domingo, 31 de agosto de 2014

cura-me


uma noite qualquer e toda a sua impermanência dos encontros. um paradoxo de se permitir e esquecer. perdoar. um olhar sem medo o que o corpo tem a dizer. o poder do corpo. uma noite vermelha. intensa. uma cozinha desenhada com muitas flores bocetas.
mil mulheres podemos ser na fila do supermercado, na pia da cozinha. na minha cama que meu sexo me conecta com a vida. em qualquer lugar.
instinto.
corpo fera desatando nós. desatando o medo querendo ser coragem. coragem amor pra combater a covardia a cada instante do viver, do desejar algo que é além do que posso imaginar.
perceber no distrair e não no fugir que a intensidade nos aproximou, e também, nos afastou. me corrói a ausência, o não dito, o incompreendido, a fuga que não foi só minha. me dói no peito e me fortalece. me faz romper as jaulas que não são só minhas. transformando o não , desatando o não.
movendo os moveis do lugar, removendo minhas memórias das paredes.
relembrando que num primeiro encontro parangolé a pureza foi um mito. o que existe,  tem e é, é a imperfeição e um aceitar o outro em todas as suas potencialidades. ter concessões pelo amor, ter coragem pra combater a apatia, o peso e a defesa que ainda pode existir.
que a alegria também se constrói. ela existe em mim também.
tudo é construção.
é um invento que posso intuir.
é contradição. é momento. é nada.
te vejo no meu presente, no meu futuro, no meu passado. no meu destino.
isso parece que existe. é um perfume em mim.
é um palco vazio trazendo a nostalgia do encontro impermanente.
é a fragilidade do amontoado de palavras que me levam a nada, ou sim, me levam ao meu encontro.
do descobrir solitude.
janelas com luzes  que me causam uma grande saudade nostálgica da sua presença passional. fugitiva. la fugitiva. aventureira.
pela infâmia do destino pode ser que seja só melancolia. outro ensaio melancólico de mais uma perda.
escrevo pra entender e pra esquecer. perdoar, assim com toda prolixidade e repetição das palavras. e quando não lembrar com tanta precisão, voltar aqui. não sei. não sei.
porque é natural que seja assim você aí. e eu exatamente aqui. e isso é lindo. vai durar.
estou te amando no gerúndio
é serio
é possível o passageiro
me lasquei
não sustento nada
não me cobre
não me infâmia
não me castigue
.
.
.
dar vontade de ser outra pessoa
diferente inconstância
bandoleira
o si mesma fiel a mim
a ti
.
.
.

e que seja mágico. 

sábado, 30 de agosto de 2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

tenho um sonho em minhas mãos.


acordei com a cara inchada de lágrimas e com vergonha filha do ódio. eu sabia que iria acordar assim pela manhã. mas foi preciso expurgar aquela dor que não era ódio. eu não sou ódio. eu sou amor e a cada dia afirmo isso em mim. afirmo o  amor pra me entregar sem medos. e se não foi possível essa abertura com você eu resisto a seguir. a recomeçar. a não ter tantos segredos.
e que só nos encontros eu aprendo. e com sua visita aprendi muito. mas não tem desespero não. mas não tem revolta não. eu só quero que você se encontre. saudade até que é bom é melhor que caminhar vazio. a esperança é um dom que eu tenho em mim, eu tenho sim. não tem desespero não. você me ensinou milhões de coisas. tenho um sonho em minhas mãos. amanhã será um novo dia. certamente eu vou ser mais feliz. certamente caetano não vai se incomodar de tal plágio. 
desculpa. 

o intratável

AFIRMAÇÃO. contra tudo e todos, o sujeito afirma o amor como valor.

[...]

