quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

dessa vez o veiculo de deslocamento é um micro-ônibus.

destino: volta para minha casa.

um senhor de uns 70 anos a 80 anos canta alto sem parar. eu não consigo entender nada do que ele canta sem parar. um outro homem tomado de fúria contida pelo natal bate com a sua mão no banco ao lado do senhor que canta sem parar. perguntando em voz alto se ele sabe onde vai descer. mais uma vez o senhor diz algo que não consigo identificar.
os dois levantam e começa uma discussão. o velho pergunta para o homem se ele estar nervosinho. logo ele responde que não, pois hoje é natal e não quer se meter confusão.
três minutos de bate boca com alguns palavrões do velho, o homem desce do micro-ônibus.
o senhor continua cantando, agora alguns passageiros que estavam imóveis com a cantoria do velho começam a se manifestar com fúria.

o ônibus segue viagem, eu desço no meu destino e lembro de ter visto esse senhor sentado num meio fio a pouco tempo, de olhos fechados e com os braços erguidos ao céu.  
mais uma viagem
e a escrita balança conforme o movimento do ônibus.

destino: casa da mãe em tempo de natal.

um moço entra no ônibus com uma pequena caixinha de som nas mãos, vendendo DVD’s de louvores ao senhor.
ele passa no corredor anunciando o produto, a música toma o espaço que antes era somente do próprio ônibus.
na minha cabeça
a sua voz (do moço) se transforma na mistura entre ele e ônibus.
alguns dormem, outros conversam,
um outro ler um jornal que contêm inúmeras mulheres seminuas

com roupas de mamãe noel. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

C: [...]?
   Você tá aí?
   Ahhh.

M: Tô. Acabei de chegar da minha última apresentação do    
   ano.
   Tô morta...

C: Imagino!!
   Vai descansar!
   Descansar seu corpo!!

M: Vou sim, é o que farei até janeiro.

C: [...]
   Isso!!
   Faça mesmo!
   Não quero te prender!
   Bom descanso, [...]!

M: Como assim não quer me prender?
   Desculpa, não entendi.
   Tô evitando entender do meu jeito às coisas.

C: Te prender aqui [...].
   Olha o cansaço;
   Te prender na conversa.
   Se não ficaria papeando contigo por horas!
   Deu pra entender?

M: Deu pra entender.
   Tô ouvindo Caetano e escrevendo uns textos pra amanhã.
   O cansaço agora tá sereno e falar contigo fico mais
   serena ainda.

C: Eu to feliz.
   Bem feliz!
   E vou-me embora
   Dormir com minha felicidade.
   [...]
   Um beijo, [...]!

M: Beijo grande...










sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

ela não sei quando e por onde me deixa perigosa, me deixa atenta ao seu movimento. ela como uma dança, me roubou o pensamento. eu não sei por onde, quando, tempo, amor... me vejo toda perigosa. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

“Liberdade significa não estar preso a nada. Somente quando você não está preso a nada é que pode sustentar o êxtase cósmico, o contentamento perene que não se abala com nada.”
Foi dito: “Não julgueis, e não sereis julgados”. Foi dito: “Não julgueis, e não sereis julgados” pra justificar a falta de memória. Em outras palavras se matamos com uma espingarda o ser amado de alguém, a única maneira de não julgarmos o assassino é esquecer que ele existe. Esquecer pra sempre que existem as espingardas, os assassinos, as pessoas amadas. Não fazer de conta que esquecemos, mas sim esquecer de verdade. Criar em seu cérebro uma amnesia clínica.
“Não julgueis, e não sereis julgados”. Em outras palavras esqueçam seu julgamento. (...)
Porque não julgar em alguma língua antiga significa justamente esquecer, mas em qual língua eu não me lembro.

E não julgar também significa não olhar, mas em qual tradução, e em qual língua eu também não me lembro. (...)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ela deita e rapidamente entra numa sonolência. seu corpo de cansaço se entrega aos sonhos. ela desperta e vai ao seu quarto que está diferente, sua porta não fica mais na direita, e sim na sua frente, o que seria a porta de outro homem. ao entrar pela porta ver um homem nu passando roupa em pé em sua perna. estranha ver um homem nu em seu quarto, mas percebe que seu quarto é a mistura de dois quartos, o seu e do homem nu. ao virar para direita seu quarto é mais presente e cheio de olhos na parede. ao toca em algo que poderia ser um interruptor, leva um grande choque elétrico. o homem nu não intervem por um longo tempo. depois de um longo período, ela é desperta pelo choque e acorda.