quarta-feira, 12 de maio de 2010

Enquanto

Eu gosto de vir aqui. Gosto de observar as coisas, as pessoas, o vento... o tempo. Às vezes venho aqui justamente pra passar o tempo, mas o tempo nunca passa da mesma forma.
O que mais gosto de observar é o amor. Eu amo ver o amor nascer... você já viu? Espero que tenha visto. Se viu, você me entende. É tão inesperado, eu já vi o amor nascer nos lugares mais inusitados. Depois de um tempo, percebi que estes são justamente os lugares mais propícios. Os lugares inesperados, freqüentados por pessoas distraídas... daquelas que acham sem procurar...
Eu já vi o amor nascer em toques primeiramente acidentais de um vagão lotado, em itinerários que se coincidem há anos, em lugares vazios pela primeira vez ocupados lado a lado... eu já vi o amor nascer entre conversas sobre o tempo – “Você acha que vai chover?” – Puff! E nasce outro amor...
Ele vem assim mesmo, como uma pequena nascente, borbulhando os primeiros sinais de água de forma quase imperceptível, vai molhando, encharcando a terra ao redor e, depois de um tempo, lá está um rio feroz a cortar a terra, cruzando pedras, buracos, contornando montanhas, correndo preciso em direção ao mar, ao pleno mar, ao infinito mar...
Eu, raras vezes molhei os pés neste rio, tenho medo do mar...

Roberto Cardoso

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