4. há duas afirmações do amor. inicialmente, quando o amante encontra o outro, há afirmação imediata (psicologicamente: deslumbramento, entusiasmo, exaltação, pouca projeção de um futuro pleno: sou devorado pelo desejo, pelo impulso de ser feliz): digo sim a tudo (cegando-me). em seguida vem um longo túnel: meu primeiro sim é corroído por dúvidas, o valor amoroso é incessantemente ameaçado e depreciação: é o momento da paixão triste, do surgimento do ressentimento e da oblação. desse túnel, entretanto, posso sair; posso "superar"sem liquidar; o que afirmei uma primeira vez, posso novamente afirmar, sem repetir, pois, agora, o que afirmo é a afirmação, não sua contingência: afirmo o primeiro encontro na sua diferença, quero seu retorno, não sua repetição. digo ao outro (antigo ou novo): RECOMECEMOS.

barthes, roland. fragmentos de um discurso amoroso. pág. 18.

domingo, 24 de agosto de 2014

deslocamento atômico

meu corpo tornou-se água na terra. 
eu lembro de tempo que minha mãe falava que as colheres lá de casa sumiam, diminuíam sua quantidade de tempos em tempos. ela me acusava, acusava os meus irmãos. eu acusava os meus irmãos, que eram lerdinhos. como se eu também não fosse da mesma carne.
mas de outros tempos comecei a achar  um mistérios mágico tal sumiço descomunal. me perguntava em que pés as colheres gostavam de percorrer o mundo lá fora.
hoje morando não mais com minha mãe sinto a mesma sensação de sumiço. não me desconfio mais do sumiço. acho graça essa perda e me sinto uma colher sumiça que vai se deixando perder-se pela vida. 
querida,
guerreira de olhos desejosos de sonhos realizáveis
te desejo suspiros de amor
ventos de sutilizas
garrafas de vinhos pra saborear a vida com seus amores
te desejo a cada instante uma dança
a parte que ativa a vida
que te abastece de amor
te desejo generosidade
te desejo observâncias pra perceber onde nasce e mora o amor.

todo domingo me entrego



...me entrego, ofereço, reverencio a tua beleza
física também, mas não só,
não só
[...]
e se abraçar com força descomunal
até que os braços queiram arrebentar
toda a defesa que hoje possa existir
e por acaso queira nos afastar
esse momento tão pequeno e gentil
e a beleza que ele pode abrigar
querida, nunca mais se deixe esquecer
aonde nasce e mora todo o amor...

ainda pulsa



olho para trás e a dor é menor. talvez o pequeno nem seja a questão. talvez o meu aquário se expandiu pra além de mim. de mim narciso. e aí a visão e mergulho tornar-se mais profunda. é assim que me é no momento. e aí começo a ver o que de infinito existe e posso serestar. 
olho porque o sofrimento existe e não preciso mais esconder as marcas do meu corpo. sou essa marca de tempo e experiência, um abraço de amor apesar das perdas.
o sofrimento esse eterno sentimento vicioso ganhando outras formas em meu ser não é mais o mesmo.
o menino sofrimento vem dançando leve. leve. leve. acorda de manhã com um olhar calmo que tateia a janela, bisbilhotei as folhas laranjas. respira o vento norte. acorda em brasília querendo o mundo cósmico.  
minha cabeça trovoa com olhar de movimento e falo mansinho pro menino sofrimento: calma, calma, calma. segue em frente que o amor não morre assim de perdas. na verdade ele só aumenta ainda mais em meu peito. ainda pulsa, graças as nuvens que amo com o mesmo efeito de entrega. 
eu não desisto
eu resisto
eu me refaço
me desfaço
me refaço
me movimento
me invento no presente
me giro
me deixo ir
me morro
me abismo
me nasço na manhã seguinte
me choro pra curar as dores nos músculos 
me grito
me silêncio
me deixo amor serestar.
eu resisto porque o amor é um tambor que dança em meu peito
eu resisto porque o sofrimento não me parece mais um sofrimento sem fim.
ele é um bom movimento a sacudir as defesas que ainda possa existir.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

choro de saudade


e não é o fim
porque meu choro dilata o corpo
e não é o fim
porque hoje é quarta feira e comemoro o amor
porque não é o fim do amor que existe em mim.

