segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Apropriações


Aí que andam falando que tenho andado quieto - mais do que normalmente já sou. O que não é uma grande mentira, visto que de fato não tenho tido muita vontade de contar histórias, causos ou besteiras, mas que também não é uma verdade completa, visto que minha quietude nunca foi desinteressada, depressiva ou blasé. Os que me conhecem sabem que minha quietude presta atenção, ouve, ri, percebe, responde, procura entender. Minha quietude é curiosa, interessada, atenta. Minha quietude até fala de vez em quando (!) 

Tem gente que não gosta, que fica aflita quando emito poucas palavras; tem gente que se solta mais, se abre; tem gente que não entende que preciso de tempo pra criar intimidade; tem gente que acha que estou com algum problema; tem gente que relaxa; tem gente que acha que é tristeza; tem gente que acha que é só mistério; tem gente que acha que não me entroso; tem gente que não acha nada.
O que acontece é que tenho sentido uma certa necessidade de ficar calado. Como se qualquer palavra fosse pouco pra descrever aquilo tudo que passa por aqui; como se cada verso que deixo de dizer e passo a ouvir fosse essencial para aprender mais sobre a vida e suficiente para entender um pouco mais sobre os outros e sobre mim mesmo.
E é aí que te pergunto: o que fazer se essa vida me deixa assim?


O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu
nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se
sente bem onde está, que tem saudade…
sei lá de quê.

eu digo agora: tu me entendes?

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