quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Carta 4

24 de agosto de 2010

Meu caro,

Senti uma saudade imensa de você. Peço desculpas por ter sumido e nunca mais ter aparecido. Sou uma idiota, eu sei. Você ainda me ama?

Esta noite sonhei com você, mais precisamente com suas lindas mãos. Aconteceu algo de diferente com elas? Lembro muito bem como suas mãos são precisas, desde um coçar de cabelos a uma música dedilhada no violão. E como vai o velho Chico de duas cordas? Concertou ele? Se não, você é um cretino como eu, que deixa as coisas passar.

Tenho pensado muito em te ver. Talvez na próxima estação que se aproxima, mas não vou prometer nada. Não quero criar mais uma expectativa em nossas vidas. Tantas expectativas não fazem bem...

E agora, meu caro?... Preciso de você como necessito de um copo d’água. Te amo como um copo cheio de água transparente... À distância ás vezes faz bem, mas em excesso me tira do serio. Desculpa minha fala esquizofrênica e desajeitada, é que não sei ser tão precisa com as palavras.

Eu sei que quando você sente muita saudade de mim pega o primeiro avião pra me ver, mas eu sou preguiçosa e irresponsável de mais pra assumir certos sentimentos. Sou dura como uma pedra, e não me orgulho disso.

Você me ama ainda? Um pouco que seja... eu te amo até os cotovelos secos, a calça rasgada, o dedo encravado, o cabelo desgrenhado, o calor das suas mãos... amo até o velho Chico desafinado.

Comprei uma sanfona como tinha prometido. Ela é linda, parece ser uma extensão sua. Juro. É, sua cara. Não é nova, mas tem seu charme. E foi isso que me atraiu em vocês, o charme e o mistério. Não sei explicar isso, apenas sinto. Passo tanto tempo com ela que estou com medo de não te dar ela. Vai ficar com raiva de mim se isso acontecer? Ela me lembra tanto você.

Meu caro, é isso. Sou uma cretina por demorar dar-te noticias. Sou feliz por te ter. Sou uma mulher que deseja sua felicidade acima de tudo, então, não vou ficar brava se você tiver com outras Maria’s. Mas não se apaixone por elas. Brincadeira. Não me esqueça pela distância que nos separa. Distância que sou eu. Não sei por que você me ama. Isso é bobagem. Espero que esteja tudo bem com você e com Chico. Não falei nada de mim desta vez, porque não quero te irritar com minhas maluquices. Estou bem, é tudo. Meu caro, estarei ai perto de você em breve sem prometer nada, espero que entenda a minha inquietude. Não consigo pertencer por muito tempo a um mesmo lugar... É, isso. Quando ler essa carta sinta como seu eu tivesse do seu lado te tocando.

Beijos, abraços, toques, cheiros, gostos...

DieuLeVeut

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