o que tenho do amor no mais palpável dos meu sonhos
é a saudade.

choro e comemoro a saudade que é grande
que me faz movimentar
resistir
crescer
morrer
renascer
pra morrer
pra um novo amor. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

"a despeito dos nossos fantásticos instrumentos de medida e observação, jamais poderemos medir tudo o que existe: sempre haverá aspectos do mundo natural fora do alcance de nossos instrumentos. portanto, nossa visão da realidade será sempre incompleta. somos como um peixe que vive aprisionado num aquário; mesmo que o nosso "aquário" cresça sempre (pois é isso o que ocorre com o corpo do conhecimento humano), tal como o peixe, nunca poderemos sair dele e explorar a totalidade do que existe. haverá sempre um "lado de fora", além do que podemos explorar."

gleiser, criação imperfeita, pág. 52.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014


"Certas tristezas doem mais porque vêm com uma delicadeza infinita. É como se, no lugar do grito, apenas o seu peito espremido, mas mudo. O choro não é contido, mas a voz embargada. A lágrima fica presa na sua expressão e os olhos lânguidos, meio adoecidos, uma beleza de fragilidade na feição.

Certas tristezas são muito discretas. Seus hematomas são familiares, suas fraturas não são expostas. E, de tão explícitas, pouco se mostram. Você fica melancólica, distante, quase indiferente ao resto de tudo. Você sabe que vai passar, mas naquele momento não acredita: de tão inapetente, apenas contempla sem saborear a escuridão cobrindo o mundo. É dor que dói em silêncio sem o alvoroço da aflição: espécie de tristeza concisa.
É tristeza que dá sono, o cansaço prematuramente perdoado. A vontade de se recolher e se acolher por ter algo que nem ao menos possa ser compartilhado.
Certas tristezas vêm como a fotografia de uma árvore frondosa e solitária...
Numa paisagem bonita.
Certas tristezas grudam em nós à espera de uma boa notícia."

tão assertivo, bateu no coração.

"saudade palavra surda que arde aqui."

terça-feira, 12 de agosto de 2014

nas 700 é possível ver esquinas.


aquele mesmo desespero
não o mesmo, mas ainda
que te acorda pela manhã.
é o balançar das folhas laranjas
o coração que batuca, que nunca adormece
nas intempéries de la vida.
ainda pulsa, pulsa como um abacate
que caia do alto das tuas nuvens
na-fé do mato do querer
acorda que a vida é cheia de sinais
querendo que te comer
te afogar.  

vrárrr... é só rebolar. 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

almoço do meio dia

quando o silêncio chega
meu corpo parece água.

"A entrega é possível somente se existe confiança; e a confiança é um florescimento. Você pode ficar encolhido na beira do abismo do amor por meses, anos, ou muitas vidas, com medo de pular. Você pode estar ouvindo o chamado do amor pedindo para você pular, mas quando estará pronto para isso não é possível determinar.”

sim prem baba

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

ridente



desenho do rei roberto dagô

que toda defesa que possa existir
se dissipe numa contradança
e que quase sem sentido
a defesa que um dia existiu
se dissipe numa memória leve
pra dançar toda dor que um dia existiu
e que num lampejo de luz
um súbito momento presente
eu possa festejar as partidas
eu possa festejar as chegadas
com calmaria
com calmaria
com calmaria.
isso de catar lixo
na boca do luxo
ainda vai me levar além.

aprendendo nas canções aquilo que sozinha não consigo dizer com a palavras

sábado, 2 de agosto de 2014

se eu pudesse trincar a terra toda

Se eu pudesse trincar a terra toda 
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXI"

Heterónimo de Fernando Pessoa

http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/renato-motha-e-patricia-lobato/assim-seja/2678326

sexta-feira, 1 de agosto de 2014