quarta-feira, 2 de março de 2011

Um vento soprou trazendo um frio cortante, memórias gastas, saudade não vivida. Meu coração é um terreno baldio, “barco embriagado ao mar”, folha seca, estilhaços de mim. Cerquei tudo o que era afeto, amor. Sou feita de cansaço. Minhas frases são curtas, puídas, cheias de vírgulas, de pontos finais. A casa que um dia eu morei se perdeu com o tempo.  Não restou um fio verde, uma carta, um beijo não roubado. Olho atrás da porta, e sinto saudade do que não fui de sonhos envelhecidos na pele, dos cortes de cabelo que não fiz, dos amores que nunca tive. Foram-se todos, inclusive, eu. Perdi-me. Desconfio que eu nunca more em casa alguma. A casa que um dia eu pertenci, não era minha. Hoje fujo pra encontrar uma casa que tenha minha pele cravada na parede, meus discos velhos na gaveta, a voz da Adriana Calcanhotto nos corredores. Meu jardim secreto. 

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