quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

minha poesia é primeira linha 
minha poesia não é de segunda mão 
minha poesia às vezes é de terceira categoria 
minha poesia vai começar. pode soltar os cintos
minha poesia. com a palavra, o poeta 
minha poesia é de tirar o fôlego. é só parar de respirar
minha poesia a partir de agora vai fazer uso da palavra 
minha poesia - você ainda não leu nada 
minha poesia já foi vendida como cachaça pra doido 
minha poesia é pra você jogar no chão, mas ainda não 
minha poesia é pra você falar mal, mas só no final 
minha poesia nunca mais tomou veneno para matar rato 
minha poesia pode ser arnaldo, pode ser antunes, 
pode ser geraldo, pode ser fagundes 
minha poesia sente que tem alguém neste momento 
atrás do poema com ujma faca
minha poesia come as cascas das feridas dos prisioneiros 
no campo de concentração 
minha poesia morde o poema até sair outro poema 
minha poesia não é a grande poesia de manuel bandeira 
mas é a certeza de que estou vivo 
minha poesia sente tremeliques toda vez que ouve leninha e 
as ministéricas 
minha poesia vem do passado e por lá mesmo fica 
minha poesia são meus olhos - molhe-os 
minha poesia - cada dia uma linha e uma pequena dor 
minha poesia e o poeta entram de mãos dadas no cemitério 
para ler lápides e chorar um pouco - saudades dos seus 

( ... ) 

e mais 54 páginas no mesmo estilo, sempre começando com minha poesia.
Na verdade isto não é um livro, nem um poema, é um equívoco. ( o autor )

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