quarta-feira, 31 de outubro de 2012

mania  qu’eu tenho
que escorre pela sonbracelha
toca a boca seca
se estende aos olhos
ao corpo inteiro
das pontas dos pés ao céu-além
mania  qu’eu tenho
de amor, de abraço
mania  qu’eu tenho
de fugir e nunca mais voltar
mania  qu’eu tenho
de ficar triste
mania  qu’eu tenho
de ser repetitiva e monótona
mania  qu’eu tenho
de escrever em pausas
falar em pausas, pensar em pausas
amar em pausas
amar nos silêncios
mania  qu’eu tenho
de colecionar silêncios na irritabilidade dos músculos
mania  qu’eu tenho
de contração muscular e tônus exagerado
mania  qu’eu tenho
e não quero deixar de amar
mania  qu’eu tenho
mas hoje não vou replicar
mania  qu’eu tenho
de crises que se conectam as outras crises
um acumulado de sensações uma atrás da outra
uma atrás da outra, dos lados
em múltiplas dimensões
mania  qu’eu tenho
que eu disse que eu tinha
e que agora não sei se eu tenho
ou disse apenas para sanar uma lacuna
existente no ponto nevrálgico do não sei o que
que estou sentindo nesse instante que a lua
se encontra vermelha e escondida por entre nuvens
mania  qu’eu tenho
de sentir saudade, de acumular saudade
de esquecer que eu tenho saudade
até das mais tenras memórias perdidas
nos confins dos meu inconsciente
mania  qu’eu tenho
mania  qu’eu tenho
mania  qu’eu tenho
que não me deixa parar
e mesmo se eu quisesse agora
eu não poderia, eu ainda não sei de nada
mania  qu’eu tenho
e que se alastra pela fáscia
mania  qu’eu tenho
e eu sou assim, assim, assim
corpos que vou deixando pelos caminhos
pele morta, sangue...
como se eu fosse soltando excrementos a fora
como se eu fosse me acabando
e me salvando ao mesmo tempo
mania  qu’eu tenho
do tempo
agora do processo
dos meus processos
e como são inúmeros
mania  qu’eu tenho
e volto sempre para o mesmo lugar
mania  qu’eu tenho
do espaço
parece que o ponto nevrálgico seja o tempo-espaço.

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