ônibus lotado. Não gosta de multidão, mas gosta do silêncio quando provoca mistério. Desde criança sonha com um amor vindo da Lua. Coleciona pedras, cartas, lápis apontado, fotos de revistas e outras frutilidades. Recentemente descobriu que o tempo é coisa seria, capcioso e caprichoso. Tem duas cachorras espalhafatosas e uma galinha recém chegada da Dinamarca. É tão tímida que se esconde do mundo. Escuta uma mesma música esquizofrenicamente. Fala pouco, observa o olhar do outro, queria ler um livro por dia, conhecer um céu diferente por mês. Pensa em fugir para bem longe, fazer coisas pelo avesso. É apaixonada pela beleza e nuanças das mulheres. Pensa em ter filhos. Percebe o mundo turvamente, veementemente, pelo enquadramento do seu óculos.

Da carta perdida na gaveta.


O primeiro abraço que lhe dei foi com um olhar tão profundo que te despi. Eu ainda me lembro do silêncio que ficou entre nós. Ele ainda existe e é tão ou mais misterioso quanto aquele instante que se foi em meus braços. Sobretudo o tempo passa cada vez mais sobre mim. O tempo passa a mão em mim e leva com ele aquele abraço, aquele choro, aquele colo que lhe dei.  O tempo leva. O tempo nunca me permitiu ter você. Eu nunca me arrisquei em sua direção. Ainda me lembro da primeira dança, o não dito, o nunca dito, sobretudo o eterno silêncio que nos acomete assalta.  Ele é cruel e me engana sempre, sempre me lançando de tempos em tempos em sua direção... Eu tenho febre, mas vou seguir em frente por sentir vontade.

Ps: não te amo mais.


Tudo muda quando se percebe o lugar das coisas.
O lugar que não é somente um espaço ocupado,
Mas também um meio de chegança.
Um saber o tamanho, peso, textura, cor,
Gosto das relações entre você e o mundo, as pessoas.

quarta-feira, 6 de junho de 2012


Camila e Marcinha olhada pela Lina.




olhada pela Zizi.


o descuido é o caminho mais curto para a felicidade. eu falo da felicidade de momentos efêmeros, que te dar um soco no estômago. te dar respiros, pausas entre uma felicidade e outra. eu nunca vi e nem senti felicidade eterna, e nem me preocupo com isso. agora é um tempo de suspender a felicidade que existe no momento exato, em que, me descuido... me distraio... Ai plin: felicidade te come toda.

descuido de ontem:

fiquei alterada de cerveja.
quebrei barreiras com o outro.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Lua chegou trazendo essa canção

Congela o tempo preu ficar devagarinho


o dia de ontem tinha essa trilha sonora
o domingo de ontem tinha uma cor amarela
o domingo de ontem passou pianinho
o dia de ontem teve gosto de sopa de letrinhas

Marcinha

fragmentos de um relato


E antes de começ-ar:
Por mais intransmissível que fossem os humanos, eles sempre tentavam se comunicar através de gestos, de gaguejos, de palavras mal ditas e malditas. 
Clarice Lispector
...

Ainda quero cortar o vento, ser atravessada pelo ar numa dança. 
Ser tão grande e forte como Isadora que se arriscou tanto. 
Dançar o que me move.
Tempo.

...


Não apenas fim
Mas o começo
De novas percepções 
Reafir-mar o desejo 
E a escolha na dança
Na arte, na v-ida 
Perceber vários tempos
O tempo no tempo
O tempo re-colhimento
O tempo colheita
O tempo observ-ação
O tempo rápido, o mais rápido que eu posso fazer
O tempo lento, o mais lento que eu posso fazer
O tempo solitário
O tempo compartilhado
O tempo reflexão
O tempo renascimento
O tempo des-construção
Os vários tempos em mim
E os vários tempos que existe.
E por fim não de conclusão, porque aqui estou de passagem e prefiro pontos e vírgulas que dão possibilidades de respiros, reflexões... tempo de:
   olhar o mesmo olho
      com outros olhos
   em outro olhar
                    o mesmo olho
   nos mesmos olhos
                    o olhar do outro
      de olho
Alice Ruiz

sexta-feira, 1 de junho de 2012


E que é pra lembrar que felicidade se encontra é em horinhas de descuido, na imaginação, nos despropósitos, no transitório, na dança, na arte, na poesia.
Eu vou me descuidar com mais frequência seu Rosa.